O ESTRANHO CASO DA ARQUIBANCADA AMARELA
Por Bernardo Santoro
Em 24/02/2010, às 19:02:42
O segundo fato mais marcante do jogo da final da Taça Guanabara (o primeiro, é claro, foi a nossa vitória), protagonizado por Botafogo X Vasco, foi a bizarra tentativa de divisão da arquibancada amarela destinada ao Botafogo para a torcida do Vasco, lá pelas 15:30 da tarde do domingo, ou aproximadamente uma hora e meia antes do jogo.
Quando li a notícia na comunidade do Botafogo no orkut, em tempo real, postei uma mensagem, incrédulo, dizendo ser impossível essa divisão, e que provavelmente era uma lorota. Posteriormente, contudo, imagens foram reveladas, a Rádio Tupi noticiou e, após a interferência até mesmo de ex-dirigentes do clube, como Carlos Augusto Montenegro e Ricardo Rotemberg, a arquibancada amarela foi liberada pela Polícia Militar. Esses foram os fatos. Mas, para esses fatos terem ocorrido, uma ordem foi emitida. Uma ordem de autoridade. Quem teria a autoridade e o interesse para dar tal ordem de isolar a arquibancada amarela do Botafogo e posteriormente entregá-la à torcida do Vasco? O Comandante do GEPE? Impossível, pois ele não tem poder para isso. O Comandante-geral da PM? Improvável, pois uma atitude política como essa foge da alçada da competência dele, especialmente em virtude do fato da amarela do Vasco e da arquiba branca não estarem nem perto, naquele momento, de sua lotação total. Por fim, a PM deve zelar pelo cumprimento da lei, e as leis consumeristas, além do Estatuto do Torcedor, vedam a entrega desse produto que estava previamente destinado à torcida do Botafogo (inclusive impresso em ingresso) para outrem. A resposta então só pode ser uma: o Governador do Estado (a autoridade máxima frente à PM). E por que ele faria isso? Recordemos... Lembrei-me de uma entrevista do Sr. Eduardo Paes, o atual nazi-prefeito do Rio de Janeiro, em que ele, ainda como Secretário de Esportes do Estado do Rio, ou seja, como administrador do Maracanã, e subordinado ao Governador, insinuou que, por conta da nossa pouca presença nas partidas contra o Flamengo, talvez intercedesse na divisão de ingressos, oferecendo nossa arquibancada amarela para a torcida do Flamengo. Ou seja, a vontade de nos humilhar sempre esteve lá, certamente por motivos eleitoreiros, afinal, agradar “a maior torcida MUDA do mundo” é garantia de votos. Lembrei-me, ainda, que o Vasco da Gama, hoje, está loteado pelo grande câncer da política nacional, o PMDB, onde o presidente do clube, Roberto Dinamite, é deputado estadual por esse partido, mesmo partido do Governador Sergio Cabral, vascaíno, e do Prefeito Eduardo Paes, também vascaíno, e da maioria dos diretores atuais do Vasco. Agradar a suposta segunda maior torcida do Estado, em detrimento do clube que efetivamente tomou do Vasco o posto de grande rival do Flamengo nos últimos anos, e que ainda é o clube de coração dessas autoridades, seria unir o útil ao agradável. Temos então uma série de motivos para acreditar que o Governador foi o emissor da ordem ilegal. Vejam que essa ordem ilegal, até o presente momento, passados 3 dias do jogo, não foi alvo de sindicância, o que também ratifica a minha hipótese. Toda essa situação, no fundo, revela o grande despreparo do governo carioca, fluminense e brasileiro para a realização de grandes eventos esportivos, sempre atrelados a escândalos de superfaturamento e desordem. Apenas para relembrar alguns descalabros do PAN 2007: o campo de Baseball não ficou pronto a tempo, o orçamento foi estourado em dez vezes e a linha quatro do metrô não saiu do papel. E é assim que vamos organizar as Olimpíadas e Copa do Mundo, que, destaco, nunca apoiei e me senti muito mal quando ganhamos o direito de sediá-las, pois sei tudo o que vem por trás dessas “vitórias”. E a coisa é de tal monta sem sentido que, ao invés de se proteger o lesado, no caso o Botafogo, já que milhares de botafoguenses não conseguiram comprar ingressos em virtude da compra de ingressos nossos por vascaínos, protege-se o agressor. Desrespeita-se o botafoguense, que é consumidor, contribuinte e cidadão, e fica tudo por isso mesmo. A lei é para os tolos e o “choque de ordem” é para acabar com o sustento de honestos miseráveis, pessoas de bem, que fazem o favor à sociedade de tentar sobreviver como camelôs ao invés de assaltar outras pessoas de bem como eu e você, caro leitor. E se não fosse o suficiente, com todo o respeito que tenho as eminentes figuras políticas do Botafogo que são os ex-diretores Carlos Augusto Montenegro e Ricardo Rotemberg, ambos têm amizades e/ou conexões com a corja do PMDB (um é, inclusive, subsecretário do nazi-prefeito) e, portanto, se ajudaram a solucionar o caso, não fizeram mais do que limpar a própria sujeira na qual chafurdam e que, dessa vez, respingou no Botafogo. Eu, que me considero legal demais para participar desse tipo de coisa, apenas me reservo o direito de desprezar a todos os que lesam a mim ou ao meu amado clube. |