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  8- preparação física e mental

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Blumenau/SC

Garrincha


Em 06/07/2020 às 10:11

8 - PREPARAÇÃO FÍSICA E MENTAL

Nos esportes praticados em termos de profissionalismo e competitividade, seus praticantes têm que ter um condicionamento físico adequado as exigências que seu corpo sofrerá e uma postura mental vencedora e por isto, têm que ser preparados nesse sentido da melhor maneira possível.

 

8.1 – PREPARAÇÃO FÍSICA

Em qualquer atividade, notadamente nas esportivas e em particular em nível de competição, o condicionamento físico é preponderante.

Um jogador de futebol de campo, alterna momentos de inércia com os de explosão de arrancada, de velocidade e de resistência e normalmente cada posição tem suas solicitações, as quais veremos mais adiante e cada uma tem um grau de solicitação e de frequência média durante uma partida e o jogador deve estar preparado para atender essas solicitações com a maior intensidade possível.

De saída, a primeira coisa a ser aprendida é a forma de respirar mais adequada para que sua circulação se mantenha fluente e o sangue oxigenado.

No caso do futebol se deve inspirar pelo nariz e expirar pela boca, justo ao contrário da natação.

A inspiração pode ser alongada no caso de recomposição e ligeira e curta no caso de antecedência de arranques.

No caso dos momentos em que o lance esteja ocorrendo distante e sem participação efetiva no mesmo, o processo de recomposição com a oxigenação deve ser efetuado.

Como os velocistas que inspiram antes da partida dos 100 metros e só voltam a inspirar após os 9 para 10 segundo de percurso, o jogador de futebol, também deve adotar esse procedimento em suas arrancadas

Treinamentos com números de arrancadas compatíveis com a média de uma partida, devem ser efetuados e com a maior velocidade possível, pois superando essas exigências é certo que não se sentirá cansado durante o jogo.

Isso é difícil?

Sim e muito, pois nada é fácil na prática de esportes em nível de competição e certamente custará caro para os que não treinam adequadamente, porém lembro aqui que qualquer corredor de distância mal consegue aguentar um quilometro no início de suas atividades e com a continuação de sua prática, logo passa a aumentar essa sua distância e em pouco tempo se tornam meio-maratonistas, correndo 20 Km sem grandes problemas, que vem a ser mais que a quilometragem média de um jogador durante uma partida de futebol de campo, que tem os laterais como maiores corredores, com cerca de 15 Km por partida.

Com base nesses números, que são característicos de cada posição, cada jogador deve simular em um tempo menor, pois a ação não é contínua durante o jogo, mas que 20% desse treinamento seja em picos alternados de máxima velocidade, ou seja 20 tiros de 50 metros no caso dos laterais, 4 Km em velocidade moderada e outros 10 Km em velocidade reduzida, pois esse treinamento lhes permitirá não sentir o desgaste durante a partida.

É claro que os números e alternâncias de velocidades, diferem para os zagueiros, meio-campistas e atacantes, sem contar os goleiros, que não passam por essa maratona, mas possuem treinamentos específicos que falaremos mais adiante.

Assim sendo, é necessário que o atleta possua recursos físicos que permitam cumprir suas funções durante não só o tempo normal de 90 minutos, mas que também enfrente os tempos adicionais com o mesmo rendimento.

É bem verdade que o nosso calendário é nefasto sob o ponto de vista de tempo reservado para essa aquisição plena, pois jogando duas vezes na semana com deslocamentos, principalmente o campeonato nacional que obriga todos os times a cobrirem distâncias enormes de deslocamentos, face as dimensões continentais de nosso país e dessa forma, qualquer excesso cometido vai cobrar do rendimento de forma pesada e nem vou falar das contusões ocasionadas por fadigas musculares.

Outra coisa que é necessário entender é o fato que o treinamento físico deve ter um tempo comum a todos, mas outro tempo específico para cada posição, uma vez que as funções e ações em campos, exigem esforços físicos diferentes para cada posição.

A isso temos que somar, que todos, devem também aprimorar suas virtudes, eliminar seus defeitos técnicos e adquirir competências, que se fazem necessárias para se tornarem especialistas de patamar alto na sua posição e tudo isso exige treinamentos específicos que se somam ao condicionamento físico necessário, que entendo por trivial

Isto posto, vejamos o que se segue:

Um jogador de futebol tem que efetuar exercícios para desenvolver capacitações e aprimoramentos, pois assim irá melhorar os atributos que já possui e adquirir outros atributos importantes que não possua.

Quando menino, meu pai notou que eu era destro e a canhota era cega, ou seja, só servia para saltar do bonde, como dizia o jargão da época.

Na sua concepção, como jogador de futebol que foi e era ambidestro, as duas pernas tinham que ter similaridade e não era suficiente chutar e apenas chutar com ambas, mas trabalhar as jogadas, também fazendo uso das duas pernas e dessa forma, começou a treinar minha canhota.

No início foi um desastre, pois não se resumia a não saber chutar a bola com o pé esquerdo já que eu não conseguia travar e parar a bola com esse pé e ela passava zombeteira sob o mesmo.

Ele não desistiu de exigir isso de mim e de tanto insistir, comecei a ter alguma melhora com a perna esquerda e com esse pequeno progresso veio o golpe final em forma de desafio, que consistiu no seguinte: as balas Ruth, vendidas na minha infância no varejo nos armazéns e botequins dos bairros do Rio de Janeiro, lançou um álbum de figurinhas que vinham embrulhadas nas balas, com fotos coloridas de coisas típicas do Brasil e se tornou a coqueluche da garotada. Ele estabeleceu uma quantidade de embaixadas que eu deveria atingir com a perna esquerda e caso atingisse o número de repetições estabelecidas, ganharia um prêmio. Fiquei quase um mês tendo direito a apenas uma bala, mas súbito consegui duas vezes e logo, logo três vezes e treinava e treinava e assim fui para quatro, cinco, dez vezes e quase enchi o álbum e ficou me faltando as duas figurinhas mais difíceis; a casa de madeira e o pé de cana de açúcar. Ele então me fez um outro desafio e mais difícil, que compraria uma das figuras faltantes no mercado negro, se eu fizesse 25 embaixadas e a outra se eu fizesse 50 embaixadinhas com a perna esquerda.

Trenei de forma diária e com determinação e no primeiro mês ganhei a cana de açúcar e no fim do segundo mês a casa de madeira e dessa forma ganhei minha primeira bola de futebol, uma Superball número 5, a bola oficial dos jogos no Brasil, que era o prêmio dado a quem completasse o álbum.

Aí começaram as lições acrescentadas, pois tudo eu repetia de driblar e chutar de curva com o lado interno e a “trivela” usando o pé esquerdo.

Antes de entrar no assunto, ainda queria falar por um obstáculo que me foi muito difícil de superar, pois ele havia falecido e eu então tive que seguir por conta própria, que foi o seguinte: eu tinha dificuldade em passar a utilizar o pé esquerdo de imediato pois a passagem do domínio da bola do pé direito abruptamente para o pé esquerdo, não estabelecia o sincronismo necessário e a coisa só funcionava quando eu jogava como canhoto ou como direito, mas não conseguia ser as duas coisas simultaneamente.

Um dia na aula de biologia, que por sinal eu detestava, pois meu negócio sempre foram os números e os desafios de Dona Matemática, o que me levou a diplomação em engenheiro eletricista, a professora explicou que os direitos pensam com o hemisfério esquerdo e os canhotos com o hemisfério direito e tudo me fez sentido, mas o problema continuava, pois não sabia mudar a posição da chave de uso dos hemisférios, até que um dia, assistindo um filme sobre os fuzileiros navais americanos, um sargento que tirava o couro dos recrutas, os ensinou como deveriam consertar o passo errado durante uma marcha e vi ali uma solução para o meu problema, mas dei de cara com um obstáculo, pois dentro de campo ou de um quadra, participando de uma jogada, não tinha como “mudar o passo”!

Felizmente a vida me fez um teimoso, não daqueles que se fundamentam na chateação, mas dos que fazem uso da determinação.

E eu pensava, pensava e um dia, por estar comendo muito ligeiro, mau hábito que ainda carrego comigo, me engasguei e percebi que talvez através da troca abrupta da respiração, teria um marca passo que me resolveria o problema, pois ele é quase que instantâneo e... funcionou.

Com isto virei um jogador diferenciado, pois trocava de pernas e chutava de forma adequada e por consequência, as coisas ficaram mais fáceis para mim.

Essa descoberta me serviu de “input” para outras coisas e desenvolver alguns exercícios específicos e é sobre eles que passo a escrever agora.

 



LUIZ SERGIO CUNHA

 
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