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leandroalmeida
  Setor Júridico trabalhando de fato, ou, a torcida é que reclama demais(e sem conhecimento)?

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Nilton Santos


Em 29/03/2017 às 09:24

Balanço 2016: economia, resgate, acordo... Outro lado da dívida alvinegra

Por meio de ações jurídicas, Botafogo consegue poupar R$ 13 milhões, recuperar outros R$ 5 milhões, dar baixa em 118 processos, quitar FGTS do Profut até 2019...

Por Felippe Costa, Marcelo Baltar e Thiago LimaRio de Janeiro

O Botafogo vota na noite desta quinta-feira, em reunião do Conselho Deliberativo, a aprovação de seu balanço do exercício de 2016. Cada área do clube fechou os seus respectivos relatórios, que foram enviados a todos os conselheiros na semana passada. O GloboEsporte.com teve acesso aos documentos e, depois de apresentar aos torcedores os números do passivo que serão apreciados pelos poderes internos em General Severiano, agora é a vez de conhecer o outro lado da dívida alvinegra. Recorte que passa exclusivamente pelo departamento jurídico.

Em meio ao grave cenário financeiro que o clube ainda atravessa, com uma divida total de R$ 685.486.000,00, o Botafogo pôde respirar em vias judiciais. Segundo mostra o relatório do departamento jurídico, só de economia, o Alvinegro conseguiu poupar R$ 13.343.623,22, sendo:

R$ 2.643.623,22 frutos de acordos trabalhistas e cíveis;
R$ 10.700.000,00 advindos de cobranças irregulares de FGTS.

Curiosamente, o valor total economizado se equivale aos gastos com a Arena Botafogo – projeto de reforma do Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro –, que representaram as maiores despesas do ano e impediram o caixa de fechar no azul.

Certidão Negativa de Débitos do Botafogo (Foto: Reprodução)Certidão Negativa de Débitos permitiu que o Botafogo assinasse patrocínio com a Caixa Econômica (Foto: Reprodução)

Além das CNDs (Certidões Negativas de Débito), que permitiram ao clube assinar com a Caixa Econômica Federal pelo valor de R$ 1,4 milhão nos últimos meses do ano passado – patrocínio recentemente renovado para 2017 por R$ 10 milhões fixos mais bonificações –, a influência do departamento jurídico sobre o financeiro teve ainda: 179 credores pagos, 33 execuções quitadas, 18 acordos celebrados, baixa de 118 processos, entre outros. Veja abaixo o resultado por área.

TRABALHISTA

O relatório informa que, em 2016, o Botafogo pagou em acordos fora do Ato Trabalhista – ou seja, em processos posteriores ao parcelamento do passivo – o valor de R$ 946.920,09. Considerando somente os valores das causas indicados nas reclamações trabalhistas, os acordos geraram economia para os cofres do clube de, aproximadamente, R$ 683.281,50. Já dentro do Ato, o Alvinegro movimentou R$ 20.100.000,00 para o pagamento parcial de 179 credores e quitar integralmente 33 execuções centralizadas.

Quem não fez parte desse acordo, por exemplo, é a dupla de ex-treinadores do Botafogo René Simões e Eduardo Hungaro. O clube se nega a pagar o que os dois pedem, um montante que juntos dá mais de R$ 3 milhões, pois discorda do pedido de hora extra do primeiro e contesta a remuneração do segundo na gestão de Mauricio Assumpção.

Eduardo Hungaro, René Simões, Botafogo (Foto: Arte Esporte)Eduardo Hungaro e René Simões estão entre os 434 processos trabalhistas existentes contra clube (Foto: Arte Esporte)

Com relação aos R$ 10.700.000,00 economizados, o montante foi abatido junto à Caixa Econômica devido à identificação de pagamentos já realizados anteriormente: seja em acordos trabalhistas, em processos do Ato ou outras execuções. O clube não reaveu a quantia, mas a utilizou para quitar as parcelas mensais de FGTS do Profut até o ano de 2019. Apesar dos bons resultados, a área ainda fechou 2016 com 434 ações trabalhistas, que incluem ainda a Companhia Botafogo e a Associação Botafogo Olímpico.

CÍVEL

Outra economia para os cofres alvinegros veio da área cível. Em um setor predominantemente dominado por cobranças de verbas que não constam na carteira de trabalho – como por exemplo luvas, comissões e direitos econômicos de jogadores –, o Botafogo realizou 18 acordos judiciais que o permitiram poupar R$ 1.960.341.72, isso fora a interrupção de incidência de juros e de correção monetária que continuariam incidindo se os processos fossem em frente.

A área cível também permitiu novas receitas, como por exemplo os R$ 5.254.399,97 que estavam retidos, depositados em juízo, referente ao aluguel de uma churrascaria localizada nas proximidades de General Severiano – o pagamento vinha sendo penhorado por uma ação do Ministério Público desde a gestão anterior, por propaganda ilegal no Mourisco Mar. Outra importância, na faixa de R$ 1,5 milhão, está próxima: o clube ganhou uma ação contra a Mix do Brasil, que estampou a marca Guaramix em 2015, mas atrasou pagamento e rescindiu.

balanço 2016, Botafoo (Foto: Reprodução)Gráfico mostra a dívida do Botafogo por ano e por setor: fiscal cresceu; trabalhista e cível diminuíram (Foto: Reprodução)



– O departamento jurídico vem buscando na esfera cível a reparação dos danos provenientes do uso indevido de sua marca. Diversas ações estão em curso, destacando-se, porém, a intentada contra o "Porta dos Fundos", em curso perante a 1ª Vara Empresarial, na qual buscamos expressiva indenização pelas perdas e danos ocasionados ao Botafogo – escreveu no relatório o vice-presidente jurídico alvinegro, Domingos Fleury, citando o famoso caso do Porta dos Fundos.

Porém, a dívida cível foi a única das três áreas jurídicas que aumentou de 2015 para 2016, passando de R$ 32.180.000,00 para R$ 34.135.000,00 (veja no quadro acima). Ainda restam, aproximadamente, 120 processos em que o Botafogo ou a Companhia Botafogo figuram no polo passivo, além de cerca de 30 processos em que ambos figuram no polo ativo.

FISCAL

shopping Botafogo (Foto: Divulgação / www.casaegourmetshopping.com.br)Imóvel do Botafogo foi crucial para obter CND (Foto: Divulgação / www.casaegourmetshopping.com.br)

A área fiscal também representou uma certa economia fruto de 15 processos de execuções fiscais municipais que foram extintos, ocasionando a baixa de dezenas de penhoras que recaíam sob os bens imóveis do Botafogo. O relatório não aponta valores nesses casos.

O melhor resultado do setor é considerado a suspensão temporária de uma dívida de R$ 34 milhões com a Prefeitura do Rio de Janeiro, referentes ao antigo imposto sobre serviço (ISS) em bilheteria e contratos de televisão. O Alvinegro apresentou como garantia o Shopping Casa & Gourmet, ao lado de General Severiano, interrompeu a ação e, assim, obteve a CND municipal.

Ainda restam 139 ações de execução fiscal, sendo 63 em âmbito federal, 73 municipais e três na esfera estadual. Para a Companhia Botafogo, o departamento jurídico atuou em três execuções fiscais na esfera estadual.

ESCRITÓRIOS TERCEIRIZADOS

Ao todo, o departamento jurídico do Botafogo contou ao longo de 2016 com o auxílio de nove escritórios terceirizados. Confira a relação abaixo:

– Dubeux Advogados e Associados;
– Barroso de Oliveira e Ferraz dos Passos Advogados;
– Pimentel Advogados Associados;
– Franco e Oliveira Advogados Associados;
– Zakka, Whitaker e Orlandi Advogados;
– Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello;
– Barbosa, Mussnich e Aragão;
– Capanema & Belmonte Advogados;
– C. Josias & Ferrer Advogados.

leandroalmeida

Desde 04/2013 • 10 anos de CANAL
Jacobina/BA

Nilton Santos


Em 29/03/2017 às 09:34
 

Após ler essa matéria, vejo que a torcida faz muita implicância com alguns setores do clube, muito mais por desconhecimento do que outra coisa. A atuação do Jurídico a partir da análise desses dados acima apresentados mostra, que apesar de imensas dificuldades, estão conseguindo sanear as ações do clube e em sua grande maioria com vantagem pro BOTAFOGO.
Lógico que ações midiáticas como a do Arão ficam em evidencia, e por se tratar de uma ação em que se questiona o novo, é normal as varas e os tribunais decidirem em discordância com teses novas, porém, nesse caso há de se ir até o TST, e creio que a resposta será com uma melhor análise, se vier vitória excepcional, más se perder a ação, há de se destacar que uma nova tese sempre incorrerá a sua não aceitação.
Por fim, quero aqui lembrar o que se é dito em todos os fóruns e páginas de botafoguenses, que o DM não vale nada, porém nenhum balanço foi apresentado e ninguém conhece a fundo o verdadeiro trabalho ali feito. Para criticar tem de se estar embasado e por achismos não há quem não quebre a cara em algum momento.

S


Rafaellopes

Desde 06/2011 • 12 anos de CANAL
Maceió/AL

Garrincha


Em 29/03/2017 às 09:45
 

A torcida pegou no pé por conta do contrato mal feito em relação ao Arão. Com justiça.

dbrum

Desde 06/2008 • 15 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 29/03/2017 às 09:57
 

A torcida não tem implicância nenhuma em relação a nada.

No caso do Arão teve pisada sim e foi por isso que reclamamos.

Aliás iremos reclamar sim sempre que acharmos que oa interesses do BFR estão sendo aviltados. 

Contra fatos não há argumentos.

Estão fazendo um bom trabalho. Então parabéns.

Que continuem assim que não iremos reclamar e nem ter implicância com nada. 

 





"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível, e que esse momento foi inesquecível."

mineirow@hotmail.com

Desde 09/2013 • 10 anos de CANAL
zona rural/MG

Garrincha


Em 29/03/2017 às 10:02
 

Palmas para o Jurídico.
Muitas das críticas, vem em função de matérias dessa mídia de merda.




 

Mineiro

 

 

 

FOGÃO V.R.

Desde 01/2012 • 12 anos de CANAL
Volta Redonda/RJ

Garrincha


Em 29/03/2017 às 12:00
 

Muitas críticas vem em função de quem critica não entender nada do assunto em questão,como é o meu caso.

Aquela expressão antiga,"ouviu o galo cantar...", pois é.


tadeu20

Desde 01/2011 • 13 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 29/03/2017 às 12:08
 

Parabéns ao jurídico no que acertou. São pagos para isso. Não para ter resultados, mas para demonstrar serviço e seriedade.

E a Dora está coberta de razão. No caso Arão é preciso haver cobrança sim! O que fizeram foi uma tremenda cagada.

Tudo isso é questão de justiça. Palmas para os acertos e críticas para os erros. Simples.


FOGÃO V.R.

Desde 01/2012 • 12 anos de CANAL
Volta Redonda/RJ

Garrincha


Em 29/03/2017 às 12:14
 

Lendo essa reportagem percebemos o tamanho do buraco que o clube se encontra.São centenas de processos nas várias esferas jurídicas.
Como deixaram o clube chegar a tal situação?
Precisamos de várias administrações como a do CEP(ou melhor que a dele),seguidas para,num processo lento e gradual,tirar o BFR desse atoleiro.


bmartinsinfo

Desde 01/2008 • 16 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Profissional


Em 29/03/2017 às 13:47
 

É preciso separar o tipo de crítica.

Quando pegamos o caso do Arão, de forma isolada, e críticamos o jurídico, não vejo problemas e me sinto no direito de criticar se acontecer novamente.

O que não acho correto é pegar, apenas pelo erro no caso Arão, generalizar e dizer que o nosso jurídico é uma merda sem levar em consideração todos os outros acertos.



rentesilva

Desde 03/2012 • 12 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Infanto


Em 29/03/2017 às 16:29
 

Na verdade esse Arão é um grande filho da puta que não honra as calças que veste, onde já se viu assinar um contrato e depois não cumprir alegando que a lei mudou. Parece que o juridico deu brechas, mas o cara é um babaca e conta com a cumplicidade dessa justiça sem vergonha do Brasil.

instante

Desde 09/2015 • 8 anos de CANAL
SP

Garrincha


Em 29/03/2017 às 16:36
 

Quanto ao Arão: eu contrataria algum atleta amador apenas pra quebrar o joelho desse cara durante uma partida.



"Mas eles me idolatram antes que eu ganhe um único jogo. "

TEX, John 

dbrum

Desde 06/2008 • 15 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 29/03/2017 às 16:38
 

Fogão V.R vc tem razão.

Nem gosto de imaginar depois de todo esse sacrifício não termos a continuidade de tudo que já foi feito até agora.

Podemos até discordar de uma coisa ou outra mas a cada dia que passa vemos que está sendo feito um trabalho. E que ele está sendo feito muito bem superando as nossas expectativas.

Infelizmente poderia até ser melhor mas as circunstâncias que enfrentamos foram muito adversas.

Quando me lembro daquele presidentista safado e fdp sinto até náuseas. Mas se ele não tivesse deixado a terra arrasada que ele deixou hoje estaríamos 1000X melhores.

Bom trabalho dessa gestão. Que ele continue sendo feito da mesma ou até melhor forma. 





"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível, e que esse momento foi inesquecível."

Vini-S

Desde 02/2016 • 8 anos de CANAL
Porto Alegre/RS

Garrincha


Em 29/03/2017 às 18:10
 

A torcida pegou no pé por conta do contrato mal feito em relação ao Arão. Com justiça.

....

Exatamente. E o problema não foi só a elaboração do contrato, mas a própria linha de defesa no processo, totalmente equivocada.

Não ia ser fácil reverter, daí os caras ainda insistiram no erro que cometeram ao redigir o contrato (sem me alongar - a alteração foi antes do contrato, sim (com circular da Fifa e tudo), e deram brecha pro fdp anular a cláusula de renovação).

Por isso não foi surpresa a sentença favorável ao Arão.

Pra ter alguma chance de mudança no TST, espero que tenham mudado a linha de defesa, caso contrário a chance de reversão é zero.

Agora, justiça seja feita, muita coisa é INDEVIDAMENTE colocada na conta do Jurídico.

Todos esses outros caras que saíram por falta de pagamento (Henrique Almeida, Gabriel, Daniel), não tinha jurídico do mundo que pudesse salvar.

A lei e o entendimento dos Tribunais é muito clara sobre a rescisão de contrato em hipóteses de mais de 3 meses de atrasos de FGTS e/ou carteira.

Não é o Jurídico quem paga as contas.

Seja por uma cagada do financeiro ou por escolha da direção (presumidamente por falta de dinheiro), essas saídas não tinha o que o Jurídico fazer.

É o autor entrar com a ação e correr pro abraço.




 

Segue o jogo

tosoli3

Desde 03/2009 • 15 anos de CANAL
São José do Vale do Rio Preto/RJ

Garrincha


Em 31/03/2017 às 18:28
 

Trabalhou bem ?? ok .. parabéns....aplausos. Que continue assim pois....

Se fizer merda , estamos de olho e atentos, pra reclamar e descer o malho em qualuqer um que não defenda os interesses do clube.


Marlonster

Desde 05/2011 • 12 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 31/03/2017 às 22:06
 

Aí depois vem torcedor dizer que por não termos um "atacante TOP" o clube não tem ambição. É por essas e outras dívidas que o clube, por enquanto, só vai poder viver de apostas arriscadas se quiser disputar algo e aí o risco é grande mesmo de aparecerem Yacas e Lízios. Não adianta. Mas aos trancos e barrancos ainda temos um time titular que, se não é uma maravilha, ao menos vem dando orgulho pela garra mostrada nos jogos decisivos. Jogadores que, em sua grande maioria, vieram sem multa e com salário bem abaixo da média dos outros grandes clubes.

A maioria das vezes o dinheiro que poderia ser gasto numa grande contratação (pagando a multa e o escambau) vai pro pagamento dessas dívidas, acordos, etc. Só que é difícil o torcedor em geral se dar conta de que, pelo menos por enquanto, pro clube continuar respirando, vale mais o pagamento em dia do Ato Trabalhista (por exemplo) do que estourar o orçamento com a contratação de um craque.


Marlonster

Desde 05/2011 • 12 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 31/03/2017 às 22:12
 

São matérias antigas, mas interessantes.

Marlonster

Desde 05/2011 • 12 anos de CANAL
Rio de Janeiro/RJ

Garrincha


Em 31/03/2017 às 22:12
 

16/12/2016 07h00 - Atualizado em 16/12/2016 09h36

"Amador" com orgulho, diretor do Bota destrincha reestruturação e planos

Com DNA na fundação do clube, Gustavo Noronha atua ativamente na contratação de estrangeiros, faz balanço positivo de apostas e vê Montillo perto: "Compraram a ideia"

Por Marcelo Baltar e Thiago LimaRio de Janeiro

gustavo Noronha Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)Gustavo Noronha, o diretor jurídico do Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)

A paixão pelo Botafogo vem de berço, cresceu nas arquibancadas de Caio Martins e hoje, mais do que nunca, é coisa séria. “Amador” com orgulho, o advogado Gustavo Noronha, 40 anos, aparece pouco, mas tem voz ativa em General Severiano. O diretor jurídico vem há pouco mais de dois anos ajudando na reestruturação alvinegra. 

No final de 2014, ao lado do presidente Carlos Eduardo Pereira, encontrou um clube rebaixado para Série B, atolado em dívidas, com quatro meses de salários atrasados e sem credibilidade no mercado. O jeito foi recomeçar praticamente do zero, sem abrir mão da política de pés no chão ou dar um passo maior que as pernas.

- A gente era chamado de amador, né? "Entraram os amadores". Com muito orgulho, que bom que nós somos amadores porque o estatuto do clube não permite que tenha um gestor remunerado, e nós somos de fato amadores. Mas com uma gestão profissional, uma forma de encarar a coisa como se administra uma empresa.

O recomeço foi lento, mas em dois anos apresentou resultados. De volta à elite do futebol brasileiro e com o passaporte carimbado para Libertadores 2017, o Botafogo resgatou a confiança de todos, especialmente de seu torcedor. E hoje, já pode sonhar com investimentos mais altos, como a possível contratação do cobiçado Walter Montillo.

Em pouco mais de uma hora de papo com o GloboEsporte.com em seu escritório de advocacia no Centro do Rio de Janeiro, Noronha falou sobre as dificuldades no início da atual gestão, sobre os obstáculos ao longo desses dois anos, as negociações frustradas e as que deram certo, o "achado" de Carli, medalhões oferecidos e especialmente sobre o planejamento para 2017. 
 
REESTRUTURAÇÃO DO CLUBE
A gente começou, voltando lá em novembro e dezembro de 2014, quando a gente ganhou a eleição e pegou o clube um tanto destroçado. Rebaixado, salários atrasados há muitos meses, contratos sendo rompidos judicialmente... Então foi muito difícil aquele momento porque nós tínhamos poucos jogadores para contar, e os poucos não estavam motivados. Imagina, com três, quatro meses de salário atrasado ninguém se motiva mesmo. Havia uma incógnita da capacidade financeira para o ano seguinte, e o que a gente mais ouvia era: "Quando eu vou receber?" Lembro que na reapresentação do elenco em Várzea das Moças o Cidinho, que estava em recuperação, como eu o conhecia há mais tempo, ele vinha e falava: "Pô, doutor, quando eu vou receber". É chato ouvir isso. Eu sou empresário também, sou sócio de um escritório de advocacia grande, a gente tem cento e poucas pessoas aqui. Eu fico imaginando se eu atrasar o salário um dia se vou ter coragem de olhar para a cara das pessoas. Aí você assume uma gestão com o clube devendo quatro meses é difícil olhar para as pessoas. Chegava na roleta e tinha vergonha de passar pelo porteiro. Era um momento muito complicado.

Botafogo 2015 (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)Elenco do Botafogo em 2015, ano em que o clube disputou a Série B (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)


HAVIA MUITA DESCONFIANÇA?
Muita. Segurança, motorista, departamento de futebol, todo mundo com salário atrasado. É muito desconfortável. Aí a gente foi, com muita ajuda do Carlos Alberto Torres, René Simões e do (Antônio) Lopes, que são pessoas fora de série e têm uma reputação no futebol. Eles entenderam o nosso momento, acreditaram na nossa credibilidade, empenharam também a palavra para trazermos jogadores, e a gente conseguiu apostar em alguns que estavam conosco que valia a pena continuar e acreditar no projeto. Tivemos uma desconfiança muito grande por parte da imprensa, da torcida em um primeiro momento, mas também tivemos apoio. Aquele sentimento de que pessoas vinham sem outros interesses vindo para ajudar de fato. É aquele negócio, no dia que eu não estiver aqui no escritório pode começar a desconfiar de mim: "Esse cara está tirando dinheiro da onde?" Ele exerce um cargo não remunerado no Botafogo e não está indo trabalhar, alguma coisa está errada. Então é uma ginástica danada para conciliar, tanto para mim, quanto para o Carlos Eduardo, o Cacá, as nossas atividades profissionais com o clube, onde a gente exerce uma função ali apaixonada e livre de outros interesses. A gente era chamado de amador, né? "Entraram os amadores". Com muito orgulho, que bom que nós somos amadores porque o estatuto do clube não permite que tenha um gestor remunerado, e nós somos de fato amadores. Mas com uma gestão profissional, uma forma de encarar a coisa como se administra uma empresa

 O Tomas Bastos por exemplo, quando veio o J. Malucelli falou: "Olha, é um ano, não dou nem um dia a mais". E a gente estava em uma situação muito frágil naquele momento. Não dava nem tempo, a gente tinha três semanas para montar um time. É diferente de hoje que a gente está planejando 2017 desde setembro, tem quatro meses para levar uma negociação
Gustavo Noronha

MONTAGEM DO ELENCO
A gente foi colocando muito pé no chão na montagem desse elenco. Não dando nenhum passo que a gente não pudesse pagar. Primeiro grande passo foi a renovação com o Jefferson, que teve uma importância enorme na campanha na Série B. Isso passou também uma credibilidade para o mercado: Se o goleiro da seleção brasileira vai ficar é porque as pessoas são sérias e porque o projeto tem pé e cabeça. Isso deu para a gente um respaldo de começar o trabalho de maneira consistente. Aí trouxemos alguns bons jogadores, lembro bem a montagem desse elenco: Diego Jardel, Navarro, Renan Fonseca... Alguns deram muito certo, outros nem tanto, mas também foram importantes. Mas nós não tínhamos naquele momento a capacidade de fazer contratos muito longos. O Tomas Bastos por exemplo, quando veio o J. Malucelli falou: "Olha, é um ano, não dou nem um dia a mais". E a gente estava em uma situação muito frágil naquele momento. Não dava nem tempo, a gente tinha três semanas para montar um time. É diferente de hoje que a gente está planejando 2017 desde setembro, tem quatro meses para levar uma negociação. Faz uma proposta, espera um retorno. O pé no chão deu muito certo porque a gente vê aí que onde atrasa salário a coisa não vai. Esse ano já foi uma remontagem muito mais tranquila do que foi em 2015 porque já conseguiu alongar os contratos, pensar mais à frente. Alguns vieram ainda com contrato de um ano, como a maioria dos estrangeiros, mas os jogadores que a gente já imaginava na largada ou que o rendimento foi muito bom a gente já prolongou com multas altas. Carli ampliamos para três anos, Camilo até 2018... Isso dá um conforto para o clube. E a gente está acreditando que essa montagem para 2017 vai ser mais tranquila porque já temos uma espinha dorsal.
 
POLÍTICA DE CONTRATAÇÕES
Na nossa maneira de ver... Óbvio que isso às vezes muda (risos). Tudo na vida tem uma parcela gerenciável e uma não gerenciável. A não gerenciável não depende de você, então esquece. A gerenciável você vai tentando manejar. Dentro do que é gerenciável, a gente imagina fazer menos apostas, ou seja, trazer menor quantidade de jogadores, e mais contratações cirúrgicas, posições-chave e com mais chances de dar certo. Foi o caso do Roger, que a gente examinou há mais tempo, o Jair (Ventura) gosta, e a gente contratou. Vamos seguir essa linha de contratações cirúrgicas. Fizemos o mesmo com Gatito e João Paulo, por exemplo.
 
BALANÇO DOS GRINGOS
O balanço está mais ou menos dentro do esperado. Gostaríamos que a performance tivesse sido melhor da maior parte deles, mas, enfim, futebol e a vida são assim. Mas o Carli foi um acerto muito grande, jogador que já virou ídolo da torcida, está super bem. Alguns, como o caso do Salgueiro, não funcionaram, tirando aquele gol sobre o Flamengo que já pagou o ingresso. Acontece, não é matemática. Alguns foram apostas, caso do Lizio, jogador muito habilidoso, mas acho que não entrou no ritmo que o futebol brasileiro exige. Sensação que a gente teve é que ele não se adaptou. Fizemos algumas contratações no mercado nacional que também não deram certo. Fala-se muito dos estrangeiros, mas várias que a gente fez no mercado nacional também não deram certo. Casos do Maranhão, Marquinho, Aquino... Não renderam aqui. Dentro do volume que a gente contratou e os que deram certo, a proporção é quase a mesma (estrangeiros e brasileiros). Foi uma estratégia do momento, precisávamos de mais contratações e não tínhamos muito dinheiro. O mercado brasileiro é caro e competitivo demais. A gente viu agora, nós tentamos o Keno e perdemos para o Palmeiras. Por aí já dá para ver que não é fácil contratar no Brasil. Vamos tentar algumas no mercado nacional esse ano, estamos com algumas em andamento, mas não dá para descartar o mercado sul-americano, principalmente argentino, uruguaio, chileno... Estamos observando e vamos acabar trazendo alguém para tentar de novo.

Montillo e Diego Tardelli Shandong Luneng  (Foto: Divulgação / AFC)O argentino Montillo, à direita, é um dos alvos do Botafogo para a temporada de 2017 (Foto: Divulgação / AFC)

COMO CHEGARAM AO NOME DO MONTILLO?
A gente mapeou alguns nomes que pudessem, na nossa maneira de ver, ajudar a assumir responsabilidade na temporada e ajudar na transição da defesa para o ataque. O meio precisava. Internamente, surgiu o nome do Montillo. Foi um dos primeiros nomes que apareceram.

 Eu só gosto de dizer que está perto quando assina. As conversas são boas. Apresentamos a proposta e o projeto, eles compraram a ideia. Mas só falo que está certo com a assinatura.
Noronha, sobre Montillo

AS INFORMAÇÕES SÃO QUE ELE ESTÁ MUITO PRÓXIMO...
Eu só gosto de dizer que está perto quando assina. As conversas são boas. Apresentamos a proposta e o projeto, eles compraram a ideia. Mas só falo que está certo com a assinatura.

O QUE MUDA PARA VOCÊS A CLASSIFICAÇÃO PARA A LIBERTADORES?
Acho que muda a percepção do mercado em relação ao Botafogo. O trabalho ser coroado por uma vaga é sempre uma alegria. Talvez mude o interesse dos jogadores pelo fato de estarmos na Libertadores. É um chamariz. Muda muito a confiança da torcida. Ela está mais confiante, o ano foi bom, isso pode repercutir no fato dela abraçar o clube. O Botafogo precisar ser abraçado pela torcida. Na verdade, todos os clubes. Isso é um passo adiante. A torcida abraçou o time com certa desconfiança em 2015, nesse ano também, mas acho que em 2017 vai abraçar o clube de uma maneira mais alegre. Isso é bom. Positividade atrai positividade.  

Gustavo Noronha (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)Gustavo Noronha (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)

COMO FUNCIONA A PARCERIA COM GERARDO CANO?
Nós conhecemos o Gerardo quando ele nos apresentou o Navarro. Já existia uma relação com a gestão anterior, quando ele trouxe o Lodeiro. Temos uma boa relação, mas não chega a ser de fato uma parceria. É um agente que costuma cumprir a palavra. No futebol, isso não é muito comum. Alguns cumprem, e as coisas andam melhor. Tratamos com outros empresários sérios. A tendência é ter relações de vida longa com pessoas sérias. Aqui no Botafogo temos uma grande preocupação com a seriedade das pessoas. Pisou na bola uma vez, não pisa mais no clube. Jogamos muito aberto.
 
O SUCESSO DO NAVARRO, QUE É DO GERARDO, INFLUENCIOU NESSA APOSTA NOS GRINGOS?
Funcionou muito bem o Navarro, né? Uma pena, perdemos para o mercado mexicano, ele foi ganhar lá três vezes mais do que ganhava aqui. Não deu para segurar.
 
COMO FUNCIONA A CONTRATAÇÃO DE GRINGOS?
Não tem uma semana que passe que nosso departamento de análise, desempenho e inteligência não examine um jogador sul-americano. Procedimento é sempre o mesmo: a gente recebe uma indicação, ora já estamos procurando, ora um empresário ou conselheiro indicou. Ou até mesmo torcedor que indicou (risos), acontece também. A gente vai: "Esse aí está valendo a pena, vamos olhar". Aí nosso departamento de inteligência busca as informações. Usamos um sistema avançado onde os caras monitoram o jogador, a posição dele dentro do campo, não só no scout, mas veem no 1 a 1 ofensivo, no 1 a 1 defensivo. Só lances dele, aí fazem um relatório, não é conclusivo, contrata ou não, isso depende de outras circunstâncias, mas mostra se as características dele que foram "vendidas" ao clube se confirmam e tal. Em cima disso a gente tenta errar o menos possível, mas erros sempre acontecem.
 
QUEM DECIDE A CONTRATAÇÃO?
É uma decisão colegiada com o presidente, o Cacá, o Lopes, eu, o Luis Fernando que é o vice-presidente executivo, o Jair e a turma da análise de desempenho. A gente sempre inclui o profissional que fez o desempenho para ele ser ouvido também.
 
MAS VOCÊ TEM PAPEL MAIS DIRETO NA CONTRATAÇÃO DE ESTRANGEIROS?
Como eu trabalho muito com gente internacional aqui no escritório, dou muita palestra nesses países. Argentina, Uruguai... Mas na minha área, que é a tributária, advocacia de impostos. Eu falo espanhol, isso facilita um pouco. Talvez só por essa razão eu acabo me envolvendo um pouco mais. Quando liga um empresário para o Lopes falando espanhol, ele: "Gustavo, vem cá conversar com ele" (risos). Mas é muito mais casual do que outra coisa. No procedimento padrão, o Lopes faz a negociação, e a coisa chega para mim em uma parte mais jurídica, de elaboração de contrato. Às vezes, a gente divide um pouco a atribuição de negociação em si, mas normalmente eu vejo mais o contrato.

Gustavo Noronha e Joel Carli (Foto: Botafogo)Gustavo Noronha foi um dos responsáveis pela chegada de Carli (Foto: Botafogo)

O "ACHADO" DO CARLI
O Carli foi indicação de um conselheiro nosso, do Rodrigo Farreh, que acompanha muito o mercado argentino. Nem sei por que razão, mas ele assina o Campeonato Argentino, assiste a todos os jogos, e de vez em quando ele dá uma assim: "Gustavo, vê o fulano de tal". Foi assim com o Carli: "Olha, tem um zagueiro lá no Quilmes que já acompanho há muitos anos e é bom jogador". Tinha tido uma contusão, ficou um tempo no banco, mas foi titular a vida inteira e tal. Mandamos para o analista de desempenho, e ele aprovou. Só que o Carli não tinha sido oferecido para a gente, diferente dos outros. A gente entrou em contato com um agente que conhece muito o mercado sul-americano, foi quem fez o contato com ele, e daí a coisa andou. Teve um problema do Quilmes lá com a transferência, tinha uma liminar contra o clube impedindo qualquer transferência internacional. Eles estão até hoje em uma crise, mas naquela ocasião estavam com vários credores na praça. Um deles conseguiu uma liminar que a AFA foi intimada por um juiz. Ele já estava aqui (risos) foi um momento difícil, tivemos que contratar um advogado lá para entender a situação e discutir com a AFA, graças a Deus as coisas correram bem.
 
EXISTEM NOVOS "CARLIS" A SEREM DESCOBERTOS?
(Risos) Sem dúvida, sem dúvida.
 
VOCÊS CHEGAM A IR VER OS GRINGOS IN LOCO?
Em alguns casos sim, a gente manda o analista para ir ver o jogo. Mas hoje a informação... Esse programa pega as informações das Séries A, B e C do Brasileiro, do Argentino... Às vezes a gente precisa ir muito mais ara conversar com as pessoas, depende se tem acesso ao clube, mas só para ver o jogo em si não tem muita necessidade. 

Esteban Cambiasso Leicester City (Foto: Getty Images)Esteban Cambiasso Leicester City (Foto: Getty Images)

É POSSÍVEL TER UMA NOVA ESTRELA COMO O SEEDORF?
Talvez. A gente trabalha com esse cenário, mas com pé no chão. Depende muito da negociação, da aposta do jogador... Tem um projeto do clube para o jogador, e do jogador para o clube também. A gente não trabalha com a hipótese de trazer um cara que custe R$ 1 milhão por mês e que não saiba como pagar. Mas a gente trabalha com o cenário de ter um jogador mais tarimbado, digamos assim, que possa atrair a torcida e tal, e que ele aposte no projeto do Botafogo. Em algumas conversas que temos tido com bons jogadores eles têm perguntado isso: "Mas quais são os planos para o jogador?" Acho que hoje tem essa consciência em alguns empresários, e de alguns jogadores, de como ele vai encaixar no elenco. Por exemplo: a gente hoje precisa de um bom jogador de meio campo para conversar com o Camilo, os nossos esquemas sobrecarregam o Camilo um pouco porque a gente acaba tendo volantes, atacantes e ele fica ali no meio um tanto sozinho. Alguns nomes que estamos vendo estão enxergando isso. Sem fazer loucura, pés no chão, mas tentando mostrar um projeto. Essa frase ficou meio que com o (Vanderlei) Luxemburgo porque tudo era "projeto", "projeto" (risos). Mas é um pouco por aí mesmo. Primeiro mostrar a nova realidade do clube, que a gente honra com o que combina, e pensar em menos quantidade e mais qualidade.
 
POR QUÊ RECUSARAM O CAMBIASSO?
No final a gente achou que a aposta era muito cara para o nosso momento. Jogador de idade mais avançada... É difícil fazer esse tipo de balança, né? Achamos que era um risco muito alto para o tamanho da grana que iríamos ter que gastar.
 
E O BARCOS?
Barcos a gente tentou no passado. Tentamos o Viatri também, não deu certo.
 
O RAUL MEIRELES FOI OFERECIDO TAMBÉM?
Não. Tem muita coisa que aparece que a gente acha que alguém tentou plantar.
 
JOGADORES QUE VOLTAM DE EMPRÉSTIMO SERÃO APROVEITADOS?
Estão no elenco, né? A gente vai ter que avaliar, saber se reempresta... Vai depender um pouco da montagem do elenco, posição que estiver carente... Vão ser reavaliados.
 
PRIORIDADES
Acho que um 10 e um 9 a gente vai precisar. Precisa de mais um atacante ali, talvez um que jogue pelos lados... Algumas coisas estão um pouco incertas ainda, temos que ver se o Neílton fica, a lateral esquerda é um problema porque a gente não tem ainda definida, o Victor (Luís) talvez volte para o Palmeiras, mas a gente está tentando manter. 

Ao mesmo tempo é um sonho e um pesadelo. Quando a gente assumiu a gestão, sem brincadeira, não é politicagem ou coisa do gênero, mas eu vi uma criança na rua com a camisa do Botafogo e senti um peso nas costas. Botafogo na Segunda Divisão, a gente naquele momento meio que sem saber para onde ir, não tinha dinheiro, o clube estava devendo todo mundo, cheio de penhora, Ato Trabalhista suspenso... Passava por ela na rua, obviamente ela não sabia quem eu era, até hoje não sabem porque minha função é muito mais interna, e eu ficava pensando assim: "Olha o tamanho da responsabilidade". Esse é o pesadelo
Gustavo Noronha

PAPEL DO ANTÔNIO LOPES
É um cara sensacional. Super correto, tem uma presença de vestiário importante, tem uma história que fala por ele. Um profissional que já viu um pouco de tudo. Em vários momentos difíceis ele foi muito importante. Você vê a importância do profissional quando a coisa vai mal. É difícil você distinguir o bom para o mau profissional quando está tudo bem. Aqueles momentos lá em que estávamos mal no Brasileiro, fizemos aquela mini-temporada lá em Várzea (das Moças). Como eu moro em Niterói, ia muito lá. Era meu caminho do trabalho. Aí ficava o Lopes naquela salinha de vidro em cima, naquele campo lá de trás. Eu entrava: "E aí, Lopes, como que está?". Ele olhava: "Tudo certo. Fica tranquilo que vai dar certo". Ou não, aí falava: "Momento precisando dar uma chacoalhada, mas se fizer isso assim, assim, assado vai funcionar". A experiência de um cara que já viu muita coisa, indo bem ou mal, é muito importante. Eu não sou um cara do futebol, sou advogado. Então você precisa ter os profissionais e colher informações daqui e dali para tomar decisão. Mesma coisa com o Cacá, o presidente... A gente não é do futebol, embora sejamos fanáticos e acompanhamos futebol a vida inteira. Tem coisas que não dá para errar, você sabe se vai ou não. Outra coisa é o clima, do trabalho render ou não... A importância do Lopes é enorme, e às vezes a torcida não vê mesmo porque é um trabalho muito silencioso.
 
ASSIM COMO O DE VOCÊS...
Também, muito silencioso. Quando dá certo é sorte, quando dá errado a gente é incompetente (risos). "Botafogo deu sorte", é o que a gente mais tem ouvido.
 
COMO INGRESSOU NA POLÍTICA DO BOTAFOGO?
Eu sou sócio do Botafogo desde os 9 anos. Mas eu não era politicamente ativo, sempre trabalhei muito. Aí em 2003, o Botafogo estava na Segunda Divisão, e eu comprei uma cadeira no Caio Martins para a temporada, na gestão do Bebeto (de Freitas). Ele fez um plano de sócio-torcedor e tinha uma cadeira VIP que era permanente. Meu nome está até hoje lá, fui esses dias em um jogo do sub-20 e vi que os decalques daquela época ficaram nas cadeiras. Os meus vizinhos de cadeira na época eram todos conselheiros, envolvidos com política. Eu era um torcedor comum, apaixonado, que ia a todos os jogos, até hoje vou a quase todos. E esses caras depois começaram a falar: "Você é um cara que devia estar na política do Botafogo, gente nova, sangue novo, são sempre os mesmos". Essa história ficou na minha cabeça, realmente eu podia tentar ajudar. Esse grupo depois se uniu e disputou a eleição, a gente perdeu contra o Bebeto na ocasião.
 
COMO CHEGOU A DIRETOR JURÍDICO DO CLUBE?
Surgiu a história do Maurício (Assumpção). Ele nem seria o candidato, seria o Mantuano, mas por algumas conjunturas políticas apareceu o nome do Maurício. Ele meio que caiu de para-quedas. Para ter ideia, essa eleição foi em 2008 e eu conhecia a maioria das pessoas do grupo desde 2003, e o Maurício eu conhecia há um mês. Eu era um nome para ser o vice jurídico do Maurício porque teve uma história na época do Bebeto em que ele colocou para votar um monte de sócios com menos um ano de associação. O Estatuto do Botafogo só deixa votar se tiver um ano. Eram uns 150, 200 sócios e eles não puderam votar porque eu entrei com uma ação e consegui uma liminar. Talvez um pouco motivado por essa confusão toda me indicaram para vice jurídico e aceitei. Só que no primeiro ano a gente teve um racha na administração, brigou com o Maurício, e eu renunciei. As divergências eram muito profundas, e eu fui ser oposição. Perdemos a eleição quando o Maurício foi reeleito. Pelo Estatuto, a chapa que perde elege 14 conselheiros para o Conselho Deliberativo, e eu fui um desses. Fizemos uma oposição bem presente, acompanhamos os principais desmandos que acabaram desaguando nessa confusão toda que aconteceu. E a gente estava avisando ó (estala os dedos), há muito tempo. E quando a gente ganhou essa eleição, eu estava em uma fase de carreira aqui no escritório que não conseguiria o tempo que o Botafogo merece para ocupar o cargo de vice jurídico. O Carlos Eduardo perguntou onde eu poderia ajudar. Falei: "Acho que posso ajudar no futebol porque já fui vice jurídico, conheço como funciona o regime dos contratos, me dou muito bem com o Aníbal (Rouxinol, advogado do clube)"... Eu acho que posso fazer isso, comandar o departamento jurídico dentro do futebol cuidando da parte disciplinar, que são os tribunais esportivos, a gente discute a estratégia e como fazer, e cuidar dos contratos com os jogadores. Revisar os contratos, tomar cuidado com certas questões... Ele concordou, achou uma ótima ideia, e estamos aí tentando ajudar.

Estátua de Jairzinho no escritório de Gustavo Noronha Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)Estátua de Jairzinho no escritório de Gustavo Noronha Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)

Marlonster

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Garrincha


Em 31/03/2017 às 22:13
 

13/01/2017 05h00 - Atualizado em 13/01/2017 13h06

Entrevistão: reforços, política, vida... Carlos Eduardo Pereira abre o coração

Presidente do Botafogo faz balanço da gestão, projeta Libertadores, renovação com Montillo, Nilton Santos e admite: "Coisas foram melhores do que a gente imaginava"

Por Felippe Costa, Marcelo Baltar e Thiago LimaRio de Janeiro

Carlos Eduardo Pereira, Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)Carlos Eduardo Pereira virou o maior símbolo da reestruturação do Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)

A quarta-feira foi cansativa, mas valeu a pena. Em pleno verão carioca, com sensação térmica acima de 40º, o Botafogo abriu as portas para a torcida receber Montillo, na entrada do Salão Nobre de General Severiano. Horas após exibir talvez o maior troféu de sua gestão, no andar acima, Carlos Eduardo Pereira recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em seu gabinete, na sede. Um escritório simples, ao lado da sala de troféus, mas palco de decisões importantes, que mudaram o rumo do Alvinegro nos últimos dois anos. 

A expressão era de cansaço, mas o sorriso, leve. A serenidade é de quem, entre erros e acertos, vem aos poucos recolocando o Botafogo em seu devido lugar. Hoje o cenário é bem diferente daquele encontrado no início de sua gestão, em novembro de 2014. O time está na Libertadores, os salários em dia e a contratação de Montillo encheu os alvinegros de autoestima. Tanto que o argentino, em sua apresentação, teve que dividir um pouco das atenções com o presidente. Carlos Eduardo foi parado dezenas de vezes para fotos e selfies com torcedores. 

– Até fico constrangido quando as pessoas pedem para tirar fotos comigo. Eu não sou nada. Sou apenas um coordenador das atividades. As estrelas são os jogadores, nossos ídolos. Mas faz parte desse processo de resgate da nossa autoestima. Desde o primeiro momento procuramos por isso. Fizemos isso pelo lado administrativo, mas em algum momento você tem que arriscar alguma coisa. É claro que dentro de um parâmetro para mexer com as pessoas no campo esportivo. E realmente conseguimos mexer com a torcida. 

Até fico constrangido quando as pessoas pedem para tirar fotos comigo. Eu não sou nada. Sou apenas um coordenador das atividades. As estrelas são os jogadores, nossos ídolos. Mas faz parte desse processo de resgate da nossa autoestima. Fizemos isso pelo lado administrativo, mas em algum momento você tem que arriscar alguma coisa. E realmente conseguimos mexer com a torcida"
Carlos Eduardo Pereira,
presidente do Botafogo

Montillo, aliás, tomou conta de boa parte do bate papo que durou cerca de 1h20, na última quarta-feira. Carlos Eduardo Pereira explicou o motivo do contrato, em um primeiro momento, ser de apenas um ano. Fato muito questionado por torcedores nas redes sociais.

– Adaptação. O Montillo deixou claro que a família ocupa uma posição central na vida dele. Ele tem dois filhos, esposa... Apesar de o Rio de Janeiro ser uma cidade muito hospitaleira, sempre tem uma adaptação, especialmente para crianças pequenas. Ele é extremamente profissional. Esperamos que ocorra essa adaptação para que ele se sinta bem e depois a gente estenda esse vínculo – afirmou o dirigente, que participa ativamente das negociações e, durante a entrevista, até recebeu uma ligação onde bateu o martelo sobre a desistência por Alemão. 

Na conversa com o GloboEsporte.com, Carlos Eduardo Pereira também falou sobre seus pouco mais de dois anos à frente do Botafogo. Não descartou tentar a reeleição no fim do ano, apesar de ser contra a ideia. Atacou a "desunião" do Flamengo. Falou sobre a nova folha salarial do futebol. Defendeu o tão criticado gerente Antônio Lopes – "É uma voz de quem já viu acontecer de tudo no futebol". E suspirou ao reconhecer as dificuldades de contratar um atacante de lado, pedido especial de Jair Ventura para a Libertadores.

Confira a entrevista completa com o presidente alvinegro:

GloboEsporte.com: qual o balanço até este último ano de gestão? Foi mais difícil do que pensou?

Carlos Eduardo Pereira: Foi bem mais difícil. Em 2011, quando concorremos pela primeira vez, a tempestade estava no horizonte. Sabíamos que ela estava vindo, mas poderíamos desviar dela de alguma maneira. Em 2014, a gente já estava dentro da tempestade. Apareceram coisas que de fora não se vê. Ganhou uma dimensão muito maior do que poderíamos imaginar. Tínhamos seis jogadores quando eu cheguei. Montamos uma equipe que ganhou a Taça Guanabara, o Brasileiro (Série B), subimos, reformulamos tudo outra vez... O time da Série B não poderia jogar o Brasileiro. Fizemos um primeiro turno complicado, os reforços vieram. A questão do tempo é muito complicada no futebol. Entre você querer e você conseguir, tem uma longa distância. 

Depois, perdemos o Ricardo Gomes. Inicialmente achamos que seria um problema muito difícil de ser superado. Mas conseguimos superar com a força do Jair e com a presença do (Antônio) Lopes, que é um cara vitorioso e já ganhou Copa do Mundo. Tudo o que o Lopes disputou ele ganhou. Ele é muito importante nesses momentos de transição. É uma voz de quem já viu acontecer de tudo no futebol. Eu brinco com ele: "Lopes, o abacaxi é esse". Ele geralmente já passou por isso. As coisas foram melhores do que a gente imaginava. 

Subimos da Série B para a Pré-Libertadores. O resultado, sem dúvida, é muito bom. Agora não vamos desfazer do time. Hoje a gente não precisa mais. Agora o trabalho é manter a equipe, receber os reforços e receber os garotos campeões brasileiros (sub-20). Felizmente, é um quadro bem diferente. Mas os desafios também são muito grandes. Temos esse problema de datas por conta da Libertadores, mas é um doce problema. Um problema que a gente sempre sonhou.

Carlos Eduardo Pereira, Botafogo (Foto: Alexandre Loureiro/ SSPress/ Botafogo)Carlos Eduardo Pereira apresentou a sala de troféus do Botafogo a Montillo (Foto:Alexandre Loureiro/ SSPress/ Botafogo)

Até o caminho considerado o mais difícil na Libertadores?

No sorteio, algumas pessoas reclamaram. Mas eu não tenho do que reclamar. O Botafogo estreia em casa, em um grande clássico sul-americano. Ótimo. Vamos para cima. Libertadores é isso. Quer fazer parte da brincadeira? A brincadeira é essa, não tem jeito. São times de camisa, times de torcida. Nós temos que estar preparados para isso. Nós temos torcida, nós temos camisa, nós temos história, nós temos estádio. Um estádio que está motivando muito a torcida com essa customização. Isso será uma grande atração.

Vai ser time misto no Carioca?

O time principal deve estrear no dia 25 contra o Madureira. No dia 28, não acredito no time principal. Sem dúvida, o time misto é uma necessidade. Vai pesar o estado físico dos jogadores. Como eles vão reagir à pré-temporada. A fisiologia vai avaliar, sempre pensando em ter a força máxima no jogo contra o Colo-Colo.

O Nilton Santos está preparado para receber a Libertadores?

A quantidade de pessoas que estão buscando informações, se mobilizando para vir ao Rio de Janeiro, em caravanas, para o dia 1º de fevereiro, é enorme. Desde a semana passada estamos debruçados no sistema de catraca e venda de ingressos. Sabemos que não podemos cometer erros nesse jogo. No dia 25 (Brasil x Colômbia), a CBF vai operar o estádio, e vamos observar. O Anderson Simões (vice de Estádios) está com a nossa equipe dando suporte. No dia 28, pelo Carioca, faremos uma operação em um jogo de torcida única, contra o adversário que vier da seletiva. Mas contra o Colo-Colo não temos direito a cometer falha alguma. O sócio-torcedor tem que entrar sem problema com sua carteira, o torcedor com seu ingresso... É uma operação desafiadora, mas que já estamos debruçados nela para evitar qualquer margem de erro.

Quando começa a venda de ingressos?

No sorteio, algumas pessoas reclamaram. Mas eu não tenho do que reclamar. O Botafogo estreia em casa, em um grande clássico sul-americano. Ótimo. Vamos para cima. Libertadores é isso. Quem fazer parte da brincadeira? A brincadeira é essa, não tem jeito. São times de camisa, times de torcida. Nós temos que estar preparados para isso. Nós temos torcida, nós temos camisa, nós temos história, nós temos estádio"
Carlos Eduardo Pereira, sobre a Libertadores

Assim que a gente fechar a questão de um modelo de catraca vamos começar. Os valores já estão mais ou menos definidos. Também queremos acertar um trabalho de reciprocidade com o Colo-Colo. Estive com um diretor do Colo-Colo em Assunção. Não é que vamos estender o tapete para eles, mas quero que eles tenham uma boa acolhida aqui, para que a gente possa ter uma boa acolhida em Santiago. Vamos garantir um certo número de ingressos, uma recepção adequada para a torcida e diretoria deles. E ingressos com preços corretos.

E qual vai ser a logística para o jogo no Chile?

A ideia é chegar uns dois ou três dias antes em Santiago. O fato de ser uma grande capital ajuda. Você tem voo direito, isso facilita. Mesmo assim são praticamente quatro horas de voo. Você podendo ir um pouco antes vale a pena.

A customização do Nilton Santos está ficando bonita...

Não estamos vendendo um sonho. Estamos vendendo uma realidade. A gente mostrou para o torcedor. “Olha, as cadeiras são todas azuis. No dia tal elas vão ser todas preto e branco. O Anderson Simões (vice de Estádios) descobriu um Ovo de Colombo. Todas as indicações eram para trocarmos as cadeiras. Mas isso aí inviabilizaria a customização. Então desenvolveram essa pintura. Você tem que tirar primeiro toda a tinta, tirar a gordura, depois passar uma base, para depois aplicar a tinta. Esse Ovo de Colombo está sendo super importante.

Como tem enxergado a questão do Maracanã?

Acompanho com tristeza. Fica claro que esse negócio de arena Fifa é um problema muito sério. A Fifa faz a Copa e deixa para as cidades uns equipamentos que não são viáveis economicamente. É claro que o palco do Botafogo é o Maracanã. Mas prefiro jogar no Nilton Santos. No Maracanã, se eu não colocar 30 mil pessoas lá dentro, eu nem empato. A partir de 30 mil você começa a ter algum lucro. Vide as finais entre Vasco e Botafogo, no Carioca. Cada um levou um troquinho, pouco mais de R$ 200 mi, com mais de 50 mil pessoas. Como você vai fazer futebol desse jeito? Como você vai montar um time para arrecadar R$ 200 mil em uma final? Isso é muito sério e muito complicado. É que o palco é imponente. Você até pode levar para Volta Redonda, mas você vai perder a importância central de um grande estádio.

O Botafogo começa o ano mais forte do que 2016?

Começa, sem dúvida. Tenho plena certeza disso. Dos jogadores que saíram, o único que ainda não conseguimos repor foi o Neilton. Buscamos esse atacante veloz de lado. Esse tem sido nosso desafio, nossa busca, mas no geral o elenco hoje está bem mais forte

Carlos Eduardo Pereira, Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)Presidente alvinegro participa ativamente das contratações do Botafogo no futebol (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

Esse atacante chega antes da Libertadores?

(Suspiro) Estamos trabalhando para isso. É muito difícil marcar prazo. Tem 19 grandes clubes buscando e mais 20 da Série B buscando. São 39 concorrentes em um primeiro momento. Todos estão tentando se reforçar. Todo mundo tem encontrado dificuldades para encontrar atacantes. Não temos nenhum nome no momento. Tivemos a negociação com o Vander, que nos interessou, mas o Apoel mudou de posição, não aceitou emprestá-lo, quis vender. O preço foi fora da nossa realidade. Não teve como. Mas essa foi uma negociação que andou bem.

Algum nome do Gerado Cano? Ele esteve recentemente aqui...

Ele está procurando. Ele sempre apresenta nomes. Mas temos que ouvir todas as partes. Para chegar até a minha esfera decisória, passa pelo Lopes, pelos analistas de desempenho, pelo Jair, pelo Cacá (vice de futebol)... muitos nomes morrem nesse processo. Às vezes fico torcendo daqui, busco informações. Mas no caso de jogadores estrangeiros é mais difícil. O Cano é um dos empresários que está nos ajudando. Mas não está fácil não.

Por que algumas negociações têm sido mais difíceis?

O torcedor tem me cobrado nas redes sociais por essas idas e vindas de jogadores. Eles precisam entender que a situação do Botafogo mudou. Em 2015, nós éramos alvos, não tínhamos como nos defender. Em 2016 já mudou um pouquinho. Agora, em 2017, eu negocio. Se o cara chega para mim, combina um negócio e depois pede mais... Se eu achar que ele merece, eu dou. Caso contrário, vai procurar sua turma, sem problema. Às vezes o cara sai para procurar a turma dele, se arrepende e volta. A gente conversa. Por isso essas idas e vindas. É início de temporada, passamos por ajustes, o clube tentando manter tudo dentro do orçamento... Faz parte do jogo de negociações.

Antônio Lopes e Carlos Eduardo Pereira Botafogo (Foto: SSpress / Vitor Silva / Botafogo)Antônio Lopes é o homem de confiança do presidente em sua gestão (Foto: SSpress / Vitor Silva / Botafogo)

O que faltou para o Pottker ser jogador do Botafogo?

Muita coisa. Primeiro, as partes têm um passado muito difícil. Os empresários fizeram empréstimos para gestão passada e de certa maneira se sentem injustiçados pela forma que foram tratados. É uma coisa que não tenho nem como avaliar. Depois, eles querem que nós resolvamos um problema que não criamos. Não pedimos, não usamos, mas querem que a gente pague o dinheiro com rapidez. Hoje, não dá para pagar o passado com rapidez. A gente procura equacionar o pagamento com o Ato Trabalhista, com o Profut...

Qual a importância da contratação do Montillo para o Botafogo?

O Montillo foi uma negociação simples. Impressionante. Simples, rápida, direta, sem concorrência ou contratempos. Começou bem, andou bem e acabou bem. A vontade dele de jogar no Rio de Janeiro foi fundamental. É claro que o momento do Botafogo pesou. Acabamos bem o Brasileiro, com vaga na Pré-Libertadores, mantivemos o elenco e a boa imagem, com os salários em dia. Tudo isso influenciou. É um jogador diferenciado, capaz de motivar a torcida, capaz de ser um fator de alavancagem do Sócio-Torcedor. Sem dúvida pelo fato de sermos um mercado exportador, quando você traz um jogador desse nível, você traz a torcida para perto. O ídolo é fundamental. Tem que ter um ídolo no time. 

Por isso, no final de 2014, nosso maior medo era perder o Jefferson. Ele era nossa referência. E agora vem outros. O Camilo hoje tem essa condição, o Montillo vem para ser um ídolo, acho que o Canales tem potencial para ser também. É um jogador muito experiente, rival do Colo-Colo. Isso será mais um aperitivo. Ele já se apresentou bem. Vamos ver como ele volta nos treinos. 

Mas por que só um ano de contrato com o Montillo?

Adaptação. O Montillo deixou claro que a família ocupa uma posição central na vida dele. Ele tem dois filhos, esposa... Apesar de o Rio de Janeiro ser uma cidade muito hospitaleira, sempre tem uma adaptação, especialmente para crianças pequenas. Ele é extremamente profissional. Esperamos que ocorra essa adaptação para que ele se sinta bem e depois a gente estenda esse vínculo.

A folha salarial mudou muito?

Veio o Montillo, mas saiu muita gente. Equilibrou. Continua uma folha dentro no nossa orçamento. Aumentou 20% (nota da redação: valor foi de R$ 3,5 milhões em 2016).

Fora a verba mensal destinada ao pagamento de dívidas, né?

Hoje, temos R$ 1,6 milhão por mês com o Ato Trabalhista, mais de R$ 600 mil com o Profut, fora os outros acordos. Estimo que a gente gaste cerca de R$ 3 milhões por mês só para pagar o passado. Estamos devendo a CBF, banco, credores individuais, ações cíveis. Temos algumas ações muito grandes sendo movidas contra nós na esfera trabalhista.

Está satisfeito com o aumento que teve o programa de Sócio-torcedor?

Está indo muito bem. Passamos dos 17 mil e esperamos chegar logo aos 20 mil, que é metade da capacidade do Nilton Santos. Será um recorde histórico nosso.

(Suspiro) Estamos trabalhando para isso. É muito difícil marcar prazo. Tem 19 grandes clubes buscando e mais 20 da Série B buscando. São 39 concorrentes em um primeiro momento. Todos estão tentando se reforçar. Todo mundo tem encontrado dificuldades para encontrar atacantes. Não temos nenhum nome no momento. Tivemos a negociação com o Vander, que nos interessou, mas o Apoel mudou de posição, não aceitou emprestá-lo, quis vender. O preço foi fora da nossa realidade. Não teve como. Mas essa foi uma negociação que andou bem"
Carlos Eduardo Pereira, sobre atacantes

E essa renovação da base na Copinha...

Os garotos estão indo bem demais. Mesmo sem sete jogadores que subiram, o time continua muito bem. Vem mostrando maturidade. Quando saem algumas estrelas, é hora de outros, que não eram protagonistas, assumirem esse protagonismo. E eles se revelam. Casos do Jordan e do Alisson, por exemplo. O Amilcar está se revelando um atacante veloz de muito potencial. O Igor Cássio, a gente já acreditava muito nele. Quando o Luís Henrique estava bem, o Manoel Renha (coordenador da base) já falava para esperarmos pelo Igor. Ele é mais novo que o Luís Henrique. O Victor Lindenberg está indo muito bem. O Yuri, o Gustavo (Bochecha), o Matheus Fernandes, o Pachu... estão todos aí já integrados à equipe principal.

FOGÃO V.R.

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Garrincha


Em 31/03/2017 às 22:14
 

Marlonster,isso já foi explicado dezenas de vezes.

Mas tem uma galera que prefere viver no mundo do faz-de-conta.


 
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