Com todo o respeito aos demais comentários, este foi o que mais me chamou a atenção. Simplesmente genial.

E por que é genial a proposta? Antes de responder a pergunta, transcrevo a fala do Rogério Ceni, após o jogo contra o Inter-RS:

“Eu trabalhei no São Paulo durante tantos anos e é um clube de massa, de presença do torcedor. Mas aqui, assim, é uma atmosfera diferente. Ser Flamengo… Primeiro, eu não tenho um conhecimento muito grande do Rio de Janeiro. Tinha menos ainda antes de vir morar. Mas você vê que isso é uma razão de vida, principalmente essa parte da cidade onde existe uma pobreza maior, onde a única vitória que muita gente tem aqui é a vitória do Flamengo. É muito mais uma inserção social, é você estar inserido naquela tribo, naquele grupo que tem como Flamengo a vitória da sua vida. A vitória do Flamengo é a grande vitória que é possível ele ter na sua vida. É especial e diferente poder trabalhar aqui”, declarou. 

Agora, vamos mergulhar na vastidão de adjetivos utilizados por nós, botafoguenses, para definir o que o Flamengo e a torcida do rubro negra:?

"Flalixo, Molambos, Favela, Urubus, Macumbeiros, Time do Aterro, Favelados, Time do Mal, Torcida de Bandidos, Bandidagem etc.".

Ou seja, tudo que sirva para menoscabar, menosprezar, humilhar, colocar a torcida flamenguista à margem da sociedade; toda sorte de discrinação a quem torce para o Flamengo, para nós, botafoguenses, é agir politicamente correto, porque, em relação a eles, somos superiores, socialmente superiores; fazemos parte da elite; pertencemos a uma casta superior. 

Não bastasse tudo isso, ainda difundimos a ideia de que "torcer contra o Flamengo é obrigação de todo torcedor. Primeiro temos que torcer CONTRA o flamengo e somente depois é que vamos nos preocupar em torcer para o nosso time - ou para qualquer outro. O importante é que a torcida flamenguista não faça parte da nossa posição social (afinal, somos "diferenciados"). Eles de lá, nós de cá. Somos como água e óleo que não se misturam, nunca!

Ora, será que ninguém atenta para o fato de que tudo que o Flamento mais deseja é que a sua torcida seja humilhada, tratada com discriminação social? Será que ninguém percebe que, quanto mais humilhamos a torcida do Flamengo, mais o clube se sente amparado por uma imensa massa de gente que se sente desprotegida e que, por isso mesmo, enxerga no clube para o qual torce a razão de ser para vencer quem se julga superior? Será que ninguém percebe que, agindo assim, estamos dando tiros nos nossos pés? Tudo que o Flamengo mais deseja é o "falem mal, mas falem de mim!" Ou seja, quanto mais falar mal do Flamengo, mais o Flamengo cresce. Quanto mais falarmos sobre o Flamengo, mais IBOPE estaremos dando ao Flamengo.

Isso é tão obvio que vou confessar algo que nunca falei aqui no Canal Botafogo: Querem saber, na verdade, o que machuca este chato e ranzinza Nicanor? O que me deixa chateado não são os xingamentos, as brigas, impropérios, baixarias, discussões, verborragias ou apelidos a mim dirigidos quando escrevo um post ou comento algo sobre publicações de outros foristas. Nada disso. O que me deixa furioso, chateado, é ser visto como se eu não existisse. Omitir-se, fazer de conta que o Nicanor não existe é o que me deixa chateado. Sabe por que? Porque tratando-me com desprezo, ou omitindo-se a tecer qualquer comentário aos meus textos, deixando de ler o que escrevo, o forista TORNA INVISÍVEL o Nicanor.

A pior humilhação que o ser humano pode sofrer na vida não é ser destratado; é ser considerado como se não existisse! Se isso se aplica ao homem, também se aplica a qualquer time de futebol ou a qualquer empresa.

Se é que me entendem, eis o porquê da genialidade do colega.