Tentando debater com o TADEU:

1. Investidores pretendem comprar o passivo do clube. Suponho que também vão injetar algo a mais para o clube girar. Qual será o retorno financeiro e prazo para no mínimo rever o investimento?

RESPOSTAS:

Já escrevi alguma coisa sobre o assunto (vide em algum lugar aqui no CB).

De qualquer modo, se se concretizar, o processo de securitização será uma oportunidade concreta para os investidores (aqueles que assumirão as d´vidas do Botafogo) buscar financiamentos para, por exemplo, realizar melhorias do Estádio Nilton Santos, transformando-o numa Arena Multishows, transformando o local em ambiente adequado para a realização de diversos eventos esportivos (e não apenas local destinado à prática de futebol), tais como: partidas de vôlei, basquete, MMA, shows musicais, rodeios, enfim, uma vasta gama de espetáculos que, atualmente, geram dividendos multimilionários para que investe nessas modalidades de atrações.

Além disso, os investidores poderão buscar financiamentos para comprar equipamentos, investir no plantel do Botafogo (já pensou na hipótese de o clube adquirir atletas que agreguem valores comerciais ao Caixa dos investidores, como por exemplo, jogadores do nível de Seedorf – cuja imagem não foi trabalhada e nem aproveitada -, Cavani e outros do mesmo nível?

Se isso acontecer, quem investiu no clube, comprando seu passivo, fatalmente terá um ativo recheado em curto prazo. Isto porque o investimento terá um retorno garantido, por exemplo, pelas receitas de estádio, direitos de transmissão e de imagem relativos a eventos esportivos futuros.

E se o amigo me perguntar como jogadores de futebol, craques como os exemplificados aceitariam vir jogar no Botafogo, a resposta será: Aceitarão porque os próprios atletas podem cogitar a securitização de seus ativos. Explico: O cantor inglês David Bowie, na década de 90, securitizou seus royalties utilizando suas músicas e discos como garantia para a emissão de títulos mobiliários, numa operação inovadora que abriu caminho para que pessoas físicas pudessem ser “securitizadas”. Pode-se, portanto, imaginar atletas fazendo uso da operação de securitização, lastreados, por exemplo, nos seus direitos de imagem, cujos riscos poderiam ser medidos pelo método atuarial utilizado pelas companhias seguradoras para calcular o risco/prêmio do segurado, e emitindo títulos que poderiam ser colocados no mercado através de subscrições privadas e fechadas, e, num futuro próximo, até mesmo através da subscrição aberta ao público.

Portanto, meu caro TADEU, securitização (ou compra de dívidas) não é negócio para amadores, mas sim para experts, profissionais entendidos em riscos do mercado financeiro. Isso talvez explique o fato de o assunto não ser “fechado” da noite para o dia. Requer estudos, planejamento, uma série de operações e análises técnicas, pois nenhum grande investidor (banqueiro por exemplo) dá tiro no escuro. O prazo para que os investidores obtenham retorno financeiro dependerá da capilaridade que conseguirem enxergar na marca Botafogo. Se será “mínimo”, “médio” ou “longo” o prazo para o retorno do investimento, tudo dependerá do resultado das análises de riscos que a marca Botafogo apresentar aos que vão injetar dinheiro na instituição.

Mas, para simplificar a resposta, imaginemos a seguinte situação (HIPOTÉTICA, aqui citada apenas em razão de os Moreira Salles já terem investido no clube e porque os torcedores sempre relacionam um assunto ao outro): Digamos, por exemplo, que será o Banco Itaú o principal investidor, ou seja, a instituição financeira que assumirá as dívidas do clube, para, no futuro “ganhar dinheiro com a sua marca” – que é a hipótese mais comentada pelos torcedores leigos (onde me incluo).

Pois bem, o que o ITAÚ ganharia com um contrato de risco desse nível, já que a marca do Botafogo não é valorizada no mercado financeiro? Como vender essa marca? Com obter retorno no médio prazo, digamos? Isso dependeria do tipo de gestão que o Itaú implementaria no clube. Assim, por exemplo, o banco poderia transformar o Botafogo no clube com o maior número de torcedores do país – quiçá do mundo – se (novamente citando um exemplo), mudasse a marca do clube para BOTAFGO/ITAÚ (tal como já acontece no vôlei) e com isso, distribuísse as MILHÔES (quantos: 5 milhões? 6 milhões? Talvez mais de torcedores do clube) o CARTÃO DE VANTAGENS ITAU... Pergunto: Algum banco distribui cartões de crédito, gratuitamente? E mais: Qual clube no mundo tem milhões de torcedores associados, fazendo uso de um cartão de crédito bancário? Pense, amigo, pense...