Concordo contigo a respeito do trabalho da Ernest Young sobre a seriedade e prossionalismo que realizou (e realiza, como todos sabem) em assuntos que tais. Não discuto a competência e nem o grau de zelo daquela assessoria. Trata-se, simplesmente, do que temos de melhor no País. Bem por isso, não ousaria (porque me faltam conhecimentos técnicos para provar o contrário e também porque não posso criticar um trabalho técnico sem conhecê-lo, a esmo, por óbvio. 

De qualquer modo (e aqui, repito, não estou a criticar o que foi apresentado ao Botafogo pela empresa contratada - Ernest Young), quando falo em Cooperativa para gerir um clube de futebol refiro-me a uma Cooperativa de Turismo e Lazer - único segmento que, de acordo com a Lei nº 5.674, de 16 de dezembro de 1971, que, no Brasil, define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das cooperativas, enquadra o futebol nessa modalidade de pessoa jurídica.

Em resumo (e posso estar enganado a respeito) quando disse que "só o tempo dirá se estou certo sobre o que penso sobre Cooperativas para clubes de futebol", é porque, atualmente, na condição de advogado, estou prestando serviços profissionais para um pequeno clube de futebol em Goiás e, nos meus estudos, concluí que o modelo ideal é a transformação do clube associação civil, para uma Cooperativa de Turismo e Lazer. O trabalho vem sendo desenvolvindo há oito meses. Portanto, ao contrário do que muitos pensam, não se altera uma associação civil nos moldes de clubes de futebol, para qualquer outra forma societária, sem mais, de afogadilho. Há que ter responsabilidade, zelo e acuidade nesses assuntos - sob pena de, tanto o profissional quanto o clube, correr riscos desnecessários. Nesse aspecto, assino embaixo de tudo o que o amigo tem defendido neste espaço.

Embora, mais adiante, conforme prometi, pretanda publicar um estudo sobre o assunto, detalhando-o, talvez em duas ou três partes, apenas para aguçar a curiosidade, faço as seguintes perguntas:

1) Pelo menos em tese, qual é o "carro-chefe" da economia do Estado do Rio de Janeiro e, em especial, da Cidade Maravilhosa?

2) Há alguns setores que, no Brasil, salvo raríssimas exceções, nunca "quebram": Igrejas, Escolas, Hospitais e... tchan, tchan, tchan... BANCOS! Ou não?

3) Sociedade Cooperativas são, tecnicamente, "bancos"? Não! Mas, na boca do povão, são o quê?

Bingo!

Não entendeu? Nem vou citar a hipótese de criação de uma Cooperativa de Crédito para funcionar como entidade mantenedora do clube, uma espécie de "BANCO DO BOTAFOGO", expressão aqui utilizada em linguagem vulgar, popular, como gostam de dizer os cooperativados. Ainda que, para o torcedor comum, se o clube criasse uma Cooperativa de Crédito ele diria, orgulhosamente, que "o Glorioso é uma potência porque tem um Banco" (na verdade Cooperativa) e que ele, o associado-cooperativado seria "sócio do Banco do Botafogo", isso, por sí só, já faria com que o clube passasse a ser visto pela mídia em para os torcedores em geral, inclusive os adversários, com outros olhos. Concorda?

Pois é... Mas, ante o imenso rol de possibilidades de arrecadação de uma Cooperativa de Turismo e Lazer e o restrito campo de atuação de uma Cooperativa de Crédito, para um clube de futebol, fico com o enquadramento do time no primeiro segmento (TURISMO E LAZER). Não é à toa que, no caso, ao ampliar o rol das possibilidades na lei que rege a matéria, fez-se jus ao ditado que diz: "A lei não contém palavras inúteis".

Voltarei a este assunto noutra ocasião - ou se houver alguma manifestação a respeito.

Grande abraço e desculpe-me o texto longo e chato.