Desde 1957,

Você foi incisivo nas suas cobranças a oposição sobre projetos e, ainda assim, de uma forma um tanto quanto raivosa, foi o que percebi e o que me levou a lhe perguntar sobre os projetos da situação.

Você jogou sim com dois pesos e duas medidas ao cobrar projetos de todos aqui como se fossemos ou fizéssemos parte dessa oposição que se apresentou nas eleições. A turma daqui, independente de serem sócios ou não, são torcedores de arquibancada como você, e com raras exceções participam da vida política do clube e/ou fazem parte de algum grupo político.

Mas, em momento algum vi você fazer da mesma forma qualquer tipo de cobrança a atual gestão, nem antes, nem durante e nem também agora após as eleições demonstrando, embora você diga que não, que é simpatizante da atual gestão. Problema seu, respeito a sua opinião e posicionamento, embora discorde. É de fundamental importância a definição de um lado, seja ele qual for, pois, gera o debate e o desenvolvimento de ideias. 

Eu não sou oficialmente oposição, mas totalmente contrário a atual gestão pela forma como administram financeira e futebolisticamente o clube. Nada pessoal. Sei que não é fácil administrar um clube como o Botafogo e poderiam até não ter resultados iniciais favoráveis, mas deveriam ter buscado resultados positivos no FUTEBOL. Deveriam prometer menos e fazer mais, ter transparência sem repúdio ao torcedor. Não sou eu quem diz isso, são as ações, os números, os resultados de três anos. E isso não é acusação como você coloca menosprezando qualquer um que o contrarie em suas posições e ainda dizendo que o Botafogo precisa de seriedade como só você fosse o sério aqui debatendo tais situações. Problema seu se consegue enxergar uma administração sadia no clube, coisa que eu não enxergo e digo mais, vamos aguardar o Balanço desse ano de 2011 e veremos o que aconteceu. Posso estar radicalmente enganado e darei o braço a torcer sem nenhum problema.

Quanto a essas oposições conhecidas oficialmente nenhuma delas na minha visão são oposições de fato e de direito. Tal qual ocorre em nível mais elevado, são grupos políticos pendulares somente para negociação de poder que dependendo da oferta vão para um lado ou para outro e assumem posições diferenciadas do que falavam escreviam ou comentavam anteriormente sem que isso lhes perturbe a consciência. Nenhuma delas tem projeto definido. Já não me espanto com esse tipo de postura, mas é difícil de engolir. A minha posição é Botafogo, sempre, independente de pessoas ou grupos. Fossem de fato grupos oposicionistas, tenho quase certeza que o clube seria mais bem fiscalizado, tanto de um lado quanto de outro, dependendo da posição que um ou outro estivesse e, não estaríamos nessa situação de penúria a que estamos submetidos.

Sobre as eleições e a oposição já me manifestei em outros tópicos que provavelmente você não leu sobre o que eu achava. Para mim, são todos do mesmo grupo que resolveram de forma estratégica e até para dar um clima mesmo de eleição, em face da ausência de uma, já que todas estavam alinhadas, criar uma oposição que saiu de dentro do Conselho Deliberativo que apoiava a própria situação. Ora, não nasci ontem. Desmobilizaram até uma provável candidatura do Bebeto às vésperas das eleições, o que não aconteceria, mas era um fantasma a ser exorcizado. O que provaram até agora? Nada. Foi uma jogada inteligente? Foi. Criado um clima de verdade, um cenário mais que perfeito e estamos aí com uma reeleição e vamos aguentar mais três anos de ANDERSON BARROS e ANDRÉ SILVA.

Em relação ao Bebeto, para mim, foi o grande motivador que o clube precisou. Estava lá quando ninguém queria segurar o abacaxi e deu nova vida ao clube. Fez o impossível virar realidade. Trouxe a paixão de volta e acho até que exagerou, mas quem controla paixão? Deu esperanças ao torcedor. Teve erros e acertos como qualquer figura humana, mas foi de vital importância para o clube num momento de declínio, de fuga, de covardia de peças mais do que conhecidas do folclore botafoguense que abandonaram o clube e, que se tivessem vergonha nem deveriam mais pisar no clube, muito menos serem prestigiados novamente. Portanto, aqueles que querem expulsar o Bebeto do clube são uns ingratos e merecem por parte dele somente desprezo e de nossa parte cautela, muita cautela. Hoje, qual o futuro do clube? Você sabe o que vai acontecer? Existe algum torcedor com esperanças e, tirando os simpatizantes, satisfeito com os destinos do clube?

Projetos da situação? Projetos dessa oposição? Somente de PODER. Faça a comparação entre os dois grupos e veja como as promessas são parecidas, mas veja também que nenhum dos dois tem um projeto prospectivo com políticas e estratégias definidas, com as ações executivas prontas para serem colocadas em prática. Você já viu, leu ou conheceu alguém que comente sobre um PLANO DIRETOR para o clube? Você conhece sobre algum plano de amortização do passivo do clube? Qual deles tem um plano para sócio torcedor com direito a voto? Você ouviu algum dos candidatos falar sobre esses temas? Falta planejamento. Falta estratégia. Falta visão holística e sobra marketing barato!

Quanto a Marechal Hermes, é verdade, ironizei mesmo. Como não ironizar? Nada contra o bairro de Marechal Hermes, mas o tamanho da área é pequena para uma proposta séria de um CT que atenda aos garotos de base e os jogadores profissionais. Dispensar Caio Martins em troca por Marechal Hermes foi um erro da atual gestão. Buscar recursos para enterrar em Marechal Hermes será o segundo erro, pois, o terreno além de não acomodar um projeto sério é um comodato. Não é nosso, mesmo que venha o acordo com as forças armadas e aumente um pouco mais a área em questão, o terreno não é nosso e ficaremos sempre à mercê de acordos políticos. É a eterna dependência. 

O CT João Saldanha embora ainda atenda de forma generosa a equipe de profissionais foi à solução que houve à época para o clube, mas não é a melhor. A área, já que não dá para refazer o antigo estádio, deveria, a meu ver, em projeto específico ampliar as instalações do clube social trazendo benfeitorias para os associados e, como você vê, não sou contra benfeitorias para sócios proprietários, o clube tem que crescer num todo, com verba própria arrecadada de pagamento de joias, mensalidades e outras entradas de recursos e não da verba destinada e para o qual o clube foi criado – o FUTEBOL.

Aproveitando o momento político onde nenhum dos poderes públicos quer mexer no Caio Martins, defendo isso o tempo todo, o Botafogo deveria aproveitá-lo como uma segunda sede social, do outro lado da baía, sem futebol, já que esse é um dos grandes empecilhos criados pela associação de moradores local. Com um belíssimo projeto de reforma arquitetônica e estrutural poderia ali instalar uma excelente sede que teria um alcance social fantástico na captação de novos associados. Geração de novos botafoguenses.

Enterrando fantasmas, não necessariamente sócios do outro lado da baía viriam até General Severiano para engarrafar a sauna ou a piscina, muito menos sócios torcedores teriam esse interesse que não fosse somente ligado ao futebol. Verbas distintas, aplicações diferenciadas, fortalecimento do quadro social, fortalecimento dos recursos do futebol, transparência, democracia, fiscalização atuante, crescimento do clube como um todo. Precisamos disso!