Vini-S,

Com todo o respeito ao rapaz que está à frente do departamento de marketing do Botafogo, mas não o considero competente, coisa nenhuma. Vejo-o como apenas mais um dos que nada inovam, que está sempre repetindo surradas campanhas de marketing esportivo. Nada além disso. E não somente ele, mas todos os que estiveram à frente do departamento de marketing nos últimos anos – salvo (verdade seja dita), o cara da Administração do nefasto Maurício Assumpção que, com o seu trabalho inovador para a época (campanhas do Taxi 7, estátuas no Nilton Santos, mascotes Biriba e Biruta para atrair crianças, e o da gestão CEP, que sacolejou a torcida com a campanha de customização do Nilton Santos com as nossas cores, para mim, o resto não passou de mesmice.

É bem verdade que pandemia, somada desastrosa campanha do time na temporada 2020, constituiu grande entrave a ações de marketing. Nisso acompanho o teu raciocínio. De qualquer modo, o Botafogo carece de muito mais que lançamentos de fitinhas de cabelos e de almofadas feiosas para assentos, em termos de ações promocionais voltadas para não somente vender produtos, mas (e principalmente) para rejuvenescer e ampliar a sua diminuta e envelhecida torcida.

Esses caras que estão nos departamentos comercial e de marketing alvinegros não assistem televisão, não? Não acessam internet? Não veem o que está acontecendo além dos muros de General Severiano? Não sentem vergonha quando assistem campanhas publicitárias, criativas de times como Bahia, Vitória, Fortaleza, Corinthians, Palmeiras – só para citar alguns exemplos? Se assistem, francamente, deveriam sentir vergonha ante tanta mesmice que realizam no Botafogo!

Vou citar um mero, reles exemplo do que fiz, no mês de janeiro, para um outro time goiano, que disputa a terceira divisão estadual: Em razão do trabalho que realizamos no Goiânia, fui contratado pelo pequeno clube rival para “encontrar uma identidade ao time”.

Depois de feita a mágica, pareceu óbvia, mas o fato é que, apesar de o mascote do time ser um touro e de o seu CT estar localizado dentro de um clube social, onde também existe uma Arena de Rodeio, os dirigentes locais não tiveram a sensibilidade de observar o que acontece na capital.

Ora, que existe em Goiânia? Goiás, por acaso tem indústrias pujantes? Comércio everfescente? Turismo? Não! A mola que move o Estado gira em torno de duas fontes de rendas: Agronegócio e música sertaneja.

Convenci os dirigentes que por ser um time novo, fundado em 2006, jamais conseguiria concorrer, em termos numéricos e em vendas de produtos esportivos, com os grandes rivais da capital – Goiás, Vila Nova e Atlético. Mas, se quisessem crescer, de forma lenta e gradual, para, dentro de 5 a 10 anos, conseguir uma torcida grande, teriam que transformar a imagem do clube com algo comum ao que os goianos gostam.

Bingo! Nasceu, assim, o “primeiro time de futebol, com imagem country do País”, ousado ao ponto de os atletas adentrarem o gramado vestindo camisas de peões de rodeio sobre os uniformes e com chapéus de cowboys. Quando se encerra o hino nacional, os jogadores correm para as arquibancadas e arremessam os chapéus para a torcida! Um sucesso. O pequeno time caiu nas graças da imprensa local que, através de mídia espontânea, passou a ter a sua imagem e marca divulgada. Resultado prático disso: Hoje, de pobre macaco e camisinha rasgada, o pequeno Raça, um clube que disputará a terceirona 2021, já possui sua pequena Loja (a Touro Store, onde se vende desde canivetes, botas, botinas, chapéus, xícaras, camisas de rodeio etc.) e passou a ser patrocinada pelos comerciantes do agronegócio da capital.

Resumo da ópera, por acreditar na maluquice do Nicanor, o concorrente do meu Goiânia (clube mais fechado que bunda de sapo e que tal qual o Botafogo resiste a qualquer tipo de inovação) já possui patrocínio superior ao clube alvinegro.

O que isso tem a ver com o Botafogo? Decerto, muitos dirão que nada tem a ver, já que no rio de Janeiro ninguém se identifica com cultura sertaneja e que, portanto, o exemplo não serve de exemplo para o Glorioso.

Sim, mas fica aqui um alerta: quem está à frente dos departamentos comercial e de marketing do Botafogo precisam inovar, sair da mesmice; não ter medo de ousar. O primeiro passo a ser dado nesse sentido, na minha modesta opinião, seria encontrar uma fórmula mágica capaz de sepultar, uma vez por todas, a imagem de “time que mais cedeu jogadores para a seleção brasileira”, porque isso é coisa do passado, de torcida saudosista e velha.  

Urge que o Botafogo encontre uma identidade para se comunicar com essa galerinha dos dias que correm, movida a memes, redes sociais, pois “a fila anda”.