Vou pedir permissão ao autor do tópico (ELramo) para manifestar minha modesta opinião sobre o que penso acerca desse imbróglio denominado CT/Espaço Lonier, em razão de, a quando e quando, mantermos interlocuções via e-mails, sobre o futuro do nosso Botafogo.

Antes, ELramo, seja-me permitido transcrever o que acabo de ler sobre o assunto, traçando paralelos entre o que está acontecendo no Vasco e no Botafogo.

CT DO VASCO: 

“Quando tive no ano passado, essa coisa não acontece da virada para a noite do vida. Não deu certo. Hoje estamos rindo e brincando, faz parte do futebol. O Vasco está começando um pontapé. Estou feliz de estar dentro de um centro de treinamento, que é um avanço. É o ideal? O São Paulo, que o Pássaro trabalhou, começou com um barracão. Depois passou a ter o melhor centro de treinamento do Brasil.

Depois a gente tinha um alugado com vestiário acanhado, o campo alagava. Hoje você tem a sua sala, o departamento médico é totalmente diferente. Você vê uma evolução. Conquista de um CT é muito grande para o clube.

Você não consegue trazer tudo isso da noite para o dia. São coisas gradativas. O que tem de entender é que o Vasco é para Top-6. Isso o Campello quer, o Salgado quer, o torcedor quer. Vasco tem um estádio. Se remodelar igual ao do Athletico Paranaense, vira arena modelo igual ao do Palmeiras. Queria falar disso porque eu trabalhei da montagem, das conversas (sobre o CT). Quando chego aqui e participei das primeiras reuniões, eu falo: ´Opa, temos um local para trabalhar´. Tudo isso é uma conquista” (Luxemburgo).

CT DO BOTAFOGO: 

“CT: se fosse o banco, já teria tomado esse CT, então é melhor devolver (aos irmãos Moreira Salles), eles colocam numa fundação ou no que for e tocam a obra, vão emprestar ou alugar para o Botafogo lá na frente. Eu, ganhando a eleição, no dia seguinte vou sentar com os irmãos e conversar sobre o que precisa ser feito, que é devolver o terreno e eles gerenciarem não só a obra, como a manutenção.

O CT está parado, já foram plantadas gramas em três campos, mas nada de obra foi feito, porque o Botafogo não tem dinheiro, e os irmãos Moreira Salles, que queriam ajudar, saíram por divergências que tiveram. Tenho que retomar a conversa com eles ainda. Eu vou ter o plano B, já estou em negociação pra gente alugar e dar condição pra base, mas o nosso CT mesmo ainda não tem novidades. (Durcésio) 

Como se vê, entre o que acontece no Vasco e no Botafogo há uma diferença abissal de mentalidade, ou seja: Enquanto no clube cruzmaltino (que conseguiu do poder público apenas uma área, um terreno tipo “terra arrasada”, quase um “lixão”, mal comparando) o fato foi tratado com seriedade e euforia, mas com os “pés no chão”, e, com o envolvimento dos torcedores, os quais “meteram a mão na massa”, “arregaçaram as mangas” e ali, aos poucos, dá-se início à construção de um verdadeiro centro de treinamentos, o que acontece no Botafogo?

Aqui, no nosso Botafogo, sucedeu-se, exatamente o contrário: o clube conseguiu, através de dois ilustres torcedores (irmãos Moreira Salles), por uma pechincha e com prazos de pagamentos a sumir de vista, não apenas uma área vazia, mas toda uma estrutura pronta, já funcionando (Espaço Lonier), que, com adaptações que poderiam ser feitas aos poucos, paulatinamente; onde já existia um campo de futebol que poderia estar sendo utilizado, e o resultado todos conhecemos: por incompetência, vaidades, má gerência e má vontade, agora, fala-se em devolução do imóvel para quem detém o seu domínio!

Responda-me, meu caro Elramo: A situação em questão é, ou não é, caso para nos sentirmos melancólicos?

Assim, quando, em situações que tais, falo que “é de rir-se”, não o faço por mero deboche (como muitos pensam), mas porque se a mentalidade de que administra o Botafogo não fosse engraçada, diria, até, que é uma desgraça!

O que tenciono dizer com tudo isso é: no caso específico do Centro de Treinamento, não seria melhor se, ao invés de quem está à frente da gestão que se inicia quebrar a cabeça para encontrar uma fórmula de devolução do imóvel, fazer o simples? Penso que sim.

E o que seria o simples, no caso? A resposta é clara, claríssima: Valorizar o que já tem em suas mãos – jamais devolver um sonho conquistado a duras penas! Para tanto, talvez o melhor caminho seria fazer o óbvio ululante: Como nesse mundo nada se cria, mas tudo se copia, ENVOLVER A TORCIDA NO PROCESSO DE RETOMADA DA CONSTRUÇÃO E PAGAMENTO DO CT. Simples, assim. Reaproxime os torcedores ao clube; assim como fez o Vasco, encontrem mecanismos capazes de envolver a torcida na construção paulatina e nos pagamentos da pechinha do financiamento (merreca de 36 mil reais/mês) – o que poderia ser feito, por exemplo, com a criação de um Plano de Sócio-Torcedor com direito a voto, com destinação de conta separada e específica para tal finalidade.

É o que penso, modestamente. Fico por aqui e só observo o que vem por aí...