"Acho que ainda dá para "empurrar com a barriga", a massa falida, até encontrar uma saída." (ELramo)

 Até que enfim, surge alguém aqui, no Canal Botafogo, que converge com o meu pensamento - embora, confesso, anteriormente tivesse defendido a tese de fundação de um novo clube (o Botafogo Futebol Clube), distinto a pessoa jurídica BFR, com nova personalidade jurídica, portanto, novos associados blá-blá-blá; também ja defendi a criação de um novo clube, sob a modalidade de Cooperativa... blá-blá-bla... Após as ponderações de alguns colegas (dentre os quais, e principalmente, as do Vini-s), resolvi aprofundar um pouco mais no estudo de casos concretos e mudei de ideia. Não defendo nem a primeira alternativa, nem a segunda. Estou convencido de que, tanto numa, como noutra hipótese, "as emendas correriam sério risco de se apresentarem piores do que o soneto".

No que tange à separação do futebol do clube social, entendo que a medida já deveria ter sido adotada para ontem - hoje já está atrasado.

Não obstante, nunca acreditei nessa conversa fiada chamada S/A, por  questões óbvias:

a) penso que o Botafogo não tem lastro para tanto;b) ainda que, na hipótese de extremada boa vontade, o clube resolvesse criar a Companhia, restaria saber se a S/A seria de capital "aberto" ou "fechado";

a.1) se de "capital aberto", os fundos de investimentos não estariam ao alcance dos torcedores comuns - como falaciosamente afirma o atual presidente -, mas apenas para ricos que adquiririam ações na Bolsa de Valores (conforme a legislação de regência), a título de investimentos. Some-se ao fato de que, no caso, os torcedores continuariam a ficar chupando o dedo,  rebaixamento para a Série B e as perspectivas de entradas de receitas nos próximos anos, isso afastaria, evidentemente, a tão imediatista (e tão sonhada) entrada do "dinheiro novo" (eita expressãozinha danada de bonita!) capaz  de salvar o Botafogo no curto (talvez médio) prazo;

a.2) se de "capital fechado" (aquela em que os recursos seriam captados ou por bilionários, ou por torcedores endinheirados associados ao clube, como um Montenegro  e um Durcésio, ou Felipe Neto, ou mesmo os IMS), portanto, como supostos investidores, sem abrir (seja pelo elevado preço das ações, seja por outro qualquer motivo), até mesmo pela definição de "S/A de capital fechado", o clube não seria aberto para o público, vale dizer, para a grande massa dos seus torcedores e simpatizantes. O povão, nós, torcedores comuns, continuaria a chupar o dedo". Assim, "Cardeais", "Coronéis", "Baronato", "Turma dos Velhos Broxas", qualquer que seja a denominação que se escolha para definir os "acionistas" ou "investidores", o fato é que, no Botafogo, "tudo continuaria como dantes no Quartel de Abrantes";

b) como disse anteriormente, já defendi a tese da separação do futebol do clube social, mediante a criação de uma Cooperativa de Turismo e Lazer, que encontra previsão na legislação brasileira (Lei nº 5.764/71, que contempla o futebol como um dos segmentos ligados ao turismo e ao lazer), pelas peculiaridades da "Cidade Maravilhosa" e do próprio Estado do Rio de Janeiro. No post que escrevi (veja em algum lugar, aqui no CB), justifiquei o porquê da defesa, inclusive, sugerindo que a Cooperativa poderia atuar como uma espécie de "mantenedora do time de futebol". No artigo, ficou bem claro que não se tratava de uma "Gatoperativa de Futebol", como se apresentou, no passado, a malsucedida "Cooperativa de Trabalho do São Cristóvão", cujos resultados negativos todos conhecem;

c) sociedade limitada (LTDA), também não se prestaria nem para o saneamento (a curto, médio e longo prazos) das finanças do Botafogo, pois se  essa modalidade societária (que já encontra previsão na Lei Pelé, inclusive), de há muito, os "donos do Botafogo" já teriam adotado a solução simplista, por óbvio, já que continuariam a mandar no clube e, como sempre, os torcedores comuns continuariam a "chupar o dedo". Some-se a isso, o fato de que não acredito que os "Cardeais de General Severiano" possuam "bala na agulha" para pagar as contas do clube. 

Em resumo: Defendo a separação do futebol, do clube social. Mas não defendo em criação de nenhuma das modalidades societárias e/ou associativas apontadas (S/A, LTDA ou Cooperativa), como soluções para o Botafogo. Isso não significa, contudo, que eu não defenda, por exemplo, a criação de Cooperativas (de Turismo e Lazer e de Crédito), por torcedores, desvinculadas do clube, para dedicar, na condição de mantenedora, mediante convênios/contratos de parceria, dedicar as sobras para o futebol, bem como a criação de um Consórcio Societário composto por Botafogo, Fluminense, Vasco (os grandes e principais devedores) e demais clubes do futebol carioca  (todos os pequenos, deixando de fora apenas o Flamengo, por motivos óbvios), para, além de atuar como uma espécie de "Clube dos Treze", também desenvolver ações voltadas para o segmento turismo e lazer (fonte inesgotável de recursos) e, principalmente, disponibilizar a sua conta bancária em processos de execução (penhora on line). Este assunto daria um bom debate.