A imagem que fica é a do semblante sempre, sempre calmo, muito sereno, com um leve sorriso no rosto.

Nunca vi o Jorge gargalhar. Também nunca o vi carrancudo, era sempre a mesma face reflexiva, alegre mas sutilmente feliz.

A fala mansa e segura de quem tinha sob o seu comando três vidas pra cuidar.

Um amor inabalável pela Leila, o cuidado paternal absoluto da Gabi e da Juju, aquele orgulho de ser Botafogo!

Jorge era linear. A última vez que estivemos juntos foi em seu escritório no centro do Rio. Em vez de esbravejar ou falar alto, em vez de revolta ou rancor, Jorge simplesmente me pôs a par da sua visão sobre a crise que estamos vivendo, com a mansidão de quem narra um jogo de damas numa pracinha qualquer.

Quando a Leila esteve sob cuidados num hospital em São Gonçalo, eu vi um homem pragmático, sereno, impávido diante de uma gravidade que levaria ao desespero qualquer outro homem neste mundo. 

Mas não o Jorge!

Ele era assim. Super pai, hiper amigo, incrivelmente seguro de tudo.

Ainda não caiu a ficha que isso aconteceu. Parece que a qualquer momento a Leila vai dizer:

- Stene, é brincadeira, você acha que o Jorge ia sair assim da nossa vida? Jorge está bem!

A partida dele é dessas que faz a gente refletir sobre a imprevisibilidade da vida e das vezes que a injustiça parece aplicar em nós um desses castigos com alguma intenção que não podemos compreender.

É inexplicável essa sensação.

Eu só tenho a certeza de que um dia, nosso senhor Jesus Cristo sofreu a dor que nenhum outro homem experimentou, pra nos dar a certeza da ressurreição.

O que Jesus passou não foi em vão, então eu creio, com absoluta fé que estaremos juntos novamente.

Mas vai ficar um enorme vazio daquele amigo de todas as horas, do pai e do esposo Jorge Horácio.

Eu não direi o que sempre dizem, as frases de praxe que vocês conhecem bem, me recuso. Eu farei diferente.

- Pô, Jorge, segura a onda aí que a gente já se encontra, é rapidinho! Rapidinho!

Certa vez eu ia passando distraído no centro do Rio, na Senador Dantas, quando ouvi uma voz dizer:

- É você que é o Stemp?

Eu parei, olhei e vi que era o Jorge... Dei um abraço nele que vai ecoar eternamente em minha lembrança!

Um dia aquele abraço vai se repetir... Vai sim! Eu sei que vai!

Por que eu tenho esta certeza?

Porque Deus guarda pra todos nós a reedição de nossos melhores momentos, como uma forma de nos presentear pela nossa fé!

Não sei como vai ser, em que circunstância, em que dimensão nem quando, mas um dia... Eu vou estar distraído e nós estaremos juntos novamente!

Não sei no que você crê, mas eu acredito na ressurreição e cara... Esse dia vai chegar e nós estaremos juntos sim, outra vez!

E pra você, meu amigo, vou guardar o meu melhor abraço!

Alô Jorge Horácio, onde quer que você esteja, aquele abraço e se espirrar, SAÚDE!!!