Imagine que você esteja numa sala de bate papos, dessas da UOL ou do Terra. E imagine que esteja numa conversa com alguém que você não faz a mínima ideia de quem seja. Cada vez que ele (ou ela, vai saber...) fala, você lê e interpreta a mensagem. Você, na verdade, não sabe se é homem ou se é mulher... Ainda que a pessoa “do outro lado” se diga “Maricota”, pode muito bem ser “João”, mas você não tem como saber. Mesmo que seja realmente a Maricota, pode ter a voz estridente ou a voz grossa, pode falar devagar ou pode ser muito rápida para dizer as coisas, não é verdade?

O fato é que a única referência “verdadeira” que você tem daquela pessoa é o que ela fala, mas estes detalhes que citei, não dá pra saber.

Assim é minha comunicação com meu Oráculo e provavelmente é com você.

Tem, você tem. Tem e não “percebe”!

Cada vez que você diz “Filho, não vai na escola hoje”, ou “Não fui com a cara desse seu amigo”, ou até “Filha, não vai neste ônibus, espera o outro”, pode ter certeza, foi teu “Oráculo” quem “assoprou” a tal sensação no teu ouvido ou, como prefiro dizer, “dentro” do teu cérebro.

Eu acredito em Deus.

E acredito que Ele não nos deixou a sós nesta caminhada.

Você pode achar que são anjos, ou anjos da guarda, ou uma “entidade”, amigos espirituais ou mesmo o que quiser, de acordo com tua crença.

Pode até pensar que é o Diabo...

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Mas eu lhe garanto, é Deus!

E esta “percepção” existe, todo mundo tem uma história pra contar, você mesmo que está lendo isso, fatalmente deve neste momento estar lembrando de uma ocasião em que sua mãe disse uma coisa e ela realmente aconteceu, ou que teu pai chegou na hora certa, como que num passe de mágica para te “salvar” de uma situação, ou ainda de um amigo que disse que isso ou aquilo e pimba, foi fatal!

Eu também costumo dizer que se um Anjo aparecer na tua frente, ao vivo e a cores, para falar frente a frente o que você deve ou não fazer, para te “alertar” sobre algo, você não vai titubear, não é verdade? Isso se não enfartar!!!

Nós estamos no período do “Livre Arbítrio”, mas isso não quer dizer que estejamos “abandonados”.

Por isso eu creio que Deus envie o tempo todo estes “mensageiros” para nos alertar, orientar e cuidar, mas eles precisam ser muito gentilmente “sutis”.

Ou não será mais “Livre Arbítrio”, concorda?

Nem você nunca mais vai duvidar da existência plena de Deus se vir um anjo na tua frente!

Esta é a beleza de Deus, Ele faz como você faria com teu filho, ou com tua filha!!!

Pense, se você pudesse estar “naquela festa”, disfarçado, monitorando seu filhote sem que ele se irritasse com isso e pudesse dizer suavemente “Filho, não bebe isso, manera”... ou então “Filha, este rapaz está mal intencionado, não fuma isso, isso não é cigarro...”

Se pudesse, você faria, não faria?

Pois é. Eu penso que Deus faz isso também. Exatamente assim!

Só que muitas pessoas já alcançaram uma maturidade digamos, espiritual, para “reconhecer” que certas coisas que chegam até você, não é você... É Deus.

Com certeza nós temos juízo para raciocinar sobre muita coisa, sabemos o que devemos ou o que não devemos em nossas vidas, mas muitas vezes acontecem coisas que você não explica, não é verdade?

Como aquela sensação de aperto no coração, aquela aflição ao ver seu filho entrar no carro...

Aquela vontade de ligar e dizer “eu ti amo”, assim do nada...

Aquele desejo enorme de falar “não faz isso” porque estou com uma sensação estranha...

Quem explica?

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Ninguém. Ninguém explica.

Mas e o Senna com isso?

Senna foi uma pessoa muito espiritualizada. E ele tinha maturidade para “escutar” o que vem de cima, do céu. Senna era uma pessoa realmente muito boa e eu acredito que ele passou por um destes “testes” que deixam a gente com os cabelos arrepiados.

Nos momentos anteriores à sua morte, Senna foi flagrado olhando de maneira muito concentrada para o carro que iria tirar sua vida. Era um olhar de dúvida, de incerteza, de tomada de decisão...

Eu acredito que naquele momento seu Oráculo devia estar alertando sobre os riscos, sobre as possibilidades, mas deixando no final aquele fatídico “mas a decisão final é tua”.

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O "Livre Arbítrio" para que ele tomasse a decisão.

A cabeça dele devia estar um verdadeiro furacão.

Contratos que seriam perdidos, punição da FIA... Seus adversários que iriam chama-lo de “covarde”...

E é curioso como a história se repete, na década de 70 o piloto Niki Lauda insistiu veementemente que uma prova não deveria ser realizada, que era inseguro, que os pilotos corriam um risco acima do normal e foi chamado de covarde. Seu Oráculo deve ter se sentido frustrado ao vê-lo entrar naquele bólido e se espatifar contra um muro e arder em chamas que só não tiraram sua vida porque Lauda insistiu em “viver”.

Lauda contou que passou 3 noites sem dormir, forçando seu pulmão a fazer uma coisa que não tinha mais capacidade de fazer, “respirar”.

Senna infelizmente não teve a mesma oportunidade. Seu acidente foi fatal, ele não teve como reagir não teve direito a uma segunda chance.

Se Senna não tivesse entrado naquele carro, até hoje teria ficado em seu currículo o ato de “covardia” de um piloto medroso, sem coragem de enfrentar seus medos.

Senna deve ter pesado na balança se valia à pena viver com esta mágoa.

E seu Oráculo provavelmente deve ter dito tudo isso para ele:

- Você pode entrar neste carro e correr os riscos. Você pode acreditar em mim ou pode duvidar. Pode vencer ou pode morrer. Se morrer, vai perder a oportunidade de seguir por muitos e muitos anos com tudo o que já conquistou, com sua fortuna, com sua família. Por outro lado, se não entrar vai viver, mas será humilhado por uma imprensa que não perdoa, por adversários ávidos em desfazer de seu caráter. Mas a escolha é tua.”

Eu acredito que esta deve ter sido a reflexão capturada pelas câmeras naquele momento que antecederam o acidente.

Eu vi um Senna aflito, com sua vida nas mãos de uma decisão que era o “tudo ou nada”.

Mas principalmente, Senna tinha a sensação de que qualquer que fosse sua decisão, de certa forma ele ia sair perdendo.

Se entrasse no carro, poderia morrer, se não entrasse, morreria de outra forma.

Senna fez o que achou que deveria fazer. Senna arriscou. Afinal, tudo aquilo poderia ser “apenas” fruto de sua imaginação. Certo, certo mesmo, era que se ele não entrasse, sua carreira estaria acabada. Não sei se ele pensou em Niki Lauda, não sei o que ele pensou de verdade, não sei como encarou aquilo tudo.

Só sei que ele fez o que imaginou que deveria fazer.

Entrou no carro e viu sua vida se acabar à 300 km por hora. Muito rápido, muito fatídico, muito trágico.

E acreditem vocês ou não, conto eu um segredo:

No momento da transmissão, no momento exato em que ele se preparava para colocar seu capacete, meu Oráculo me disse:

- É a última vez que você vê o Senna colocar aquela balaclava.

O que aconteceu depois, infelizmente, vocês sabem.

Uma pena, Ayrton Senna.