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Garrincha


Em 17/02/2020 às 21:28

 PARTE 11- MARCAÇÕES INDIVIDUAL E COLETIVA

 

Não há a menor chance de vitória para um time que não marca e para isso ser feito de forma bem-sucedida, dois tipos de marcações coletivas, somadas a individual, devem ser praticadas.

Marcação não é um conceito restrito a zagueiros, laterais e volantes, mas o fundamento principal do sistema defensivo.

A marcação exige inteligência, percepção da jogada e conhecimento das posições dos companheiros e adversários no lance, conhecimento de jogadas básicas do adversário e total concentração no jogo e o sincronismo adequado para as coberturas a serem efetuadas.

Dentro de campo, a cada momento, 10 confrontos ocorrem simultaneamente e quem vencer a maioria desses confrontos, estará mais próximo da vitória.

 

11.1 – MARCAÇÃO INDIVIDUAL

A marcação homem a homem não é a adequada para ser a adotada de forma permanente por uma esquipe, pois a movimentação do adversário e o mesmo sendo acompanhado por seu adversário, irá causar uma falta de sincronismo no setor defensivo, abrindo buracos que concederão espaços para lançamentos e infiltrações do adversário e lhe oportunizando finalizações. Ela deve ser restrita a situações específicas, notadamente diante das bolas paradas, quer sejam faltas ou escanteios.

Essa marcação é exercida em cima daqueles adversários mais hábeis e criativos, cuja a concessão de espaço e tempo para pensar lhe outorga a supremacia no lance, o que certamente será fatal. É preciso saber quem são os cabeças pensantes e articuladores do adversário, para lhes anular e a marcação individual dos mesmos é a mais adequada estratégia defensiva a ser executada

É muito comum e gravíssimo erro no meu entender, encurtar a marcação e depois de a reduzir quase que a um corpo a corpo, voltar a conceder espaço aos adversários, como é comum, principalmente aos nossos laterais. Nesse tipo de marcação, é importante distinguir subitamente qual o pé está sendo usado como apoio pelo adversário, pois este não oferece perigo, já que está preso no gramado, mas sim aquele que está livre e irá processar a ação dobre a bola. O marcador deve se posicionar de modo a nunca conceder ao adversário a possibilidade do drible para dentro da área, mas o forçar a se tentar a jogada individual, só ter o pior caminho para seu intento, que são as laterais.

Quando eu jogava futsal, era ala direita e normalmente era marcado e marcava os alas esquerdas adversários e todos que jogam futebol sabem que os canhotos são mais hábeis que os destros. Por conta disso eu me posicionava em suas marcações só lhes dando espaço pelo lado da linha lateral e se aplicassem um drible, fatalmente sairia com a bola pela mesma. Por outro lado, apesar de destro, trenei muitos fundamentos e nos meus coletivos individuais de aprimoramento e/ou aquisição dos mesmos, eu procurava usar a perna esquerda e dessa forma desenvolvi uma boa habilidade com ela e quando me via na situação de encurralado na lateral, passava a bola para a perna esquerda e no momento que o pé direito do meu marcador passasse a ser o seu de apoio, eu driblava para cima dele e aí só restava me agarrar. Isso requer um sincronismo que se adquire com constantes treinamentos.

Em todo caso, os defensores contam com ferramentas que podem e devem ser usadas, mas de forma inteligente, que é a falta: uma é muito sutil e sem risco de punição com cartão, que vem a ser o tranco corporal e a outra a obstrução, mas falaremos mais adiante sobre ela.

Assim, eu acredito que a marcação por zona deve ser a tônica defensiva de um time, com passagem para a de homem a homem em determinadas situações e imperativa de ser individual, curta e intensa sobre as peças chaves do adversário, não lhes dando espaço, leitura do lance que está ocorrendo e nem tempo para pensarem.

Muito importante na marcação individual e conhecer seus adversários e seus repertórios de dribles, pois a forma como executam é que vão lhe indicar o melhor posicionamento para o confronto.

É muito importante que se coloque com o corpo voltado para sair direto para o lado em que ele executa o drible, pois assim terá como permanecer, mesmo que sem a posse da bola, mas não completamente batido e ainda participando da sua marcação, pois se ele sair e você ainda tiver que girar o corpo, já estará para trás e vencido no lance.

Vamos imaginar o Messi que se posta no franco direito e todo mundo sabe que não irá driblar para o lado da linha lateral, mas na diagonal e na direção da boal. Então seu marcador deve colocar o pé esquerdo a frente e com o corpo na diagonal e seu pé direito voltado para trás de forma que quando ele executar o movimento de diagonal, você possa acompanhar e permanecer entre ele e a linha de área.

O inverso deve ser no caso de um atacante que jogue pelo franco esquerdo.

Nunca se marca ninguém frente a frente, pois assim abre possibilidade de enfiarem a bola entre suas pernas e arrancarem sem você poder acompanhar e ser forçado a uma falta que irá ser punida no mínimo com cartão amarelo.

 

 

Algumas condutas são fundamentais no exercício da mesma:

- POSTURA: o corpo deve se posicionar com o quadril um pouco abaixado, para que possa executar o movimento rotatório da cintura de forma mais ampla possível e jamais ficar de frente para a bola, pois se for driblado não terá como se recuperar no lance, mas sempre se posicionar de lado para a bola, pois  assim sempre poderá acompanhar o drible e até encurtar a distância num segundo momento. O conhecimento se o seu adversário é destro ou canhoto e seus dribles característicos devem ser conhecidos pelo marcador e no caso dos ambidestros, sempre se preparar para o drible para cima do seu pé de apoio. O posicionamento do marcador deve sempre considerar com que pé o adversário está dominando a bola e se posicionar de acordo com a postura dele, de modo que possa acompanhar o drible e não ser ultrapassado, pois se isso ocorrer, além de lhe dar espaço, concede ao adversário uma vantagem numérica e 80% dos gols marcados apontam uma desvantagem numérica do sistema defensivo..

 

- BOTE: o bote é uma faca de dois gumes e só deve ser aplicado na certeza de que se terá sucesso, pois se for driblado, não será possível recuperação e colocara o sistema defensivo irremediavelmente batido diante da vantagem numérica que o adversário terá e quase que com certeza sofrerá gol.  O bote é sempre uma ação arriscada e jamais deverá ser dado em contra-ataques do adversário, pois a falha do mesmo nessa situação, fará com que a vantagem numérica do adversário seja colossal e o aconselhável e só o executar na certeza que seu setor defensivo está perfeitamente postado. O bote deve ser dado a uma certa distância, porém dentro da área de ação que permita o defensor ser bem sucedido e no momento em que o adversário não estiver em contato com a bola. Na realidade todo e qualquer momento que o adversário estiver com o domínio da bola e a mesma em contato com o seu pé, é crítico para o marcador.

 

- ANTECIPÇÃO: a mesma para ser efetuada de forma bem-sucedida, necessita mediante o desenho do lance, se ter a percepção por inteiro do mesmo e a consciência de que é um risco enorme efetuar a mesma e não ser bem sucedido, pois se passar da bola ou o adversário com o corpo o tirar da trajetória, impedindo que se faça o desarme, proporcionará uma situação magnífica de vantagem numérica para o adversário. Para a executar, você tem que estar ligado em quem está marcando e no adversário que está com a bola e se movimentar para sua execução no momento em que perceber que o passe será dado e se colocar em vantagem em relação a quem está marcando. Jamais se permita ficar colado a esse atacante e quando ele jogar as suas costas sob seu peito e sentir que se apoiou no mesmo, levante os braços e se movimente rapidamente dois ou três passos para trás, pois ele perderá o equilíbrio, cairá e a arbitragem verá que foi uma cavada de falta e até cartão amarelo por simulação lhe dará, sem contar que o adversário sabendo que tem esse recurso técnico de marcação, não irá tentar novamente, com receio de um segundo cartão amarelo.

necessita de percepção do lance, mas é sempre um risco a assumir, pois se bem-sucedido, nas maiorias das situações lhe abre caminho para contra-ataques, porém ser for malsucedido, coloca seu sistema defensivo em situação crítica. Não pode ser executado com seu corpo colado ao do adversário, pois se assim for, ele pode lhe impedir com os braços e pior ainda, se girar e com domínio da bola, se livrar de sua marcação. Assim, tem que estar ligado não só em quem está marcando, mas também em quem está com a bola. Quando se perceber que o passe será dado, você tem que se postar em situação de vantagem sobre o seu adversário, de modo que chegue na bola na antes dele.

 

- INDUÇÃO: é uma ferramenta muito utilizada para diminuir a velocidade de contra-ataques do adversário e com malandragem ir lhe conduzindo, sem que perceba, para as laterais do campo, ganhando tempo para que seu sistema defensivo se recomponha, além de restringir ao adversário ao passe lateral e jamais o vertical e em último caso, se perceber que a probabilidade do adversário marcar gol é muito elevada, de aplicar a falta tática e a menos arriscada de todas é a obstrução, pois não se caracteriza pela violência. Aqui o falso bote deve ser aplicado uma e até duas vezes, pois o objetivo é tirar a velocidade do contra-ataque do adversário e permitir o restabelecimento de seu sistema defensivo. Essa técnica é imperativa a quem joga, principalmente de volante e dos laterais.

e – Falta tática: essa prática, muitas vezes com plasticidade que impõe receber cartão amarela, pode e deve ser praticada sem violência, em algumas situações que são comuns nos jogos, pois é melhor a punição que não seja excludente do jogo para não dar vantagem numérica ao adversário e eminência de gol. No caso de já ter tomado um cartão amarelo e o segundo ser excludente, essa não é uma boa solução, a não ser que impeça uma volta do adversário ao jogo com redução ou até mesmo alcançar o empate, Se a vantagem no placar é de 3 ou mais gols, restar pouco tempo de jogo e o próximo adversário for menos qualificado é plausível tomar o segundo cartão amarelo e ser expulso. É necessário que se tenha conhecimento prévio e consciência desse tipo de situação.



LUIZ SERGIO CUNHA

 
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