Carlos Eduardo: trabalho já vem sendo recompensado |
A eleição
Já escrevemos aqui que sua vitória foi construída ao longo da atuação como oposição a Maurício Assumpção no último mandato, o que lhe conferiu credibilidade e expectativa de uma grande mudança. Mas para vencer, o Mais Botafogo precisou compor com o Botafogo Acima de Tudo, de Antonio Carlos Mantuano e do vice Nelson Mufarrej, o que garantiu a vitória na urna de beneméritos e eméritos. Essa composição se reflete também na montagem do Conselho Diretor, em que a estratégica vice-presidência de futebol foi entregue
Consciência da realidade financeira
No primeiro semestre de 2014, um grupo de investidores encomendou à KPMG um estudo sobre a situação financeira. O estudo foi apresentado a todas as correntes políticas do clube que tinham pretensões eleitorais. O grupo Mais Botafogo foi o que melhor entendeu o choque de realidade, tomando ciência de que os próximos anos serão de extrema austeridade, num processo que pode levar até uma década. Por isso Carlos Eduardo foi o candidato mais realista nas entrevistas, o que menos fez promessas.
Reaproximação política
Muitas das questões envolvendo clubes de futebol podem ser facilitadas ou prejudicadas pelo bom relacionamento com políticos e autoridades. Não para vantagens indevidas, mas para acelerar processos ou facilitar parcerias. Nesse início de mandato, Carlos Eduardo já se reuniu com o Botafoguense governador do estado Luiz Fernando Pezão.
Também houve aproximação com o prefeito Eduardo Paes, passo importante para a reabertura do Engenhão. E aqui cabe destacar o importante papel de Vinicius Assumpção, secretário municipal e candidato à presidência do Botafogo, que tem sido o grande articulador desse entendimento. Vinícius mostra que o Botafogo está acima de questões políticas ou pessoais dentro do clube. A expectativa é que o alcaide libere o estádio, mesmo que parcialmente, já para o Campeonato Carioca.
Dívidas
As prioridades mais urgentes do Botafogo todos sabiam: equacionar as dívidas trabalhistas e fiscais, deliberadamente ignoradas por Maurício Assumpção e que tem por consequência penhoras e bloqueio de receitas, paralisando o clube.
Patrocínio
O Botafogo fechou nessa semana novo acordo com a Viton 44, que estampará sua marca na parte frontal do uniforme ao longo de 2015 por 9,5 milhões. O contrato com a Puma foi estendido até o fim do Campeonato Carioca, ganhando tempo para um acordo melhor para o resto do ano, visto que já havia sido adiantado o dinheiro do contrato que ia até fevereiro.
Falta agora negociar bons contratos para o restante do uniforme, permitindo uma boa receita anual, e bons contratos para o Engenhão, caso liberado. Neste caso, é bom lembrar que há pendências com as empresas que tinham contrato em vigor quando da interdição.
Austeridade interna
A nova diretoria pretende cortar o máximo de gastos possível. Já foram identificados pagamentos excessivos a pessoas jurídicas, reflexo ainda da Confraria da Praia instaurada por Nininho. O vice de finanças, Bernardo Santoro, que assumiu um cargo do qual muitos fugiram, já avisou que será extremamente rigoroso com tudo que tiver de assinar e com as contas do clube.
Sócio torcedor com direito a voto
O sócio torcedor com direito a voto é um compromisso de campanha. Após a eleição a nova diretoria continua manifestando desejo de por isso em prática. Evitando uma reforma estatutária que pode ser complexa e demorada, a alternativa será adaptar o já existente sócio contribuinte. O formato final do programa dependerá da liberação ou não do Engenhão.
Ponto fraco: o futebol
O futebol tem sido o preço mais caro do acordo eleitoral com o grupo de Antonio Carlos Mantuano, que assumiu a vice de futebol. De trato difícil e muito contestado, Mantuano não tem o perfil desejado para o momento, que seria o de alguém capaz de gerenciar crises, estabelecer bons relacionamentos e atrair valores. É o mesmo perfil desejado para o cargo de técnico ou gerente, isto é, alguém reconhecido no meio do futebol e que seja acapaz de atrair jogadores.
Em entrevista a O Dia, Bebeto de Freitas comentou sobre a montagem do time de 2003:
Todas essas boas medidas administrativas podem ser jogadas fora se o futebol for mal administrado. Quando há escassez de recursos, a margem de erro diminui, e precisamos de muita eficiência nos investimentos.
Torçamos para que esse trio que comanda nosso futebol vá contra todos os prognósticos e contra tudo que seu histórico nos sugere e façam o melhor trabalho de suas vidas. Vamos precisar.