O QUE DÁ PRA RIR, DÁ PRA CHORAR. E VICE-VERSA
Por Cesar Oliveira
Em 11/04/2010, às 23:18:15
Cricrizada Amiga: Você está com uma pulga atrás da orelha? Eu estou e explico. Outro dia, conversando com o Dr. Betofoguense sobre o nosso time, lembrei a ele que, ano passado, quando o Cuca deixou de jogar pra vencer um, pelo menos um, dos três jogos nos quais poderíamos ser campeões cariocas, resolvi dar uma de sabichão e vaticinei se o técnico fosse o Joel Santana, não teríamos perdido o título. — O Joel jamais botaria o Botafogo na defesa num jogo em que, se vencesse, seria campeão. Ledo engano, bobinho. Joel mudou e a gente que se prepare para três jogos emocionantes. Porque ele prefere Túlio Souza e Eduardo; e pretere Marcelo Cordeiro, Caio e Edno. Vai botar o Botafogo pra jogar com três zagueiros e cinco cabeças-de-bagre, digo, de área. Vai jogar na defensiva e contra-atacar. O que mudou? Mudamos nós ou mudou o Joel? Neste domingo, no Enquanto a bola não rola, da rádio Globo, os comentaristas Gérson, Luiz Mendes e Eraldo Leite, só para falar aqui dos cariocas, dois botafoguenses e um “meio botafoguense, de coração” — como ele mesmo se declara — apostavam que Joel mudou, porque hoje só pensa nele. Pode ser verdade. Natalino, que é a pessoa simples que o Brasil sacaneou quando ele desfilou seu inglês debuqueizondetêbou na África do Sul, estaria mais preocupado com os próprios louros e títulos, arriscando pouco e esperando que a sorte não o abandone, que o Caio vá lá e o salve. A melhor defesa é o ataque Estamos calejados, não queremos isso — eu, pelo menos, não quero. Há tempo de defender e tempo de atacar. Nos Estados Unidos, a torcida tem a filosofia de D-Fence, chegam a levar cartazes desenhados com um “D” maiúsculo e uma cerca (“fence”, in English...). Mas Joel corre um risco enorme com esse comportamento covarde e “selfish” (egoísta...). Ele corre o risco de repetir Cuca. E nós, o de sermos vice, novamente, com todos os prejuízos emocionais e financeiros que isso representaria. Só que, desta vez, temos um trio atacante à disposição que, bem ensaiado, pode nos trazer grandes alegrias. Herrera e Loco Abreu caíram como uma luva no Botafogo, e nas graças da torcida. Ambos são empenhados, se esforçam para jogar no limite o tempo todo. Herrera é um guerreiro, Abreu é um líder natural e de trato simples. Muitos de nós já o vimos distribuindo instruções, chamando o grupo para comemorar os gols, todos juntos. Só o Caio destoa no trio, porque é individualista demais. Está certo que o garoto tem uma sorte inacreditável. Quase sempre entra e marca gols importantes. Mas nem sempre isso vai dar certo. Se jogasse mais com (e para) o Casal Mercosul, se daria muito melhor, à vista de todos — torcida, comentaristas e, claro, empresários que o querem levar para a Europa. Caio precisa aprender a jogar coletivamente, deve ser instado a jogar dessa forma. Isso vai lhe proporcionar também sucesso individual. Ser o craque que, além de tudo, joga para o grupo. Num time de onze, querer brilhar sozinho é criancice. O paraíso é logo ali Enfim, temos um jogo, um único jogo, noventa minutos para o título e a glória. Seria sensacional, uma coincidência sensacional e que me reporta ao livro 21 depois de 21, que Rafael Casé e Paulo Marcelo Sampaio vão lançar no dia 21 de junho de 2010. No dia 9 de junho de 1968, goleando o Vasco da Gama por 4x0, na final do Campeonato Carioca (gols de Roberto Miranda, Rogério, Jairzinho e Gérson), o Botafogo fechou a quarta vitória das finais que lhe deram o bicampeonato 1967–1968. Depois, ficou 21 anos sem ganhar. Veio 1989, e a vitória contra o Flamengo, acabando com a amargura de duas décadas sendo motivo de chacota. O atual campeonato, de 2010, soma mais 21 anos a essa coincidência tão ao nosso gosto dos botafoguenses. 1968 + 21 = 1989 + 21 = 2010 Isso sem falar no vídeo, que rolou há alguns meses, de um filme dos Trapalhões, dirigido em 1989 pelo cineasta José Alvarenga, em que ele faz uma profecia sobre o título do Botafogo como campeão carioca de 2010 (veja em http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1217378-7824-JOSE+ALVARENGA+DIRETOR+DE+TELEVISAO+COLOCA+O+BOTAFOGO+EM+SEUS+ROTEIROS+DE+TRABALHO,00.html). Mas o Botafogo precisa se ajudar Joel Santana não pode ser covarde. Tem que jogar de igual para igual contra o Flamengo. Defender com empenho e atacar com coragem. Deixar de fora do elenco – e do jogo final – os jogadores que não servem ao Botafogo: Eduardo, Túlio Souza, esses caras já provaram a todos que não servem para o Botafogo. Cabe a nós, torcedores, falarmos isso pela imprensa, pela internet, escrever em sites, blogs e twitters botafoguenses que nós queremos Caio, Herrera e Loco Abreu na frente. E que não queremos, nem confiamos, em Eduardo e Túlio Souza. Estamos, repito, a um único e escasso jogo de nos tornarmos os campeões cariocas de 2010. Esse título será nosso à medida em que nos aplicarmos em dizer ao Botafogo, sua diretoria e comissão técnica, que queremos que, domingo, o Botafogo seja o Botafogo que nos tornou seguidores da Estrela Solitária. O Botafogo precisa jogar com coragem Como o Botafogo de Manga, Cao, Ricardo Cruz, Vágner, Cacá, Paulo Roberto, Mauro, Wilson Goiano, Paulistinha, Moreira, Josimar, Jadir, Osmar, Gonçalves, Wilson Gottardo, Mauro Galvão, Zé Maria, André Silva, Moisés, Renato, Zé Carlos, Nilton Santos, Sebastião Leônidas, Rildo, Valtencir, Marinho Chagas, Marquinhos, Nei Conceição, Djair, Gustavo, Donizete, Carlos Alberto Santos, Luisinho, Vitor, Jamir, Ayrton Povil, Carlos Roberto, Beto, Sérgio Manoel, Edson Praça Mauá, Gérson, Didi, Garrincha, Rogério, Zequinha, Maurício, China, Carlos Alberto Dias, Ademir, Marco Aurélio, Jairzinho, Paulinho Criciúma, Fischer, Ferretti, Quarentinha, Roberto Miranda, Valdeir, Amarildo, Paulo Cesar Caju, Túlio Maravilha, Mazolinha, Zagalo... campeões que escreveram seus nomes para sempre em nossos corações e mentes. Como o Botafogo que fez o time da beira da Lagoa sentar em campo, nocauteado, cansado de tomar gols. Como o Botafogo de 1997 que, com um time de reservas, ganhou do Flamengo de Sávio e Romário. Como o Botafogo de 1989 que superou uma adversário cheio de jogadores da Seleção e venceu 21 anos de amarguras. A hora é essa! Esse campeonato não pode passar de domingo! É hora de nos mobilizarmos pra valer, comprar ingressos a partir do momento em que abrirem-se as bilheterias e encher o Maracanã para apoiar o time. Saudações Botafoguenses, Cesar Oliveira PS.: Estou disponibilizando para quem desejar um PDF com uma degustação de algumas páginas do livro 21 depois de 21, cujos originais recebi do Rafael Casé e do Paulo Marcelo Sampaio no final de semana. O arquivo contém a capa, o sumário, o prefácio (do Paulinho Criciúma) e um texto imperdível do João Moreira Salles sobre a noite mágica de 21 de junho de 1989. |