DICIONÁRIO DO CANAL BOTAFOGO

Compilação de Verbetes e de Expressões Utilizadas pelos Foristas

no Canal Botafogo por Nicanor Sena Passos

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Baronato – Substantivo masculino designativo de “título ou dignidade de barão; baronia, baronagem”. No que tange ao Botafogo de Futebol e Regatas, o verbete é sinônimo de “Cardeais”, ou seja, daqueles que, seja por possuírem condição financeira elevada, seja porque detém títulos de Grandes Beneméritos, Beneméritos ou Eméritos, distinguem-se dos demais associados ao clube (sócios proprietários, por exemplo) e, mais ainda, dos torcedores não associados e dos sócios-torcedores), no comando do clube.

Bebetistas X Montenegrinos – Para reflexão: “Tanta gente se xingando, se ofendendo, dizendo cobras e lagartos uns dos outros - bebetistas de um lado, montenegrinos de outro - e, na hora agá, os dois se unem - mais uma vez (...), o que significa dizer que é bobagem discutir a política do clube, porque ela envolve muito mais interesses do que supõe a nossa vã filosofia. O que interessa, na verdade, é o Botafogo de Futebol e Regatas, o Glorioso, essa centenária instituição que sobreviverá a tudo e a todos, se as más administrações não acabarem com ela antes.” (by: forista Cesar Oliveira).

Bebeto de Freitas – Paulo Roberto de Freitas – o Bebeto - é considerado pela maioria dos foristas do Canal Botafogo como “o maior presidente da história da história do Glorioso” em razão do legado que deixou ao clube de General Severiano. Bebeto, aliás, simboliza o própria DNA da torcida botafoguense: Sobrinho de João Saldanha e primo de Heleno de Freitas, o ex presidente herdou do tio a visão de um Botafogo moderno e profissional, e do primo a paixão desenfreada e radical com que sempre tratou tudo que dissesse respeito ao clube da estrela solitária. Do tio e do primo herdou paixão pelo Botafogo e a valentia que o fazia encarar qualquer briga (dentro ou fora do campo), contra quem quer que se atrevesse a prejudicar o time que presidia. Os mandatos que exerceu no Botafogo refletiram sua personalidade forte, sua visão vanguardista e a sua luta incansável para profissionalizar o clube. Porque o Botafogo sempre foi governado por Cardeais que se aproveitaram da instituição em benefício próprio, enquanto esteve na presidência Bebeto foi o dirigente que mais sofreu forte perseguição política, que teve início por chapas oposicionistas muito antes de o mesmo assumir o cargo de presidente do clube. Durante o período eleitoral alusivo ao seu primeiro mandato, na condição de outsider, Bebeto de Freitas foi o candidato mais atacado. Apesar de ser respeitado do esporte e de trazer para o clube sua credibilidade, não foram poucos os ataques que sofreu por parte da tradicional oligarquia que dominava a sede do clube (General Severiano). E entre o clube e seus privilégios, os oposicionistas não hesitaram em optar por si mesmos. Ao assumir a presidência do clube, Bebeto de Freitas assumiu o cargo com o time de futebol sem títulos importantes e nem contratações. Herdou das desastrosas gestões de José Luiz Rolim (1997 a 1999) e Mauro Ney Palmeiro (2000 a 2002) um clube muito mais endividado dos que os seus rivais cariocas. Bebeto assumiu o Botafogo com o clube rebaixado para a série B e com salários atrasados, computadores com as informações do clube desaparecidos. Apesar disso, no ano de 2003, ano em que apenas dois clubes ascendiam à divisão principal, o Botafogo retornou à primeira divisão do campeonato brasileiro, juntamente com o Palmeiras. Bebeto de Freitas foi, ainda, o primeiro presidente de um clube de futebol no Brasil que peitou o velho sistema do “ganhar no tapetão”: Durante o seu primeiro mandato, não encampou (e denunciou) a engendrada proposta de um ex presidente do Palmeiras com a CBF para virada de mesa – prática comum na época. “O Botafogo caiu no campo e vai subir no campo”. A partir dessa declaração à imprensa, no Brasil, não houve mais mudanças de regulamento para salvar clubes de rebaixamento. Quem cai, joga a segunda divisão e sobe no campo, seguindo o exemplo do Botafogo de Bebeto. Fez mais pelo Botafogo: 1) Estrutura – Como herdou um clube beirando à falência, Bebeto dotou o Botafogo de uma estrutura mínima, mas em razão das condições financeiras em que o clube se encontrava, fez o suficiente para a equipe de campo trabalhar: Atraiu parceiros para fazer de Caio Martins o estádio único do clube na série B, tornando-o rentável e recusando a pressão para levar os jogos finais para o Maracanã, o que seria quebra de contrato para os parceiros que investiram no clube e ruim para o time, já habituado a jogar no campo de Niterói. Sucessivamente, com o Maracanã fechado, fez a funcional Arena da Ilha, em parceria com a Petrobras e outro clube carioca. Bebeto instalou na sede de General Severiano o CT João Saldanha. Com isso o time conseguiu trabalhar em tempo integral e economizar com hospedagem. Durante o seu primeiro mandato, Bebeto começou a trabalhar, dia e noite, para a aquisição do Engenhão (atual Estádio Nilton Santos), que estava sendo construído pela prefeitura do Rio de Janeiro, e que hoje é um ativo fundamental para o Botafogo. Foi o mais visionário de todos os presidentes que passaram no clube da estrela solitária; teve a visão da enorme importância de o Botafogo possuir um estádio e da oportunidade que escancarava ao clube – visão que sempre faltou aos demais clubes e que ainda hoje falta a muita gente dentro do Botafogo; 2) Ato Trabalhista/Dívidas – Durante a sus primeira gestão, o Botafogo, como de costume, encontrava-se afundado em dívidas - qualquer receita poderia ser alvo de penhora, inviabilizando o seu dia-a-dia. Para equacionar as dívidas trabalhistas, Bebeto firmou o primeiro Ato Trabalhista de um clube carioca com a Justiça do Trabalho (TRT da 1ª Região), que consistia num acordo para o clube pagar valores mensais e abater a dívida com os credores, organizados em fila; 3) Time Mania - Para equacionar as dívidas fiscais do Botafogo perante a União, não mediu esforços. Bebeto foi importante nas articulações em Brasília pela criação da Time Mania que, em linhas gerais, repetia com a dívida fiscal o mesmo sistema do Ato para as dívidas trabalhistas. Beto de Freitas foi, portanto, o precursor e idealizador do atual Profut – sistema de parcelamento de dívidas do governo federal que nasceu, anos após, com base na sua visão de vanguarda e passou a beneficiar a todos os demais clubes, que também aderiram à novidade; 4) O Botafogo representado no Governo Federal - Bebeto de Freitas foi o único nome do esporte a integrar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criado em 2003 pelo governo federal. Conseguiu o patrocínio da Petrobras, fundamental para as finanças do primeiro mandato no Botafogo; 5) Sócio Torcedor – A disputa da série B do Campeonato Brasileiro, no primeiro mandato do Bebeto, registrou um fato notável, nunca antes ocorrido no Botafogo: a torcida alvinegra abraçou o clube por meio do programa de benefícios intitulado “Botafogo no Coração” – o primeiro instituído por um time carioca a obter aceitação com o simples objetivo de “ajudar o clube” a retornar à elite do certame nacional. A torcida aceitou o desafio lançado por Bebeto e, em pouco tempo após o lançamento do programa, esgotou a venda de cadeiras no Estádio Caio Martins, como forma de apoiar financeiramente o clube, transformando o acanhado local, que também se encontrava em ruínas, numa espécie de Mini Arena e “Caldeirão Alvinegro”. Bebeto não era um presidente carismático, nem tampouco um político demagogo; não tinha papas na língua; era explosivo. Apesar disso, gozava de credibilidade perante os torcedores por que dentre outras características, era transparente e trabalhador – seu nome era “trabalho” e “lida” podia ser o adjetivo a ele aplicável; 6) Estádio Nilton Santos – Embora o Botafogo tivesse conquistado o título de Campeão Carioca em 2006, o fato mais marcante do segundo mandato do Bebeto foi a aquisição do Estádio Engenhão (atual Nilton Santos), construído pela Prefeitura do Rio de Janeiro, através de um processo de licitação em que o clube venceu concorrência pública para administrar o local por 20 anos; 8) Cia Botafogo – Bebeto nascera à frente do seu tempo cronológico e, por isso mesmo, quando a Prefeitura do Rio publicou o Edital de Concorrência Pública para concessão do Engenhão, o Botafogo já havia se preparado, de forma antecipada, para vencer o certame, com a criação da Companhia Botafogo – uma S/A pertencente ao clube. A Cia Botafogo idealizada e criada pelo Bebeto não se resumia a apenas um CNPJ como atualmente se encontra, mas para a formação de uma estrutura organizacional profissional, onde cada setor deveria ser administrado por gestores contratados para administrar o clube, colocando-o no patamar que, ainda hoje, muitos clubes brasileiros buscam atingir. A S/A que hoje ainda serve de proselitismo eleitoral no Botafogo não precisaria levar o clube a ser alvo de chacotas se quem sucedeu ao Bebeto tivesse a sua visão periférica e senso de vanguarda.  Bebeto de Freitas faleceu aos 68 anos, no dia 13 de março de 2018, durante uma cerimônia de apresentação do time de futebol americano nas dependências da Cidade do Galo, do Atlético Mineiro, em Vespasiano, Minas Gerais. Ele sofreu uma parada cardíaca e não resistiu, mas apesar de ter sido covardemente acusado de haver “furtado um broche” – suposto maior símbolo do clube, que os presidentes devem trazer sempre à lapela em eventos oficiais – deixou ao Botafogo um legado que muito dificilmente será alcançado por quem o suceder. Bebeto saiu da vida e entrou para a história como “o maior presidente do Botafogo”, desde a sua fundação.

Bom Senso – De acordo com as regras do fórum do Canal Botafogo, trata-se de “um conceito usado na argumentação que é estritamente ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes à determinadas realidades, e assim poder fazer bons julgamentos e escolhas. É um conceito fortemente ligado ao de sensatez. Como é impossível prever todas as situações que podem acontecer em um espaço de interação entre pessoas, o uso do bom senso deve ser o maior norteador de todas as atitudes e decisões tomadas como usuário do fórum quando interagindo com os demais usuários.”

Botafoguear – O vocábulo, formado por um substantivo próprio (Botafogo) a partir de dois verbos (jogar e perder) é uma deverbal, ou seja, palavras denotativa de que o time é um fracasso. Denotativa porque “botafoguear” é uma palavra que ainda não possui nenhuma classificação morfológica em língua portuguesa. Pode até não existir, nos livros de gramática, mas, perante o Canal Botafogo, para a alegria de uns e para a irritação de outros trocentos saudosistas, faz parte do vocabulário botafoguense. Apesar de o uso da expressão ter sido banido pelo Administrador, o termo é bastante comum para definir a história do clube.

Bora, Cachorrada! – Típica locução interjetiva, formada por duas palavras seguidas de um ponto de exclamação, que indica que o forista Jorge Luiz, um “otimista confesso” acabou de entrar no tópico fixo “A/D/D”.

Botafogo de Futebol e Refugos – Expressão de protesto utilizada no Canal Botafogo, por alguns foristas, tendo em vista que, constantemente o clube tem contratado atletas pernas de pau e em final de carreira, servindo apenas de vitrine para empresários da bola.

Botafoguense – Veja: Perfil do Torcedor Botafoguense.

Burrice das Burrices – A expressão (criada pelo forista Emílio) apresenta o sentido de que, em se tratando de gestão botafoguense: “Burrice financeira, econômica e técnica” – fato que ocorre, “de vez e vez”, com a repatriação de ex atletas que, depois terem sido dispensados e acionado o clube na Justiça, retornam ao Botafogo com novos contratos e altos salários. 

Burroca – Adjetivo. No Canal Botafogo, diz-se da qualidade de um treinador que nada sabe e que, durante muito tempo, a muitos consegue enganar, com esquemas táticos supostamente modernos, mas, que na verdade, quando o time entra em campo e a bola começa a rolar, o que se vê, durante o jogo, é uma equipe disposta em campo para cumprir apenas duas funções: postar-se na defesa, tocando bolas para os lados e para trás, com irritantes trocas de passes laterais e recuos para o goleiro, sem nunca atacar, visando derrota certa.