PATINHAS, COLUNISTA POR UM DIA
Por Cesar Oliveira
Em 11/05/2011, às 13:12:49
CAMISA LISTRADA VISITOU O XADREZ! Cricrizada Amiga Hoje, o querido "Patinhas" (na foto abaixo, com Rui Moura e o colunista que vos fala) recorda um momento interessante de sua vida de Botafoguense nesse "Colunista por um dia".
por Hélio Andrade Borges, o "Patinhas", publicada originalmente no Mundo Botafogo, em 18 de outubro de 2010 Amigo Rui, lendo o seu texto [“Até quando?...” – publicado no portal Arena Alvinegra], me recordei desse fatídico dia em que fui preso no ‘maior do mundo’. Eu era soldado à época, e naquele tempo as coisas eram diferentes, tínhamos o cabelo cortado em uma moda estranha, em que deixava somente uma tampa cabeluda, e o resto do coco pelado. Eu prestava serviço em Realengo, na EsIE, e no dia do jogo [final do campeonato carioca de 1971], parti para Madureira a casa de um amigo e, lá chegando, tirei meu uniforme verde-oliva e enfiei-me dentro de uma camisa gloriosa, saindo rumo à festa. Maracanã lotado, a torcida jovem, da qual fazia parte, completamente louca, sacos e mais sacos de papel picados, centenas de rolos de papel higiênicos, centenas de rolinhos de serpentinas e, apesar da pouca idade, meu coração super acelerado. Você sabe, não é? Coração botafoguense é diferente, ele não bate, pulsa desordenadamente. Ainda tem a tal superstição, e olhe que eu nunca me ative a esses detalhes, mas isso faz parte da nossa história e comportamento. As duas últimas semanas não haviam sido muito fáceis porque perdemos pontos que não deveríamos, talvez por altivez ou acomodação ou, quem sabe, pela perseguição feita em campo pelas arbitragens que nos desfalcaram em vários jogos. A três rodadas do final tínhamos cinco pontos de diferença para o segundo colocado. O time era conhecido por Selefogo e fizemos uma paródia em cima do samba enredo “Lapa em três tempos” da Escola de Samba da Portela, em que enaltecíamos o passado e o presente do nosso esquadrão. A letra dizia assim:
"Vem do seu Zagalo
Não passava pela cabeça de nenhum botafoguense, vivo ou morto, que aquela final teria um desfecho desfavorável. Mas como tem coisas que só acontecem ao Botafogo e aos botafoguenses, ao apagar das luzes do segundo tempo, quando ecoava em torno do anel o grito da torcida ensandecida, eis que aparece aquela eminência parda que atendia pelo nome de José Marçal Filho da Outra, e… o resto da história, você já descreveu bem. Na saída do ‘Maraca’, já cabisbaixo e sem entender o porquê daquilo tudo, eis que sou surpreendido pelo batalhão da PE, que tomou o Maracanã de assalto, saí em disparada e me refugiei no banheiro mais próximo, mas aqueles catarinenses, que mais pareciam alemães, foram implacáveis. A minha sorte foi selada: triste estava e mais triste fiquei, pois após ser levado para o batalhão da PE na Vila Militar, onde fiquei a noite e parte do dia, até ser transferido direto para a cadeia do meu quartel, porque infringi a lei vestindo-me à paisana em local público [ou melhor, envergando a Camisa Gloriosa que levou o Patinhas ao ‘xadrez’!]. Mas, curiosamente, após esse sofrimento duplo, me tornei ainda mais Botafoguense do que antes e, se tivesse que voltar no tempo, faria tudo novamente – trinta dias de cadeia não apagaram essa chama alvinegra, mas o roubo ficou e está gravado na memória. O orgulho de ser botafoguense não tem PE ou Marçal que apague, contra tudo e contra todos, EU SOU BOTAFOGO!
Saudações Botafoguenses, |