PERSPECTIVAS PARA 2012 e 2014
Por Bernardo Santoro
Em 28/11/2011, às 13:37:42
Passada a eleição e com o fim melancólico do Botafogo no Campeonato Brasileiro, é importante fazer uma análise do porvir do Botafogo para 2012 e 2014, ano da próxima eleição.
SOBRE 2012 Novamente nos classificamos para a Copa Sul-Americana, onde nos tornamos especialistas em pagar micos. Fazendo uma leve retrospectiva: 2006 – pênalti do William contra o Fluminense. 2007 – Tragédia do Monumental. 2008 – Derrota para o Estudiantes com um a mais na Argentina. 2009 – Derrotas melancólicas para o Cerro Portenho no Paraguai e no Brasil, clube esse que posteriormente seria triturado pelo Fluminense no Paraguai e no Brasil. 2011 – Escalação de reservas na partida em casa e vareio fora contra o modesto Santa Fé da Colômbia. Para 2012, fazer um papel minimamente decente é uma obrigação para o Botafogo na Sul-Americana, de modo que o péssimo papel protagonizado neste ano por um time sem caráter, um técnico louco e uma diretoria omissa seja esquecido ou, pelo menos, mitigado. Além disso, teremos no primeiro semestre a Copa do Brasil. O Botafogo da Era Assumpção sempre se destacou nessa competição por apresentar times ridículos e não condizentes com a tradição do clube. Isto porque a diretoria de futebol do Botafogo nunca monta bons times no primeiro semestre. Basta relembrarmos os primeiros semestres de 2009, 2010 e 2011: 2009 – O time foi vice-campeão estadual com um time bem fraco, onde um brilho de Maicosuel nos levou à final, vindo a cair na Copa do Brasil na segunda fase, em casa, para o Americano de Campos. O time era formado por Renan, Emerson, Juninho e Leandro Guerreiro; Alessandro, Fahel, Léo Silva, Maicosuel e Gabriel; Reinaldo e Victor Simões. 2010 – O time foi campeão estadual com um time também muito fraco, mas que se superou nas mãos do retranqueiro Joel Santana. Caiu para o Santa Cruz em pleno Engenhão na Copa do Brasil. O time era formado por Jefferson, Alessandro, Antonio Carlos, Fabio Ferreira e Somália (Marcelo Cordeiro); Leandro Guerreiro, Fahel (Sandro Silva), Renato Cajá e Lucio Flávio; Loco e Herrera (Caio). 2011 – O time foi eliminado da Taça GB nas semifinais e não se classificou para as semifinais da Taça Rio. Caiu nas oitavas-de-final para o Avaí, que viria a ser o último colocado do Campeonato Brasileiro deste mesmo ano. O time era formado por Jefferson, Lucas, Antonio Carlos, Marcio Rosário e Marcio Azevedo; Marcelo Mattos, Arévalo, Renato Cajá (saiu do time no meio da Copa do Brasil, entrando um Maicosuel em recuperação no lugar) e Everton; Loco e Herrera. Esses times eram realmente horrorosos, mas acho que, pela primeira vez, na Era Nininho, teremos um time razoavelmente decente no primeiro semestre, pois vencer a Copa do Brasil se tornou uma obrigação para o Botafogo e Assumpção não medirá esforços para trazê-la, não importando o prejuízo financeiro que o Botafogo tenha. Portanto, não se iludam com um eventual sucesso do time no primeiro semestre, especialmente com os times cariocas focados na Libertadores. A função de uma verdadeira oposição é torcer no estádio durante os 90 minutos da partida, mas fiscalizar ferozmente a sangria financeira do clube em todos os outros 9.990 minutos da semana. E para conseguir amenizar a fúria da torcida alvinegra, Assumpção vai gastar. SOBRE 2014 Quanto a 2014, precisamos desde já organizar a oposição do clube em torno dos seguintes pontos: 1 - Responsabilidade administrativa – O Botafogo não agüenta mais ser endividado em prol de títulos que nunca chegam. Não podemos mais gastar de maneira indiscriminada. Precisamos equacionar a dívida com a sua securitização e lutar pelo aumento de receitas nas áreas de marketing, sócio-torcedor, sócio-proprietário, estádio e contratos de TV. A chapa vencedora do pleito de 2014 terá a oportunidade de renegociar o contrato com a Globo no seu primeiro ano de gestão e teremos de negociar em bloco com a Globo e demais empresas interessadas, reduzindo consideravelmente a distância de cotas entre Botafogo e Flamengo, ocorrida no acordo mais lesivo da história do Botafogo, que foi liderado e assinado pelo Sr. Assumpção. 2 – Democracia com Sócio-Torcedor com direito a voto – Sem um programa de sócio-torcedor com direito a voto, o Botafogo continuará a ser um feudo. Precisamos superar esse feudo a partir de três passos (i) conclamar todos os botafoguenses a adquirir títulos de sócio-proprietário; (ii) pressionar para que, em um primeiro momento, a categoria de sócio-torcedor seja recategorizada como sócio-contribuinte, nos termos do estatuto, para que todos possam votar e ser votados; (iii) em um segundo momento, reestruturar a categorização social com a reforma do estatuto, de modo que possamos ter categorias mais baratas e com mais ou menos direitos, de acordo com o bolso do botafoguense, apresentando planos que contenham (a) direito de votar, ser votado e freqüentar a sede – mais caro; (b) direito de votar, ser votado e não freqüentar a sede – mais barato; (c) direito de votar mas não ser votado e nem freqüentar a sede (preços populares). A composição do CD deve ser proporcional, ou seja, reestruturada de forma que cada chapa ocupe o número de cadeiras de acordo com a sua votação (ex: uma chapa com 25% dos votos ocuparia 25% das cadeiras, e não 10% como ocorre hoje). 3 - Futebol integrado – o futebol deve ser integrado entre base e profissional, com ênfase na revelação de jogadores, mesmo esquema tático entre base e profissional e trabalho de longo prazo, com Centro de Treinamento único e em terreno pertencente ao Botafogo, e não ao Governo do Rio. 4 - Engenhão para o botafoguense – especialmente a partir de 2013, o Maracanã estará reaberto e provavelmente será arrendado para Flamengo e Fluminense. Não haverá mais desculpas para negligenciar o torcedor do Botafogo em detrimento de nossos rivais. Nosso estádio deverá possuir as nossas cores (especialmente após as Olimpíadas), preços de alimentos razoáveis (fim da extorsão das lanchonetes do Engenhão) e ocupação comercial voltada para a população do entorno do estádio. Precisamos ainda fazer pressão política para melhoria do acesso ao estádio. 5 - Institucionalização da relação entre torcida organizada e clube – a relação entre torcida organizada e clube é a mais obscura possível. Torcidas organizadas ganham brindes, benesses, cargos e ingressos em troca de favores, repressão de protesto de torcedores não-organizados e apoio político interno e externo/eleitoral. Essa relação deve ser institucionalizada, preferencialmente no estatuto, de forma que, não importa quem esteja na cadeira de presidente, a relação seja sempre a mesma. Essa institucionalização se daria através de contratos formais de corretagem de venda de ingressos registrados em cartório de notas, com metas, porcentagem e recolhimento de tributos; venda em conjunto de materiais, com os uniformes da torcida sendo fabricados pela patrocinadora de material esportivo do clube, com torcida e clube recebendo uma parte das vendas; entre outras medidas, fazendo com que a torcida organizada deixe de ser uma rival comercial do clube e passe a ser uma parceira comercial do clube. 6 - Busca pela cisão entre clube social e futebol – enquanto a total separação administrativa entre clube social e futebol não puder ocorrer, em virtude das dívidas em comum, a separação administrativa deve ser uma meta a ser alcançada, com a plena autonomia das duas atividades. O CT de General Severiano deve ser desmantelado e seu espaço entregue ao clube social, com a construção de novos espaços sociais, como quadras de tênis, quadras poliesportivas, academia de ginástica e salão de jogos. 7 - Esportes Olímpicos – todas as categorias adultas do clube devem voltar a competir regional e nacionalmente, com atletas formados no clube e com baixíssimo custo, ainda que, por falta de recursos, os times não tenham grandes estrelas, que devem ser buscadas apenas no caso de parcerias com patrocinadores. Criação de equipe olímpica de atletismo que treinará no Engenhão. A partir desses princípios e trabalhando desde já, a oposição ao regime centralizador, autoritário, elitista e perdulário do Sr. Assumpção chegará às eleições de 2014 com força ideológica, consistência moral e projetos práticos para fazer do Botafogo novamente o grande clube que já foi um dia e que a sua torcida sofrida e apaixonada merece ver. Quem tiver interesse em participar, por favor, me envie um e-mail: bersantoro@gmail.com. Estarei fazendo um banco de cadastro e em breve teremos maiores detalhes. Saudações alvinegras. |