O Brasileirão começou com nove clubes dirigidos por treinadores estrangeiros: Atlético, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Flamengo, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos. Então, o Cuiabá estreou o português Antonio Oliveira na 11a rodada e, a partir daí, o número começou a descer. Caíram Antonio Mohamed, Gustavo Morínigo, Paulo Sousa, Alexander Medina e Fabián Bustos.
Agora são só cinco.
Não é importante a nacionalidade, mas entender por que o Brasil contrata e demite tão rapidamente. Porque contrata por repercussão e demite por pressão.
Dizem que os clubes europeus, dirigidos por novos empresários internacionais, aumentaram o número de trocas de treinador. Não é verdade. Como exemplo, o Campeonato Inglês teve nove mudanças na temporada passada, quatro na retrasada. Em 1994, houve dez trocas. O número sobe e desce, mas não passa de onze, doze... Isto vale para a Itália, Espanha, Alemanha.
No Brasil, foram 22 trocas na temporada passada, 25 na retrasada, já são 15 nas primeiras 22 rodadas do atual Brasileirão.
Qual é o problema? Óbvio.
Quanto mais tempo de trabalho bom, mais chance de o clube ter mais jogadas ensaiadas, mais chance de conhecer as características dos jogadores, de criar alternativas táticas diferentes, para jogos diferentes.
O técnico não é a única razão de sucesso ou fracasso de um clube. Outra razão clara: o clube. Jorge Jesus deu muito certo no Flamengo de 2019 e, talvez, não desse certo se chegasse em 2016, quando a estrutura ainda não estava consolidada. Desde sempre. Telê Santana foi demitido do Palmeiras em 1990 e alavancou o São Paulo, onde chegou no mês seguinte. Naquele tempo, o São Paulo era muito mais formado como clube.
Mas aqui se pensa no treinador como a procura por um milagre.
Ele não existe. Deus não tem nacionalidade.
Técnico, no Brasil, é demitido, sendo gaúcho, paulista, carioca, argentino, espanhol ou português.
O que precisa mudar é a capacidade de quem contrata e o respaldo para quem foi contratado.