O Botafogo viu recentemente mais um nome da sua lista de credores acionar o clube na Justiça: trata-se de Eduardo Hungaro, técnico do time na Libertadores de 2014 e que comandou a Cabofriense no último Campeonato Carioca.Demitido no início da gestão de Carlos Eduardo Pereira, quando possuía alta remuneração mesmo após voltar a ser auxiliar, mas estava com salários atrasados, ele cobra R$ 720 mil de dívidas trabalhistas do período de quatro anos em que ficou em General Severiano. Advogados do Alvinegro e do treinador, de 52 anos, encontraram-se nos tribunais na última quarta-feira, no Rio de Janeiro. Nesta primeira audiência, as partes apresentaram defesa e definiram testemunhas para as próximas sessões. O processo está só no início e pode levar meses se não houver tentativa de acordo.
Hungaro - ou Duda, como é conhecido - é amigo do ex-diretor Sidnei Loureiro, com quem tinha trabalhado no Rodoviário de Piraí e foi responsável por sua contratação quando gerenciava as categorias de base. Ele chegou ao Botafogo em 2010 para dirigir a equipe sub-13 e teve rápida ascensão no clube, passando no ano seguinte a ser o treinador dos juniores. Em 2013, foi alçado aos profissionais, integrando a comissão técnica permanente e trabalhando ao lado de Oswaldo de Oliveira que no final da temporada não teve seu contrato renovado. Duda foi o escolhido para liderar a equipe que voltou à Libertadores após quase 20 anos, porém, não resistiu à eliminação na primeira fase. Com a chegada de Vagner Mancini, teve suas funções consideravelmente diminuídas e passou a ficar restrito a treinamentos no Engenhão e à análise de adversários.
Na visão da atual diretoria, Hungaro foi um dos símbolos do fracasso da administração de Maurício Assumpção e levanta suspeitas de irregularidades em contratos firmados como pessoa física e jurídica e em reajustes substanciais em curtos espaços de tempo. Quando foi promovido de auxiliar para técnico principal na virada de 2013 para 2014, por exemplo, ele teve seu salário aumentado de R$ 27 mil para R$ 65 mil. E mesmo quando voltou a ser auxiliar após o fracasso na Libertadores, o valor da remuneração foi mantido - o inchaço da folha salarial do futebol foi apontado por muitos como uma das principais causas da crise econômica. Durante a última reunião do Conselho Deliberativo, Carlos Eduardo Pereira afirmou que as condições dos documentos assinados por Assumpção com Hungaro dificultam a defesa do Botafogo no caso.