Cara, a mídia realmente tem má vontade com o Botafogo. Isso tem em parte a ver com o fato de termos despencado para o ostracismo desde que esse bendito milênio começou. Não há mais jornalistas esportivos botafoguenses quase, coisa que já teve muito pelo menos nos jornais e TVs do Rio. A equação é simples. Nossa torcida não se renovou nas últimas décadas. Fora do Rio não somos mais vistos como grandes, queiramos ou não aceitar. A mídia paulista hoje é a que hegemoniza a cobertura do esporte e, dentre os clubes cariocas, engole o Flamengo (porque não tem escolha) e despreza o resto. Essa rivalidade interestadual ainda tem muita força, como se viu nas "previsões" sobre o confronto com o São Paulo. 

Talvez uma opinião impopular, mas acho nada a ver essa cisão da Libra e a troca do Grupo Globo pela Record, Cazé TV, Disney+, Amazon e sei lá mais pra quem essa tal LFU vai ratear a venda de direitos de transmissão por plataforma e segmento de mídia.

Podemos até faturar mais (se bem que abriram mão de 250 milhões a mais que o SBT havia oferecido), mas isso vai prejudicar nossa torcida de várias formas, desde termos que assinar vários serviços para não perdermos os jogos caso não possamos ir ao estádio toda semana, a lidar com o óbvio fato de uma rede de TV paulista nos ignorar solenemente. O único interesse da Record é transmitir o máximo possível de jogos do Corinthians e será essa a escolha deles a cada rodada, de vez em quando cedendo aos apelos dos outros grandes da Liga Forte. Acho bom torcermos para o Corinthians ser rebaixado, o que parece cada vez menos provável. Faremos o quê? Vamos assinar quantos streamings, pra ficar assistindo transmissões com delay ainda por cima?

Mal ou bem, o Grupo Globo é o único gigante brasileiro de mídia sediado no Rio de Janeiro, a casa do Botafogo desde sempre (isso de torcida nacional pouco importa, já que não somos populares em lugar nenhum de SP). Sem jogos nossos para transmitir, qual o interesse deles em manter podcast, setoristas, página especial no website do GE etc.? Certamente eles não estão nem um pouco contentes com o fato de o Textor chegar e bagunçar o acordo que eles já estavam engatilhando para os próximos anos, agora tendo que dividir os direitos de cobertura do futebol brasileiro com tantos concorrentes. Já não temos boa vontade do UOL, não esperem boa vontade dos jornalistas cariocas. Afinal, onde mesmo eles estão quase todos empregados?

Acho que o Textor não sabe ainda como funcionam as contradições do Brasil e suas rivalidades regionais. Não ajuda ele estar cercado de forasteiros no comando da SAF Botafogo. Ele deveria pensar também na comodidade do torcedor botafoguense, afinal de contas seu cliente. Será que ele sabe que esses canais pra quem ele vendeu os direitos dos jogos no Nílton Santos não têm um décimo da expertise, da tecnologia e da experiência da Globo e do Sportv/Premiere em realizar transmissões de esporte de alto rendimento? Eu pelo menos não vejo com bons olhos nenhuma dessas manobras. Pode-se ganhar muito aqui e se perder muito lá na frente.