A aprovação da chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte no Congresso Nacional promete ajudar os clubes de futebol endividados a pagarem suas dívidas, dando em troca uma série de contrapartidas. O Botafogo, no entanto, não pretende esperar que o projeto seja aprovado e planeja colocar no próprio estatuto do clube as diretrizes de uma boa administração financeira. É o que revelou o diretor de finanças do Alvinegro, Bernardo Santoro, em entrevista ao “Arena SporTV”.
- Independentemente de haver uma lei dizendo que precisaremos respeitar a responsabilidade fiscal, é uma visão básica da nossa gestão respeitar a austeridade fiscal, a ideia de que não se pode gastar mais do que se arrecada. O que posso garantir para toda a nação alvinegra e nossos credores, assim como o governo, é que o Botafogo está comprometido a fazer uma reforma estatutária, de suas instituições, de forma que esse princípio de responsabilidade fiscal e de boas governanças sejam incorporados. Queremos institucionalizar essas questões no estatuto para não ficarmos a mercê de uma lei que venha a ser aprovada. Queremos sair na frente e que o Botafogo seja pioneiro na boa prática administrativa. Isso é o nosso compromisso.
Santoro explica que o Botafogo possui três tipos de dívidas: a trabalhista, cível e tributária fiscal. Segundo ele, a parte trabalhista possui pagamento equacionado com a volta do clube ao Ato Trabalhista. A parte civil é o principal problema, diz o dirigente, uma vez que o clube precisa negociar com cada credor individualmente, buscando taxas de juros e planos de carência mais favoráveis. As dívidas fiscais ainda dependem da possível aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Congresso, ou LRFE, que daria um fôlego ao Alvinegro para pagá-las através de um parcelamento.
Rebaixado para a Série B, o Botafogo sofre com os penhores das receitas que entram no clube em função de suas dívidas. Na análise de Santoro, o apoio da torcida alvinegra será vital para levar a equipe de volta à elite no próximo ano.
- O Botafogo realmente tem muitas dificuldades. Infelizmente, passamos por uma gestão catastrófica nos últimos seis anos, do qual o Botafogo está se recuperando, estamos catando os escombros. Entendemos que o Botafogo é um clube viável economicamente mesmo com todos esses problemas. A ideia geral é focar nesse primeiro momento em fazer uma limpeza da casa, buscar novas receitas, porque as de 2015 estão todas comprometidas. Junto com a produção desse dinheiro, é o apoio da torcida. É o que impulsiona o clube. Tenho certeza que ela vai agregar muito nessa segunda divisão, nesse resgate, para podermos voltar à primeira divisão, de onde nunca deveríamos ter saído.