Prezado Cadu,

Digamos que eu seja um “advogado frustrado”. Explico: Para mim, Advogado (com “A” maiúsculo e não com “a” minúsculo) é aquele profissional liberal que, além de ter concluído curso de bacharelado em Direito, também é detentor de inscrição perante a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB – e que ganha o pão de cada dia “tirando leite de pedras”, ralando o umbigo em balcões de fóruns, frequentando salas de audiências, passando raivas com os seus clientes/constituintes, com testemunhas, Juízes, membros do Ministério Público, Oficiais de Justiça, Delegados de Polícia, partes ex adversas etc. – o que não é para qualquer um.

Bem por isso, apesar de inscrito nos quadros da OAB-GO durante muito tempo, quase não exerci a profissão de advogado – embora sempre tivesse banca de advocacia instalada e atuasse mais como uma espécie de coordenador de trabalhos dos colegas e sócios. Assim, nunca me considerei um “advogado”, mas apenas um modesto professor universitário e de cursinhos preparatórios para concursos jurídicos (profissão decorrente do fato de ser autor de mais de uma dezena de livros jurídicos, haver proferido centenas de palestras e conferências e encontros e congressos), o que me levou a também atuar como assessor parlamentar em Brasília, durante os governos FHC, Lula e Dilma e, também para o atual governador de Goiás (então deputado e senador), além de ter sido servidor público concursado do Ministério do Trabalho.

Vê-se, desse modo, que seria uma afronta aos colegas de profissão se eu me considerasse um “Advogado”, pois nunca fui nem mesmo “advogado”.

Como estou na fase em que já passou da idade de “ter”, gosto mesmo é de passar o resto dos meus dias vivendo a fase do “ser” – ser feliz fazendo o que gosto, que é brincar de ser dono de clube de futebol; ser feliz de ajudar o time que escolhi para torcer em Goiás; ser feliz em brincar de ser “peticionador”, “consultor” e “assessor” jurídico de colegas advogados e “assessor parlamentar” de alguns amigos goianos; ser feliz no meu pequeno comércio e na minha pequena propriedade rural e, PRINCIPALMENTE, dizer que o meu maior curriculum é SER BOTAFOGUENSE!

E porque a minha sina é também gostar de times pequenos, se eu não tivesse nascido botafoguense, com certeza, estaria “pirraçando”, enchendo o saco mesmo, dos dirigentes do Campo Grande ou do São Cristóvão – clubes que adquiri, recentemente, títulos de sócio, já que, tendo um pequeno apartamento na Lapa, cedo ou tarde, me mudarei para o Rio de Janeiro (cidade onde conheci a minha esposa, carioca, e onde residem filha e neto), nem que seja para, de algum modo, tentar ajudar um dos dois times mencionados.

É isso, meu caro. Agora você já pode dizer que conhece Nicanor – “o Pirracento”, como sou conhecido em Goiás.