POR QUE ESTOU COM A OPOSIÇÃO NAS ELEIÇÕES DE SEXTA-FEIRA - Coluna

Esse é meu texto final sobre as eleições de sexta-feira que ocorrerão no nosso querido e combalido Botafogo de Futebol e Regatas. Venho então, através desse artigo, expor minhas razões sobre porque aderi à chapa de oposição, encabeçada por Carlos Eduardo Pereira. Divido minhas razões em três partes: (i) análise da temerária atual gestão; (ii) projetos futuros de ambas as chapas; (iii) questões morais/pessoais.

A ANÁLISE DA ATUAL GESTÃO

1 – Do ponto de vista administrativo, a Gestão Assumpção está levando o Botafogo à destruição. Assumiu o clube com R$ 230 milhões em dívidas e deve entregá-lo, no fim desse ano, com mais de R$ 400 milhões em dívidas. Isso em troca de um campeonato estadual e algumas vergonhas. O programa de sócio-torcedor não dá direito a voto e o marketing do clube gasta montes de dinheiro, mas não serve como instrumento de arrecadação ou de pesquisa sobre a necessidade do torcedor. O Botafogo hoje tem receita total anual menor que a do Atlético Paranaense. A relação com a torcida organizada é baseada em troca de favores e corrupção. A relação com clubes adversários é de subserviência. A relação com empresários é escusa. Se o jogador é bom, fica com o fundo de investimentos (conhecido como CPE), se é ruim, fica com o Botafogo.

2 – O futebol de base foi fatiado entre empresários, sendo o principal deles Eduardo Uram, cujo amigo dele, Anderson Barros, encontra-se na gerência de futebol do clube. O fundo de investimento comprou o passe da maioria dos nossos talentos, que já não nos pertence. O Centro de Treinamento da base, promessa de campanha, até hoje não foi cumprido. Seu único projeto é a instalação de um CT exclusivo para a base, sem integração com o profissional, em um terreno que pertence ao Estado do Rio de Janeiro, e para quem teremos de devolver em 20 anos, mesmo que gastemos dezenas de milhões de reais lá. Construir um CT em terreno que não é nosso é crime de lesa-Botafogo.

3 – O futebol profissional acumula fracassos. Não existe nenhum comando e o técnico de futebol é livre para praticar barbaridades como entregar um torneio internacional, desonrando nossa camisa e nossa história, para depois utilizá-lo como bode expiatório em uma ridícula tentativa de reverter o inevitável quadro de não-classificação para a Taça Libertadores-2012. Faltam peças para serem titulares, reservas de qualidade e, principalmente, um reforço de fechar aeroporto, outra promessa não cumprida pelo nosso Pinóquio presidencial.

4 – A melhoria do clube social é uma ilusão. Quando comprei meu título de sócio, perguntei sobre quais os benefícios que um sócio-proprietário do Botafogo tem. Na época me foi respondido que o sócio pode votar e ser votado no clube, e pode freqüentar a sauna, a piscina e o bar do clube. Hoje em dia, se alguém for ao Botafogo e fizer a mesma pergunta, a resposta será a mesma, ainda que tais patrimônios tenham sofrido reformas necessárias. Não houve um real aumento de benefícios para os sócios, que se mantém como um feudo para figurinhas poderosas do clube.

5 –Os esportes olímpicos não possuem representatividade na categoria adulta.

6 – O Engenhão ostenta cores dos nossos rivais, que em vários momentos tiveram preferência de utilização sobre o próprio Botafogo. O aluguel cobrado aos nossos rivais é ridículo. Além disso, a diretoria administra mal o estádio, sendo motivo de chacota os constantes apagões e o lastimável estado do gramado. Os naming rights nunca foram comercializados. Em dias de jogos lotados, o caos impera. O desrespeito com o torcedor botafoguense é total.

PROJETOS FUTUROS DE AMBAS AS CHAPAS

1 – A chapa cinza, de Maurício Assumpção, não traz nenhum projeto novo em seu site oficial, salvo a já criticada construção hipotética do nosso CT no terreno do Estado do Rio de Janeiro. Portanto, não tenho muito o que opinar a respeito, por absoluta falta de novos projetos.

2 – Já a chapa preto e branca, de Carlos Eduardo Pereira, traz diversos projetos e teses que merecem ser defendidas, tais como:

2.1 – Responsabilidade administrativa com auditoria das contas do clube e busca por novas receitas, sobretudo com o aumento do número de sócios do clube, preferencialmente chegando ao nível do Internacional de Porto Alegre, com 100.000 sócios, entre sócios-proprietários e sócios-torcedores.

2.2 – Descentralização dos poderes do clube e reforma do estatuto, restaurando os poderes do Conselho Deliberativo do clube.

2.3 – Transparência administrativa, com as contas do clube no site oficial, junto com as receitas e despesas do ano anterior e orçamento do ano presente, atualizado mensalmente.

2.4 – Integração da base e do profissional, com a construção de um Centro de Treinamento único em um terreno pertencente ao Botafogo.

2.5 – Moralização e profissionalização do departamento de futebol, com profissionais que conheçam a história do clube e sejam identificados com nossas cores, além da promoção de um time competitivo em nível nacional e internacional.

2.6 – Utilização do espaço social de General Severiano exclusivamente para os sócios e convidados, retirando-se dali o CT de profissionais, com aumento exponencial dos direitos e das vantagens para os sócios, tais como a construção de academia de ginástica, salão de jogos e promoção de eventos sociais.

2.7 – Devolução do Engenhão para o torcedor botafoguense, criando facilidades para todos e cobrando o preço devido de aluguel para todos os concorrentes do Botafogo que lá queiram jogar, além de baratear preços de produtos.

AS QUESTÕES MORAIS

1 – A palavra de Maurício Assumpção não vale um tostão furado.

1.1 - Eu era filiado ao Movimento Carlito Rocha na época das eleições de 2008. Sempre fui voto vencido nas deliberações do MCR, onde eu defendia lançarmos uma chapa pura, com associados do MCR e independentes, sem nenhum figurão histórico. A tese que prevaleceu foi a adesão à chapa de Maurício Assumpção. No acordo entre MA e MCR, o MCR teria 50% das vice-presidências e a vice-administrativa, além da possibilidade de apresentarmos projetos de democratização do clube. Logo após o registro da chapa, Assumpção rompeu o acordo. O MCR tentou anular o registro feito com a saída da chapa e não conseguiu. Nessa eleição, eles agora apoiam o cara que faltou com a palavra e descumpriu acordos, em uma posição claramente adesista e, portanto, criticável. Eu, contudo, não esqueço e não confio em quem não honra a palavra empenhada.

1.2 – Maurício Assumpção rompeu com acordos com os demais clubes do Brasil. Na época da negociação do novo contrato de TV, o Botafogo fez parte da comissão e elaborou o plano de licitação dos direitos de TV pelo Clube dos 13. No entanto, foi o primeiro clube a romper com o C13 alegando que a licitação estava mal elaborada, sendo que, se estava mal elaborada, a culpa era do próprio Assumpção, que a elaborou. Em seguida, negociou unilateralmente o pior contrato relativo de TV da história do Botafogo, fazendo com que o clube tivesse apenas a 12ª arrecadação do Brasil pela TV, com cerca de 40% do valor de TV do Flamengo. Segundo reportagem de capa da Folha de São Paulo, Assumpção mudou de ideia em virtude de um empréstimo de oito milhões de reais feitos pela CBF ao Botafogo. Esse é o conhecido caráter do Assumpção: ele muda de lado por dinheiro. Vende os interesses do Botafogo a qualquer clube, desde que pela quantia certa. Flamengo e Corinthians foram os grandes vencedores da implosão do acordo do C13 feita por Assumpção. O mau-caratismo de Assumpção é piada corrente junto a todos os clubes brasileiros. E ainda quer ser vereador do Rio ano que vem, às custas da influência do Botafogo como instituição.

2 – Carlos Eduardo sempre cumpriu com sua palavra para comigo e minha família.

2.1 – Fui levado ao conhecimento da pessoa de Carlos Eduardo através da minha mãe, Norma Santoro, que é diretora de uma ONG de proteção aos animais de Petrópolis/RJ, a Companhia dos Animais. Segundo minha mãe, Carlos Eduardo sempre foi um defensor dos animais em Petrópolis (ele é fundador e presidente de outra ONG de proteção aos animais – Gapa-Itaipava, além de participar ativamente da política ambiental do município de Petrópolis) e sempre honrou com todas as promessas e compromissos com a ONG da minha mãe.

2.2 – Durante esse período eleitoral, também sempre honrou com a palavra dele, e se comprometeu comigo a analisar e implementar todos os projetos que temos com vistas a democratizar o clube.

CONCLUSÃO

Nessa sexta-feira, temos a oportunidade de escolher entre dois caminhos, o caminho preto e branco e o caminho cinza.

O caminho preto e branco é o caminho do profissionalismo e democratização do clube para todos os botafoguenses. Seu candidato é Carlos Eduardo.

O caminho cinza é o caminho do cambalacho, da incompetência, do desprezo às tradições do clube, do elitismo e do comprovado mau-caratismo em nível interno e externo. Seu candidato é Maurício Assumpção.

Escolham sua opção. Eu fiz a minha. Eu voto preto e branco.