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16.5 Conceitos Técnicos Para Análise
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Desde 12/2007 • 16 anos de CANAL Blumenau/SC
Garrincha
Em 22/03/2021 às 10:13 |
16.5 - CONCEITOS TÉCNICOS PARA ANÁLISE O futebol, como já vimos no início desse Manual, deixou de ser um caos, quando estabeleceu regras e esquematizações táticas e dessa forma, abriu espaço para serem estabelecidos conceitos técnicos e suas análises. Muitos desses conceitos são princípios axiomáticos, ou seja, não necessitam ser demonstrados, mas se explicam por si mesmo. Sem tática de jogo, o jogador fica sem saber onde se posicionar e o que fazer, pois é ela quem define sua posição e o setor para exercê-la, bem como a sua função em campo. Hoje a errada ideia de estabelecer a priori um esquema básico de jogo e suas variações de transições defensiva, criativa e ofensiva, exige muitas contratações e no meu entender, o esquema básico deve ser a resultante natural das potencialidades que o elenco fornece, somado ao estudo prévio do adversário e assim, somente uma ou outra contratação pontual deve ser efetuada, mas só depois de ver se na base não encontra a peça que se encaixe para que seu esquema de jogo seja alcançado na plenitude. Para isto, dois conceitos me parecem fundamentais: o primeiro é que o presidente com aprovação de sua diretoria defina a forma de como sua equipe deva atuar, para que o treinador contratado conheça a mesma e segundo que este, a partir dessa forma exercida pelo time principal, irradie a mesma para todas as demais categorias e assim teremos uma matriz única e então poderemos montar o que chamo de Escola de Futebol, no nosso caso, dedicado ao Botafogo, que já teve isso nos tempos de Neném Prancha, mas no sentido inverso, pois vinha da base para o principal. Os treinamentos devem estar voltados para posicionar adequadamente os jogadores em campo para o esquema escolhido e suas transições de movimentação e sincronismo, pois colocar jogadores em campo qualquer um pode fazer, mas os fazer assimilarem posicionamentos, movimentação e conduta é que diferencia a qualidade de trabalho dos treinadores. Os jogadores devem aprender a saber jogarem e fazerem uso quando necessário de suas versatilidades para a equipe assim como na vida comunitária, o coletivo deve se sobrepor ao pessoal. Jogadas individuais são decorrências de habilidades e e/ou circunstâncias específicas de determinados lances que exijam esses tipos de soluções, mas não devem ser a prática comum. Diferentemente, as jogadas coletivas, com participação de dois ou mais jogadores, que normalmente se processam nos setores do campo são planejadas e aprimoradas nos treinamentos e não se encerram em si mesmo, pois possuem uma consequência em futuro imediato e bem vantajosa para a equipe. Cada setor do campo possui tipos de jogadas que lhes são necessárias e os jogadores que participarão da execução das mesmas, têm que possuir características que lhes permita dela participar. É muito mais fácil ensinar os habilidosos criadores a marcar, pois para isso vão necessitar a factível obtenção de preparação física para tal, do que ensinar marcadores a criar, pois a obtenção de capacitação técnica, mesmo com muitas horas de treinamento, será muito difícil e na maioria dos casos até impossível de ser alcançada. Para marcar, basta querer, mas para criar tem que poder! Deve haver sempre margem para inovar, pois quando se faz sempre a mesma coisa, ficamos previsíveis e o futebol é um jogo de surpresas, a não ser aquelas jogadas que as circunstâncias permitam a sua execução e que são verdadeiros xeque-mates no adversário e fatalmente redundarão em gols e que chamamos de movimentações táticas vencedoras. Uma equipe vencedora deve somar conceitos atemporais que se consagraram na história do desenvolvimento do futebol e que estabeleçam um espírito vencedor em todos os elementos da equipe e o somatório dessas vontades individuais, formem uma egrégora coletiva e assim a equipe como um todo se unge dessa vontade de vencer.
LUIZ SERGIO CUNHA |