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  O TIME DO CAMBURÃO: O BOTAFOGO DE 1977/78

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Garrincha


Em 09/06/2020 às 14:33

 O TIME DO CAMBURÃO: O BOTAFOGO DE 1977/78

Plínio Perrotta @PlinioPerrotta

Depois de falar sobre a Selefogo de 71-73, hoje vamos relembrar outro esquadrão botafoguense dos anos 70 que alcançou a maior sequência invicta do país. Agora, já de Marechal Hermes e não mais de General Severiano.

Após perder posse do Estádio de General Severiano, o clube foi obrigado a se refugiar no bairro suburbano de Marechal Hermes, onde em 78 inauguraria um estádio simples, com arquibancadas de madeira. Mesmo com dificuldades financeiras, conseguiu formar um time forte e competitivo.

Responsável pela venda da sede, o pres. Charles Borer era conhecido por ser linha dura. Ex policial e membro do SNI, era irmão do delegado Cecil Borer, conhecido torturador e diretor do DOI-CODI. Não possuía relação sentimental com o clube, mas isso é assunto para outra thread.

Para a temporada de 77 chegaram jogadores como Perivaldo e Dé. Garotos como Mendonça e Nilson Dias começaram a ter cada vez mais chances e o craque Paulo César, o Caju, voltou, trocado com o Fluminense pelo também ídolo Marinho Chagas. Com ele também veio "Búfalo" Gil.

Charles Borer continuou contratando. Na tentativa de cumprir sua promessa de montar o melhor time do país, trouxe do Vasco o talentoso zagueiro Renê. O presidente alvinegro chamava o time de imbatível, como bem mostrou uma capa do Jornal dos Sports de então.

Por contar com jogadores considerados "rebeldes", o time acabou ganhando seu apelido após o radialista Deni Menezes, da Rádio Nacional, quando esperava a chegada do time antes de um jogo no Maracanã abriu o microfone e chamou: "acaba de chegar ao Maracanã o Time do Camburão":

“E de fato, aquele elenco tinha personalidade. Treino de manhã? Esquece! Somente depois do meio dia. Ninguém ali queria acordar cedo. Há ainda a lenda de que alguns jogadores viajavam armados e que então fez com que a diretoria tentasse enquadrar o elenco” - Luiz Antonio Simas.

Mesmo vencendo o Torneio Início, o time fez um carioca de pouco brilho, terminando os dois turnos em 3º e 4º. O Botafogo começou o brasileiro, (chamado de Copa Brasil) com Danilo Alves no comando. O 4º de 5 técnicos que a equipe teria naquele ano.

No Brasileiro, no entanto, os ventos mudaram. O time foi líder do seu grupo na Primeira Fase de forma invicta, classificando-se ao lado de Vasco, Goytacaz, Brasília e Americano.

Na Segunda Fase, já com Zagallo como técnico, o Botafogo voltou a liderar sua chave com 2 vitórias (derrotando Fluminense e CSA) e 2 empates, classificando-se juntamente com Operário de Campo Grande e Botafogo-SP para a Fase Final.

O jogo que garantiu a classificação foi uma vitória de 3-1 contra o CSA no Maracanã, com dois gols de Mendonça e com Paulo César "só não fazendo chover" como apontou a crítica especializada.

E por favor, senhoras e senhores, como jogava Paulo César Caju, diga-se de passagem, o craque daquele time.

Na Fase Final, o Botafogo se juntou à Bahia, Atlético-MG, Cruzeiro, América de Natal e Fast Clube no Grupo T, já em Janeiro de 78. A estréia foi contra o Bahia na Fonte Nova e, sem Caju contundido, o jogo terminou 0-0 após um controverso gol de Nilson Dias ser anulado.

Após derrotar o América de Natal, no Maracanã, as atenções já se voltavam para o principal confronto da chave contra o Galo. Zagallo contava com a presença de PC no jogo mais importante do campeonato.

Mais de 107 mil pessoas compareceram no Maracanã para assistir um empate sem gols, mesmo com mais uma atuação magistral de Paulo César.

Mesmo tendo que ir à BH e derrotar o Cruzeiro, além de secar o Galo, Zagallo acreditava em seu time esbanjando confiança na véspera. E não estava errado. Com mais um show do craque Paulo César, o Botafogo ganhou de 3-0 em pleno Mineirão.

Após surpreendente derrota do Vasco em São Januário para o Londrina, diante de 40 mil pessoas (maior público da história do estádio cruzmaltino), o Botafogo era o único carioca ainda vivo no campeonato, como mostrou a capa do Jornal dos Sports, do dia 20/02/78.

O gol anulado contra o Bahia e as chances desperdiçadas contra o Galo fariam falta. O Botafogo enfrentaria o Fast na rodada final precisando vencer seu jogo e torcer para que o Bahia não perdesse em Minas para os atleticanos.

O Botafogo até fez sua parte, mas não foi suficiente. Mesmo derrotando a equipe amazonense por 3-1, foi eliminado com a goleada atleticana por 4-0 contra o Bahia. Ainda que invicto no campeonato todo, o clube não chegaria às semifinais.

O Galo acabou derrotando o Operário de Campo Grande e se classificando à final contra o São Paulo. Por ter melhor campanha, o Galo teve o direito de sediar o jogo único da final no Mineirão. Mas após um empate sem gols, acabou derrotado nos pênaltis.

Aquele Botafogo ficaria sem perder até o dia 16/07/78, inteirando 52 jogos de invencibilidade e estabelecendo a maior seqüência invicta do futebol nacional e do próprio campeonato brasileiro (42 jogos).

Mas como bem resumiu Dé, uma vez, mesmo se tornando recordista, os tantos empates acabaram atrapalhando o time. Em 78, um mísero ponto separou o Botafogo das finais, que acabaria sendo vencida pelo Guarani.

Aquele Botafogo de 77/78 tinha time e totais condições de ser campeão, mas acabou traído pela própria história que escreveu...

elramo

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Garrincha


Em 09/06/2020 às 14:39
 

Botafogo 3 x 0 Cruzeiro
 
https://youtu.be/TRiMXG6hQR0 
 


mirandafac

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rio de janeiro/RJ

Garrincha


Em 09/06/2020 às 15:57
 

elramo disse:
Botafogo 3 x 0 Cruzeiro
 
https://youtu.be/TRiMXG6hQR0 
 

"Jogava pouco" esse PC Caju!


elramo

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Garrincha


Em 09/06/2020 às 17:07
 

Era época de Marechal Hermes. Frequentei muito aquelas arquibancadas de madeira. A série invicta foi sensacional, apesar dos inúmeros empates. Terminou com uma derrota para o Grêmio, em pleno maracanã, com gol do Renato Sá, que depois jogou no Botafogo...

Macae fogo

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Nilton Santos


Em 09/06/2020 às 19:07
 

O time titular era Zé Carlos, Perivaldo, Osmar, Renê e Rodrigues Neto. Luisinho, Mendonça e Paulo César. Gi, Nilson Dias e Dé. Era um timaço. Ainda tinham Manfrine, Mário Sérgio e Carbone.

 
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