ENCICLOPEDIA vs MEIÃO: QUEM É O MAIOR LATERAL-ESQUERDO DO BRASIL?
Por Cesar Oliveira
Em 13/09/2010, às 14:28:32
Roberto Carlos é melhor que Nilton Santos, dizem Muricy Ramalho e revista ESPN
Cricrizada Amiga: Na manhã de hoje, ainda em estado de êxtase pela bela exibição, vitória e olé nos bambis paulistanos, recebo telefonema do jornalista botafoguense Maurício Stycer, exilado em São Paulo, que me dá conta da matéria de capa da revista ESPN. Heresia das heresias, os caras conseguiram produzir uma matéria na qual elegem Roberto "Meião" Carlos, do Corinthians, como "o maior lateral-esquerdo da história do País... Por conta disso, o Maurício me pediu os contatos do Roberto Porto, para ouvi-lo. Como hoje de manhã o Porto estava gravando seu "Clássicos do Roberto Porto" para o programa "Loucos por Futebol", acabei conseguindo falar com o Porto antes que o Maurício o fizesse. — Que loucura!... — foi a resposta do grande jornalista botafoguense à maluquice da versão revista da revista ESPN. Antes de continuar seus comentários sobre a matéria e as motivações sobre ela, o Porto me disse que, hoje, gravou para a ESPN uma matéria comemorativa do centenário do título do Botafogo em 1910. A conferir em quinze dias. Enquanto isso, vamos ver o que postou Maurício Stycer, a respeito da besteira paulistana, em seu blog http://mauriciostycer.blog.uol.com.br. Confiram abaixo: Apresentado como “o maior lateral da história do Brasil” pela revista “ESPN”, Roberto Carlos encontra no principal técnico hoje em atividade no país, Muricy Ramalho, o seu maior entusiasta: “Foi o melhor que eu vi na posição. Os caras falam do Nilton Santos, mas não tem comparação. Os caras são muito saudosistas”. No interior da revista, o título dado ao jogador do Corinthians é um pouco menos grandiloqüente. Ele é apresentado “apenas” como “maior lateral-esquerdo da história do futebol”. O próprio Roberto Carlos, num raro momento de modéstia, reconhece que há outros jogadores na sua frente: “Acho Nilton Santos, Junior, Branco, e depois apareço eu”. Na visão da revista, pesam a favor de Roberto Carlos a longevidade na seleção (125 e 11 gols), o sucesso internacional (13 títulos apenas pelo Real Madrid, incluindo dois mundiais e três europeus) e o talento tanto na defesa quanto no ataque. “No auge da carreira, ele era defensivamente perfeito”, diz Caio Maia, diretor de Redação da “ESPN”. Na longa reportagem com o craque, não se mencionam dois de seus fracassos – as Copas de 1998 e 2006. “O fato de Roberto Carlos ter arrumado a meia naquele lance... Há um consenso que não podia ser um jogador baixo como ele a marcar o Henry”, defende Maia. A eleição de Roberto Carlos como “maior lateral” do futebol brasileiro é contestada por um especialista no assunto, o jornalista Paulo Guilherme, autor do livro “Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro” (Editora Contexto). Na sua seleção, que começa com Nilton Santos e termina com Roberto Carlos, há lugar ainda para Djalma Santos, Carlos Alberto Torres, Nelinho, Wladimir, Junior, Leandro, Branco, Leonardo e Cafu. “É difícil fazer qualquer tipo de comparação entre jogadores que atuaram em épocas tão diferentes do futebol. Uma lista cronológica com Nilton Santos, Junior, Branco e Roberto Carlos é um ótimo exemplo de como a posição de lateral-esquerdo evoluiu no futebol brasileiro e mundial”, observa Paulo Guilherme, que diz mais: Nilton Santos tinha como principal função marcar o ponta-direita adversário. Raramente passava do meio-de-campo, embora tenha sido um dos pioneiros nesta jogada ao fazer o gol contra a Áustria na Copa de 1958 desrespeitando as ordens do técnico Vicente Feola. Os times jogavam no esquema 4-2-4 com jogadores com territórios bem divididos em campo. Júnior e Branco já tinham mais liberdade para atacar, e atuavam no esquema 4-3-3 ou 4-4-2. Roberto Carlos, por sua vez, simboliza o lateral que é praticamente um atacante, com um preparo físico exemplar capaz de ir em poucos segundos da defesa ao ataque durante os 90 minutos da partida. É, assim como Cafu pela direita, o maior expoente da era dos ‘alas’, contando com um esquema tático no qual dois volantes e até um terceiro zagueiro estão sempre de prontidão para lhe dar cobertura. Além disso, tem maior poder de finalização. Na época de Nilton Santos o mercado para jogadores brasileiros na Europa era mais limitado. Já Roberto Carlos fez boa parte da sua carreira no futebol europeu. Disputou mais jogos, mas não teve nas suas atuações em Copas do Mundo o mesmo destaque e a mesma importância de Nilton Santos no bicampeonato de 1958 e 1962. Nilton tinha uma liderança e ascendência sobre o grupo e a comissão técnica. Roberto Carlos era importante, mas nunca foi "o" líder na seleção. Com tantos laterais fantásticos da história do futebol brasileiro, não vejo razão para dizer que este ou aquele foi o maior de todos. Diria que Roberto Carlos foi sem dúvida o maior dos últimos 25 anos. E que deveria ter sido titular na Copa de 2010, pois é o melhor lateral esquerdo em atividade do futebol brasileiro. Para o jornalista Roberto Porto, um dos principais historiadores do Botafogo, autor de vários livros sobre o clube, a escolha da revista é “um absurdo”. “É a escolha de um grupo de jornalistas jovens, que não viu nada de futebol, que não conhece e não estuda o passado do futebol brasileiro”. Caio Maia, da “ESPN”, defende-se. “Sabia que essa escolha ia causar uma polêmica. Mas não estamos dizendo que o Junior Cesar é o maior lateral de todos os tempos. É o Roberto Carlos”. Está aberto o debate. ------------------------ Para mim, não tem debate. A matéria da revista ESPN beira o ridículo, contraria um conceito internacional sobre o valor da grande "Enciclopédia do Futebol". Saudações Botafoguenses, Cesar Oliveira botafogo100@globo.com |