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  Dez anos sem Oscar Basso, argentino (duas vezes) do time dos sonhos do Botafogo

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rio de janeiro/RJ

Garrincha


Em 25/05/2017 às 09:01

Interessante, não conhecia a história desse jogador. 
 
 
http://www.futebolportenho.com.br/2017/05/25/dez-anos-sem-oscar-basso-argentino-duas-vezes-do-time-dos-sonhos-do-botafogo/
 

Dez anos sem Oscar Basso, argentino (duas vezes) do time dos sonhos do Botafogo

Só dezessete jogos pelo Botafogo bastaram para Oscar Alberto Basso virar lenda alvinegra. E isso sem ser campeão, no que deve ser uma proeza única no futebol. Desde 1982, a cada doze anos a revista Placar vem elegendo o time dos sonhos dos grandes clubes brasileiros. Em 1982 e 1994, a defesa eleita para o Fogão foi a mesma: Manga no gol, Carlos Alberto Torres e Nilton Santos nas laterais, com Sebastião Leônidas formando o miolo de zaga com o argentino (único substituído em 2006, por Mauro Galvão). Falecido há exatos dez anos, o limpo Basso também foi bastante reconhecido no futebol de seu país. Também por fatores políticos. Vale relembrar sua carreira.

Nascido em 24 de abril de 1922 em Buenos Aires, Basso foi formado no pequeno Tigre, promovido no time adulto em 1939. Em 1941, o Matador terminou com a 7ª melhor defesa do campeonato, algo notável em um campeonato onde os grandes eram seis (Boca, River, Racing, Independiente, San Lorenzo e, informalmente, o Huracán). Basso foi então adquirido pelo poderoso River de La Máquina, sinal de prestígio. Sem ele, o ex-clube, de campanhas seguras nos três campeonatos anteriores, despencou. Experimentou em 1942 o primeiro rebaixamento de sua história – após quedas anteriores de clubes como Argentinos Jrs (1937), Vélez (1940) e Rosario Central (1941), após ter levado 83 gols, dezesseis a mais que a segunda pior defesa.

Já o River foi campeão em 1942, mas com contribuição nula do reforço: o zagueiro titularíssimo pela direita nos millonarios era Ricardo Vaghi. Basso ainda assim foi passado a outro gigante, o San Lorenzo. Logo se consolidou no time treinado pelo húngaro Emérico Hirschl. Em uma época de defensores rudes, destacou-se pelo jogo limpo e cavalheiro, ainda que a concorrência fortíssima de uma geração dourada o limasse da seleção: nas Copas América de 1945 e 1946 (ambas realizadas entre janeiro e fevereiro), o beque direito indiscutido era José Salomón, capitão e por trinta anos o recordista de jogos pela Albiceleste. O melhor de Basso viria justamente no decorrer de 1946.

Se o ataque icônico do futebol argentino nos anos 40 foi La Máquina, o elenco sanlorencista de 1946 conseguiu o feito de somar 90 gols, números não superados por ninguém no campeonato argentino naquela década. Ataque onde se destacavam Rinaldo Martino, na época segundo maior artilheiro do clube, e René Pontoni, ídolo de infância do Papa Francisco: o Sumo Pontífice tinha dez anos e declarou ter assistido todos os jogos que o time fez em casa. Basso, por sua vez, foi um dos três azulgranas que estiveram em todos os trinta jogos da campanha campeã, ao lado de Ángel Zubieta e de Armando Farro. Falamos dela neste outro Especial.

Colombo, Vanzini, Zubieta, Blazina, Grecco e Basso; Imbelloni, Farro, Pontoni, Martino e Silva. À direita, Basso na Internazionale: exílio após liderar a famosa greve de 1948

Para celebrar o título, o clube organizou sua primeira excursão à Europa, passando por Espanha e Portugal. Basso só não esteve na primeira partida (4-1 no Atlético Aviación, atual Atlético de Madrid) de uma viagem memorável, a incluir um 7-5 e um 6-1 sobre a seleção espanhola, um 3-3 com o Athletic Bilbao, um 1-1 com o Valencia, um 0-0 com o Deportivo La Coruña, um 5-5 com o Sevilla (campeão de La Liga na temporada 1946-47), um 9-4 no Porto e um 10-4 na seleção portuguesa. Só houve uma derrota, de 4-1 para o Real Madrid. Houve Copa América também em 1947. Salomón, fraturado na final do torneio em 1946, já não atrapalhava.

Só que a edição de 1947 se realizou em dezembro e não no início do ano. E o San Lorenzo não havia defendido tão bem seu título em gramados argentinos, ficando só em quinto a onze pontos do campeão River. Basso, por sua vez, se engajava na luta por melhores condições laborais aos jogadores argentinos. Virou o presidente do sindicato da categoria, que deflagrou a famosa greve de 1948. A greve paralisara o campeonato na 25ª rodada, em 31 de outubro de 1948. O San Lorenzo continuou jogando o torneio, mas com a equipe de aspirantes. Os titulares, por sua vez, jogaram três dias depois bem longe dali, na primeira vez de Basso no Brasil: vitória de 1-0 sobre o Expresso da Vitória do Vasco. Em São Januário. Foi o último jogo de Basso em sua primeira etapa no San Lorenzo.

A greve não foi atendida e isso levaria ao exílio de astros de diversos clubes, especialmente ao Eldorado Colombiano, mas também à Europa. No San Lorenzo, Jorge Benegas (Millonarios, que levara Alfredo Di Stéfano), Pontoni e Ángel Perucca (Sante Fe) foram à lucrativa “liga pirata”. E Martino e Basso, ao campeonato mais rico do mundo, o italiano, respectivamente para Juventus e Internazionale. Basso ficou só uma temporada; em 1950, deixou de ser nerazzurro para virar alvinegro no país vice-campeão mundial. Geraldo Romualdo da Silva, do Jornal dos Sports, lhe escrevera sobre o Botafogo.

Já no Brasil, foi levado a General Severiano pelo radialista Luís Mendes, um dos que futuramente o elegeriam para o time botafoguense dos sonhos: “era um argentino louro, alto, de técnica refinada, como o Domingos da Guia”, declararia Mendes. Basso só jogou o Estadual de 1950 (que já estava em andamento), o primeiro na Era do Maracanã. O time ficaria só em 4º, atrás até de Bangu e America, resultado que hoje seria um escândalo, mas não ali: os americanos, por exemplo, lideravam com cinco pontos de vantagem faltando três rodadas, mas foram derrotados nas três. Incluindo no jogo contra o Botafogo, ainda um clássico em tempos em que só três títulos estaduais separavam os dois.

O time botafoguense dos sonhos em 1982: Carlos Alberto, Manga, Basso, Sebastião Leônidas, Gerson e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Heleno de Freitas, Jairzinho e Zagallo

O argentino estreou perdendo de 1-0 para o Canto do Rio, mas Basso venceria doze dos seus outros quatorze jogos no torneio: 2-1 no Bonsucesso, 1-0 no Vasco, 1-0 no Flamengo, 4-1 no Madureira, 7-2 no Olaria, 2-0 no São Cristóvão, 3-1 no Canto do Rio, 3-0 no Madureira, 4-2 no Flamengo, 4-3 no Bangu, 3-3 com o Fluminense, 1-0 no Bonsucesso, derrota de 2-0 para o Vasco (o campeão) e o 2-1 no America. O Botafogo terminou a seis pontos do título após um torneio de pontos corridos de 34 rodadas, no qual o Glorioso contou com o hermano em cerca de metade delas. É de se imaginar como poderia ser com o reforço atuando o campeonato inteiro, encerrado já em janeiro de 1951.

“Me orgulho de ter jogado com Nilton Santos, um grande companheiro”, declararia Basso após ser (re)eleito em 1994 para o time botafoguense dos sonhos. Os cariocas mais velhos não se esqueceram: dentre os que elegeram o argentino de menos de duas dezenas de partidas em General Severiano, estiveram as figuras ilustres do próprio Nilton Santos, de Zagallo e de Armando Nogueira, dentre outros: veja você mesmo clicando aqui (página 53) e aqui (página 55). Em 1951, porém, Basso acertou sua volta ao San Lorenzo, onde penduraria as chuteiras em 1955, após um ano inteiro só sendo utilizado em amistosos dos cuervos.

O clube de Boedo já não fez campanhas perto do título. Dentre os jogos de segunda etapa de Basso no Ciclón, destaque a alguns amistosos internacionais como o 8-4 já em 1951 em Bogotá no Santa Fe do Eldorado Colombiano (o oponente tinha o velho ídolo sanlorencista Pontoni, o também ex-azulgrana Héctor Rial, futura estrela no Real Madrid de Di Stéfano, além do futuro goleiro flamenguista Eusebio Chamorro); um 4-1 sobre os ex-colegas de Botafogo em 1953; em 1954, um 3-3 com o Santos, já com Zito, e um 2-1 sobre o Rot-Weiss Essen, que tinha Helmut Rahn e seria campeão alemão na temporada 1954-55; e um 5-0 no Estrela Vermelha já em janeiro de 1955.

A morte de Basso, há dez anos (e não em 2008, como sugere a não confiável Wikipedia) foi a parte triste de um primeiro semestre festivo que o San Lorenzo teve em 2007, no qual o elenco de Ezequiel Lavezzi e Gastón Fernández conquistou dali a alguns dias seu único título entre 2002 e 2013. No ano seguinte, o clube celebrou seu centenário e publicou-se então o Diccionario Azulgrana, com verbetes de TODOS os jogadores que defenderam os cuervos, com um seleto grupo de personalidades merecendo uma página inteira ou mais. Basso foi uma delas, descrito como “um pedaço substancial da história azulgrana” e “um jogador de ouro para uma época de ouro”.

Basso é um dos diversos pontos em comum da história entre San Lorenzo e Botafogo, a incluir longos jejuns, despejo de estádios e ídolos como Rodolfo Fischer e Loco Abreu: saiba mais. E clique aqui para ver todos os argentinos da história do Botafogo.

O time botafoguense dos sonhos em 1994: Carlos Alberto, Manga, Basso, Nilton Santos, Sebastião Leônidas e Didi; Garrincha, Jairzinho, Heleno de Freitas, Gerson e Amarildo

 

 
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